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DIARIO DA CAMARA DOS SENHORES DEPUTADOS

Discurso do sr. deputado Jayme Moniz, pronunciado na sessão de 29 de maio, e que devia ler-se a pag. 789, col. 1.°, lin. 7, d'este Diario.

O sr. Jayme Moniz: — Sr. presidente, cabe-me a palavra em circumstancias difficeis. O objecto de que vou tratar tem sido largamente discutido, e eu não possuo a riqueza intellectual dos oradores que me precederam altamente notaveis pelos seus talentos e pela sua reconhecida eloquencia. São pois muito pouco felizes as condições em que me encontro. Emtanto o assumpto é gravissimo, em si e no seu alcance. Todos o julgam da maior importancia, e assim o está indicando já a attenção da camara.

N'estas treguas partidarias em que havemos vivido, sem que as fracções politicas praticassem o acto, indecoroso, de arrear a sua bandeira (apoiados); n'estas treguas honradas em que os partidos, conservando intactos e illesos os seus principios, alliaram os seus esforços perante o altar da patria para o mais facil e prompto melhoramento do nosso estado financeiro, entendi eu que me cumpria acompanhar com o meu voto aos mais praticos e mais experimentados, sem tomar tempo á camara com a minha palavra.

Hoje porém resolvi-me a quebrar o silencio. Passa diante de nós uma questão estreitamente ligada com a liberdade. É occasião para o homem publico liberal apresentar algumas das suas idéas mais queridas.

Este negocio prende-se nas relações da igreja com o estado. É ensejo para declarar e definir convicções politicas.

Poucos ignoram, sr. presidente, quaes sejam os perigos que os destinos, o curso dos acontecimentos, as ambições dos homens, podem accumular em redor da nossa patria, se acaso nos descuidarmos de a guardar e defender.

Sabemo-lo bem. Hoje mais do que nunca devemos demonstrar, e demonstrar com factos, que somos e podemos continuar a ser nação. Para conseguir este fim, o systema é claro. Cumpre augmentar a nossa fazenda, organisar mais vantajosamente a nossa administração, acudir com força e vida aonde se revela fraqueza ou decadencia! Urge que nos façamos respeitar, que inspiremos á Europa o conceito de paiz que sabe governar-se, que sabe manter as suas relações internacionaes e respeitar os seus deveres para com as outras potencias (apoiados).

Os estados pequenos conservam-se e salvam-se antes de tudo dando repetidos e continuados exemplos de sabedoria, de moralidade, de justiça e de juizo (apoiados). Em proveito d'este resultado devem confluir os esforços dos seus filhos. Grande desserviço faz á patria, em taes condições, quem segue o caminho contrario, e esse desserviço torna-se tanto maior quanto a qualidade da pessoa que o pratica mais expressamente o prohibe.