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seja a divida, esta por preço infimo no mercado. A como estão os titulos dos servidores do estado actualmente, neste mez? Não será isto divida corrente?

O Sr. Ministro da Fazenda: — Mas são pagamentos a que o Governo esta obrigado, que esta continuando a fazer, e para os quaes esta applicada a receita, que faz o objecto do emprestimo, por consequencia representam para o Governo dinheiro effectivo, não são papeis depreciados.

O Orador: — Depreciados estão todos os papeis do Governo; desgraçadamente todos; não é só este, nem aquelle. Tomára que me dissessem quaes são os papeis do Governo, que não estão depreciados; isto é que eu queria saber. Para o meu argumento, Sr. Presidente, importa pouco saber, se são mais, ou menos depreciados: o que é evidente e que o Governo, fazendo entrar no emprestimo 666 contos de titulos de vencimentos, prova que não é possivel levantar em Portugal fundos ao par O Governo não perde, diz o illustre Ministro; mas peço perdão, isso é outra questão, que eu tractarei, quando nos occuparmos desse negocio; não tracto de saber agora, se o Governo perde, ou ganha; o que tracto é de provar, que aquelles que emprestam, ganham. Ora quando o Governo é o proprio que reconhece, que não póde levantar fundos ao par, como se espera cousa alguma de associações para fazer emprestimos? E eu não ataco o Governo nisto; e uma consequencia necessaria dos factos; qualquer Governo que se sentasse nas cadeiras do Ministerio, havia de encontrar as mesmas difficuldades; o que eu quero para a minha argumentação é provar, que o Governo não póde levantar ao par um emprestimo qualquer, e tanto assim, que o emprestimo do projecto levanta-o com 666 contos de papeis depreciados; advertindo-se que eu chamo depreciado ao papel, quando representa nominalmente 100, e não me dão por elle senão 60, ou 50 no mercado; creio que com isto não offenderei os tympanos de SS. Ex.ªs Este argumento de que me sirvo para chegar ao meu resultado, ou eu me engano muito, ou colhe completamente. Os illustres Deputados, que pertendem sustentar o projecto, teem imaginado que era possivel levantar aos milhares de contos; o illustre Deputado pelo Algarve disse 4:000 conto, e note-se, que eu na minha argumentação anterior imaginei, por hypothese, que se levantassem 1:000 contos, para ver se assim era mais facil; porém achei afinal, que não era possivel com os fundos que se estabeleciam, como caução do emprestimo, satisfazer ao juro, e amortisação respectiva.

Vê-se por tanto, Sr. Presidente, que por este lado esta demonstrada a impossibilidade do resultado que se pretende pelo projecto.

Falta-me ainda responder a um argumento que se apresentou na ultima sessão, argumento que não foi directo, mas que foi applaudido, e dicto alto na Camara. O Sr. Ministro da Guerra fiz uma asserção, de que não vem fóra de proposito fallar, porque o projecto no art. 28 diz o seguinte «nas obras que a junta central fizer por sua conta, poderão ser empregados os soldados dos corpos que existirem nos diversos districtos, exigindo para esse fim do Governo o detalhe da força que poderá destacar cada um delles, e o tempo que devem trabalhar esses destacamentos. 55

Esta disposição além de estar consignada no projecto expressamente, foi adduzida pelo illustre Deputado pelo Algarve, como argumento para provar que era possivel haver nisto alguma economia para a construcção das estrada?; mas o illustre Ministro da Guerra, que estaca presente, e que sabe perfeitamente que não póde dispensar um soldado, como elle o disso nesta Camara, da força que tem á sua disposição, tornou inutil o argumento alludido. Eu não tive a fortuna de explicar-me depois que o Sr. Ministro da Guerra fallou aqui na fixação da força armada de terra, mas será desta vez: eu não pude informar a Camara de que S. Ex.ª exigia para o serviço 36:000 homens. S. Ex.ª disse que linha 9:000 homens em serviço, e que precisava de tres quartos revesados, por conseguinte disso que precisava de 36:000 homens (Uma voz: — Dois quartos). Não querem os tres quartos, muito bem, sejam dois, temos ainda 27:00) homens, serve-me tudo para a minha argumentação; o projecto esta tão deficiente que todas as hypotheses me servem, admitto tudo; temos pois 27:000 homens, quer dizer são precisos £7:000 homens para o serviço; mas na lei votaram-se apenas 24:000, logo não chegam para o indispensavel; por consequencia como so quer então licenciar força para ir servir para as estradas? Ainda tendo os 27:000 homens não era possivel licenciar nenhuma, pela conta do Sr. Ministro, quanto mais tendo só 24:000. Entretanto S. Ex.ª, disse em um áparte que se podiam empregar os grilhetas!... E será isto possivel? Será possivel que 3:000 mil grilhetas trabalhem sem guardas? Hão de ír pelo paiz fóra sem haver quem os vigie, quem se incumba da sua disciplina? Pois podem espalhar-se por esse reino 3:000 grilhetas? E essa gente não precisa de accommodações, podem andar a trabalhar nas estradas, e recolherem-se todos os dias a Peniche, a Lisboa, a Elvas, e a outras partes onde estão? Sr. Presidente, apresentar a favor do projecto similhantes argumentos, é compromette-lo mais. Eu não dou grande pêso a esta especie, que foi lembrada pelo Sr. Ministro da Guerra, naturalmente só com o interesse de que se faça alguma coisa; e eu não digo que os grilhetas não possam trabalhar nas estradas, ao pé das praças de guerra onde estão, mas isso não vale a pena do se tomar em linha de conta para se fazerem 800 legoas de estradas.

Mas, Sr. Presidente, ainda as emprezas; as emprezas diz que estão proscriptas pelos principios da sciencia, diz o relatorio: tem-me custado muito para achar estes principios da sciencia, e ainda os não pude encontrar. Eu o que vejo é que o principio d'associação é um principio fecundo, recommendado por todos os economistas, e pelos principios da sciencia; eu vejo em todos os paizes civilisados muitas das grandes obras que lá se encontram, feitas por emprezas; posso citar um grande numero das mais importantes nas principaes nações da Europa, feitas por emprezas, não só estradas, porem mesmo outras obras. Na Prussia, uma das melhores estradas que lá existem — de Bucholtz a Preuslau, — que conta 34 legoas de extensão, foi feita por uma companhia. (Uma voz: — Quer associações para tudo).

O Orador: — Não quero associações para tudo, quero-as só para o bem — admitto poucos principios em absoluto.

Tambem uma quadrilha de salteadores é um principio de associação, e eu não quero que a Camara pense que eu quero estender o espirito de associação