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mente esta singela expressão de lealdade, e dever. Deos guarde a Augusta Pessoa de Vossa Magestade por dilatados annos, como havemos mister.—Supremo tribunal de justiça, em 14 de agosto de 1844.—-O conselheiro presidente, José da Silva Carvalho, Doutor Joaquim dntonio de Magalhães, Joaquim António d" Aguiar; José Caetano de Paioa Pereira, António Camelo Fortes de Pina, Manoel Duarte Leitão, Manoel António fellez Caldeira Caslcllo Branco, João Baptista. Felgueiras, João da Cunha .Araújo e Castro, Luiz Ribeiro de Sousa Saraiva, Baulio Cabral Teixeira de Queiroz, João Maria de Abreu Castello Branco Cardoso e Mello.»

Ahi tem a Câmara a representação do supremo tribunal de justiça, e Terá, se ella e' indecente e ca-lumniosa; se ha nella intervenção extranha á competência do tribunal, e se os que a assignaram são agitadores ou revoltosos, como tiveram a impudência de escrever os periódicos do Governo, e o seu mesmo Diário, jornal, que devendo dar o exemplo de moderação, de sizudez e de decência, não fica muito atraz do Correio, do Raio ou do Toureiro; e que merece bem, como toda a imprensa ministerial, o que a Restauração queria que se fizesse a urn acórdão da relação de Lisboa:—ser queimado por certa mão em urn Ioga r publico. — (apoiados) Estou certo de que a Camará não pôde achar na representação uma palavra, uma expressão indecente, ultrajante, ou pouco respeitosa, nem um principio, que oftenda as disposições da Carta e das leis, ou as pré-rogativas e a dignidade da Coroa; e então tenho direito de chamar calumniadores aquelles, que attri-buem ao tribunal esses ultrajes, esses aleives, essa indecencia, e essas calumnias. ("apoiados}

Mas o supremo tribunal de justiça não foi só ca-lumniado por este rnodo; não se julgou bastante desacreditar a representação pela imprensa; partiu de Lisboa para Cintra um emissário encarregado de espalhar ai mais vis e abjectas calumnias; foi lá dizer que o supremo tribunal de justiça tinha feito uma representação insolente e descomedida; que a não dirigiu pelo ministério competente, mas ia leva-la á presença de Sua Magestade por uma deputação, que devia apresenta-la no dia, cm que Sua Magestade só devia receber felicitações. Não invejo a este miserável, nem a honra da missão, nem a gloria de a ler desempenhado.

A representação foi feita e assignada no dia 14 de agosto, e nesse mesmo dia entrou na secretaria da justiça, como mostra um documento official, que aqui tenho; nunca se tractou de a levar uma deputação á presença da RAINHA; encarregou-se o presidente do tribunal de apresentar a Sua Magestade uma cópia autlienlica.

A representação podia não subir á presença da RAINHA pelos meios ordinários; os mesmos motivos, que levaram os ministros a evitar que a consciência de Sua Magestade fosse esclarecida pelo conselho de Estado, tinham elles para continuar a occultar-lhe a verdade; e a honra, a dignidade da Coroa era interessada em que a verdade chegasse ao Throno; parece portanto, que naquelle passo não podia dei»-xar de se reconhecer uma prova mais de lealdade e de zelo.

O presidente do supremo tribunal de justiça apresentou a Sua Mageslade a cópia authentica da representação; o que então se passou, não o posso eu

contar; não o sei; e ainda que o soubera., ainda que tivera por certo, o que a imprensa do ministério escreveu, a veneração e o respeito devido á pessoa Augusta de Sua Magestade me imporia silencio.

Mas, Sr. Presidente, ha um facto publico e notório, de que eu não posso deixar de me occupar; é um acto, que eu devo considerar meramente ministerial. O presidente do supremo tribunal de justiça foi demittido por uma vingança miserável e" infame.

O Sr. José' da Silva Carvalho é o homem, que mais relevantes serviços tem feito á liberdade e a Sua Magestade; sem esses serviços a RAINHA não estaria talvez hoje sentada no Throno, nem nós aqui. (Muitos apoiados) — Quando muitos desesperaram da causa publica; quando alguns a abandonaram como perdida, elle não desesperou, e á sua coragem nas maiores crises, á sua constância e ao seu zelo se deve em grande parte o triurnfo. (apoiados de todo» o» lados da Camará).

A Camará apoiando-me acaba de dar ao Sr. Silva Carvalho um testemunho, que não é suspeito, e os factos da revolução de 1820, do cerco do Porto, e da guerra civil, que acabou com a convenção de Evora-Monle, não vão tão longe, que nos esqueçamos delles. Pore'oi não posso deixar de citar um documento: e a carta regia de 16 de setembro de 1833 : — cc Querendo eu dar-vos (diz Sua Magestade Imperial o Duque de Bragança), um testemunho do quanto aprecio os importantes serviços por vós prestados á causa da pátria, e de Sua Magestade Fidelíssima......Houve por bem nomear-vos presidente do supremo tribunal de justiç.i, ele.» E houve um ministro da RAINHA, que ousou rasgar este documento! Houve um ministro da RAINHA, que se atreveu a propor-lhe um decreto para a demissão do Sr. Silva Carvalho, o antigo ministro de seu Avô, e de seu Pai, o seu próprio ministro e conselheiro, que serviu sempre com fidelidade e com desinteresse os cargos mais importantes do Estado, e que accudiu nas mais apuradas crises á liberdade e ao Throno! E o ministro, que referendou esse decreto e' o ultimo dos homens, que o devia fazer, e por muitos motivos!— O ultimo disse eu, queria dizer um dos últimos; no ministério ha mais alguém, que deve ao Sr. Silva Carvalho quanto é, e quanto vale.

Este procedimento, Sr. Presidente, e indigno; mas b Sr. Silva Carvalho deve estar contente delle; as iras, as vinganças, a imprensa, os emissários, o poder do ministério nada foi capaz de impedir as demonstrações da opinião publica; aquelles mesmos homens, que lhe fizeram opposição, como ministro, principalmente pela consideração e pelo apoio, que deu a certos homens, que tirados por elle da obscuridade, hoje ricos e poderosos, intentam humilha-lo, tetn-se pronunciado contra a ingratidão e contra a injustiça, (apoiadosJ

A relação de Lisboa, e o tribunal de segunda instancia commercial seguiram o exemplo do supremo tribunal de justiça, e foram calumniados comoelle; entretanto as suas representações são modelos de moderação, de dignidade, de decência e de respeito: aqui as tenho, e a da relação estou eu aulhorisado para ler á Camará, (vozes: — Lêa, lêa), e vou lê-la: