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APPENCICE A SESSÃO DE 5 DE JULHO DE 1890 1066-A

O sr. Teixeira de Vasconcellos (sobre a ordem): - Sr. presidente, cumprindo as prescripções do regimento, tenho a honra de mandar para a mesa a seguinte moção de ordem:

«A camara, reconhecendo a necessidade inadiavel de recorrer ao imposto para prover de remedio aos desvarios financeiros e administrativos da situação transacta, continúa na ordem do dia.»

Sr. presidente, é natural que a moção, que acabo de enviar para a mesa, seja considerada pelos membros d'esta assembléa como uma manifestação de politica facciosa e intransigente e que ella revela da minha parte a intenção premeditada de ser desagradavel, não só ao illustre adversario, a quem tenho a honra de responder, mas igualmente ao partido a que s. exa. pertence. Não é assim. Nunca desejo ferir quando fallo, mas tambem nunca costumo faltar ao respeito que devo á justiça e á verdade.

Eis, em poucas palavras, definido claramente o meu pensamento e inteiramente justificada a formula e os termos da minha moção: Ser justo e dizer a verdade ao paiz. É o meu unico intento, e isto mo basta. E todavia,- o sr. Eduardo José Coelho não quiz seguir este caminho ao redigir a sua, lançando n'ella accusações e affirmações que revoltam a justiça e que offendem a verdade. (Apoiadaos.)

S. exa. diz na sua moção de ordem que a camara deve recusar o seu voto ao projecto em discussão, porque o estado afflictivo da fazenda publica é devido á imprevidencia do actual governo.

Isto nem é verdadeiro, nem serio, e uma asseveração tão graciosa, como falsa, exigia um correctivo immediato; o correctivo e o protesto estão no pensamento e na intenção da minha moção de ordem.

Já vê v. exa., sr. presidente, que não foi meu proposito ser aggressivo, nem faccioso, mas simples propugnador da justiça e da verdade. (Apoiados.)

Esclarecido este ponto e destruidas todas as duvidas, passemos adiante.

Sr. presidente, é ingrata e mesmo superior ás minhas forças a tarefa que a sorte da inscripção me reservou de entrar na discussão do projecto do addicional de 6 por cento, n'esta altura do debate.

Se não fosse a necessidade que sinto de justificar o meu voto e de levantar as accusações tão immerecidas, como injustas, feitas á situação regeneradora pelo illustre deputado, a quem tenho a honra de responder, ter-me-ía conservado n'uma absoluta reserva n'esta occasião.

Em verdade, que mais só póde dizer, que não esteja dito, que argumentos se podem produzir, pró ou contra, que não tenham sido adduzidos n'esta longa e desenvolvida discussão? (Apoiados.)

Que o debate chegou ao seu termo, dil-o o abandono da camara, o pouco interesse que inspiram os oradores e a concorrencia cada vez menor das galerias. (Apoiados.)

Dir-se-ía que assistimos antes á discussão de uma junta de parochia, em que se tratasse de votar uma verba especial para a compra de um sino (Riso), do que á discussão de um projecto que vae aggravar os sacrificios tributarios do paiz e que era ao mesmo tempo o campo de batalha escolhido pela opposição para dirimir as responsabilidades financeiras dos dois partidos. (Apoiados.)

A ameaça passou e esqueceu e de tanto ruido e de tão repetidas provocações, resta apenas esta beatifica somnolencia em que caíu tão grave assumpto. (Apoiados.)

Entraram já na arena do debate os grandes oradores da opposição; todos elles procuraram justificar os vexames e a desnecessidade do projecto; e a todos elles respondeu com rara habilidade e superior criterio o talentoso e honrado ministro da fazenda. (Apoiados.)

Toda a camara sente ainda a profunda emoção dos discursos do illustre ministro, onde s. exa. revelou mais uma vez a auctoridade e o prestigio da sua palavra, e a grandeza e a superioridade do seu caracter. (Apoiados.)

Se tudo está dito e se nada ficou por dizer, claro é que a minha missão é ingrata e talvez inutil, e eu procurarei aliviar-me do encargo que tornei, reduzindo as minhas considerações e circumscrevendo-as por fórma a não me tornar incommodo á camara, que n'este momento nem precisa de ser esclarecida, nem de ser convencida.

São estas as difficuldades da minha situação, que eu procurarei vencer com a prudencia e a moderação que as circumstancias me aconselham.

Mas, em tudo ha sempre um mas que compromette ou salva. Sc não posso dar novidades á camara que a interessem, nem acrescentar argumentos que a esclareçam e reforcem a argumentação já produzida pelos anteriores oradores d'este lado da camara, é certo tambem, e n'isto não ía a minima intenção de offensa ou desrespeito para o meu antagonista, que s. exa. não soube, nem pôde ou não quis ajuntar aos discursos dos seus correligionarios, nem um argumento de valor, nem uma affirmação nova, e nem mesmo um facto qualquer ignorado mais ou monos elucidativo. (Apoiados.)

Foi safaro como o deserto e como elle longo e extenso. (Apoiados.) Só isto e mais nada do que isto. (Apoiados.)

O sr. Eduardo José Coelho, em todo o seu discurso complexo e variado, só teve uma preoccupação que o absorveu absolutamente desde o principio ao fim, foi o de não fazer um discurso technico e especial, circumscrevendo-se como lhe cumpria, ao assumpto que se debate, mas fazer um discurso exclusivamente politico, e nem sempre inspirado em uma isenção partidaria salutar e nobre, e que tão bem fica a quem já teve a honra de tomar em seus hombros as responsabilidades pesadissimas do poder. (Apoiados.)

O peso das proprias culpas deve tornar-nos benignos e tolerantes para com os erros alheios. (Apoiados.)

E com franqueza, as culpas e os erros e os desmandos que illustram, por tão diverso e estranho modo, a curta gerencia de s. exa., são de tal natureza que devia arreceiar-se um pouco de lançar-se no caminho das provocações politicas, como fez no seu discurso. (Apoiados.)

Estas sortidas á mão armada contra um inimigo prevenido e bem municiado são sempre uma imprudencia que custa caro a quem a commette. (Apoiados.) O illustre deputado começou o seu discurso apresentando-nos o balanço da gerencia regeneradora desde 1882 a 1885, comparado com a gerencia progressista de 1886 a 1889, deduzindo d'este exame de contas um saldo a favor da administração progressista.

No seu processo de critica e de exame, s. exa. não foi habil, nem justo, foi simplesmente faccioso. (Apoiados.) E assim nem logrou maguar os adversarios, nem enthusiasmar os partidarios. (Apoiados.)

S. exa. seguindo o rumo do illustre ministro da fazenda no seu brilhantissimo discurso, pretendeu destruir a sua argumentação, annular os effeitos politicos da sua critica e emfim á custa de uma argumentação especiosa, teve a louca vaidade de chegar a conclusões inteiramente oppostas.

Ingrata empreza e baldado empenho! (Apoiados.)

Não se destroem os effeitos da luz com a interposição de qualquer corpo opaco, nem a evidencia desapparece, e deixa de o ser, só porque teimamos em negal-a. (Apoiados.)

Do estudo feito pelo sr. Franco Castello Branco, uma cousa ha que fica como uma condemnação indestructivel e é que nenhuma situação politica ainda houve tão perdularia e tão ruinosa como a que occupou o poder desde 1886 até 1890. (Apoiados.)

A lenda dos desperdicios que pesava sobre a administração regeneradora desappareceu inteiramente, absolutamente com a edificante historia financeira do ultimo governo progressista, feita n'esta camara pelo honrado ministro a toda a luz dos algarismos e da sua exposição franca

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