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se não deveria attender exclusivamente aos interesses de dois ou tres homens, quando se lhes. contrapõem tres milhões de individuos. É um facto incontestavel, que ninguem bebe tão máo chá, e tão caro, como os portuguezes, e appello para o testimunho que nos dão os brasileiros, onde o chá hisson de 1.ª sorte no Rio de Janeiro se vende a 1920, e isto pagando um direito de 600 réis, e se se attender á differença da moeda, ver-se-ha a grande differença entre o preço do Rio de Janeiro, e aquelle porque se vende entre nós.

Sr. Presidente, o chá e hoje objecto de primeira necessidade, sobre isto escuso de fazer uma dissertação tambem: o chá que se despacha na alfandega grande de Lisboa, não chega para metade do consumo, e o consumo faz se, e o consumo effectua-se; e porque se effectua? Porque temos um contrabando tremendo, proveniente não só do monopolio, mas da grandeza do imposto. É sabido que no Algarve e no Alemtejo se não bebe uma chavena de chá, que não seja importado dos paizes estrangeiros.

Mas diz a commissão — oiça-se a associação commercial de Lisboa e do Porto. — Em primeiro logar acho isto inconvenientissimo; esta Camara só se corresponde com o Governo em negocios d'interesse publico: que se oiça o Governo, e que se peça urgencia sobre este negocio, entendo, o Governo que se corresponda com quem quizer; mas que a Camara diga que precisa ouvir as duas associações commerciaes de Lisboa e Porto sobre este negocio, que é do dominio de todos, é menos decoroso para nós, que sigamos este systema. Sr. Presidente, não poderemos dar um unico passo a respeito dos negocios, que estão encarregados á nossa deliberação? Aqui estão as especialidades, aqui estão os homens competentes que podem e devem esclarecer os negocios: pois isso que queremos, não o podemos obter por nós mesmos? É necessario confessarmos aqui a nossa falta? Não admitto que se diga que não temos na Camara todos os elementos para obtermos as necessarias informações a este respeito.

Confiei algum tempo em que este projecto, cuja impressão respectiva se fez, e que não soffreu impugnação alguma pela imprensa ou por outro qualquer modo, confiei digo, em que passaria já na sessão passada. Não passou Alguns Srs. Deputados tiveram a bondade, persuadidos intimamente da utilidade do projecto, de reclamar a sua discussão; veio este parecer que em quanto a mim não preenche as indicações, não satisfaz nem o nosso dever como corpo constituido, obrigado a zelar os interesses do paiz, nem me persuado que seja decoroso a esta Camara. Mas eu não quero que a Camara jure nas minhas palavras; não quero que se supponha que tenho algum interesse em levai este negocio de salto; quero as informações, mas com urgencia; hei de instar por ellas, hei de pedi-las a quem as deve dar.

Por tanto concluo mandando uma emenda para a mesa a este parecer, e nesta vou d'accordo com elle emquanto pede informações a este respeito, mas quero que o Governo não julgue tão sómente, que nós precisamos essas informações todas, ainda que o Governo as possa obter, mas quero impor-lhe a necessidade urgente de as mandar buscar — que as haja como quizer e como puder. — Venham pois essas informações, mas não confessemos a nossa fraqueza, porque nos ficára mal. Já digo, não quero entrar no

merito intrinseco do projecto, expressei-o em um largo relatorio que lhe serve de base, e pouco mais poderia dizer em sua defeza do que disse. Acho que a illustre commissão tambem não impugna o merito do projecto, mas diversifica em quanto aos meios, e para isso pede informações.

Pela parte que me toca, estou sufficientemente habilitado a este respeito; basta dizer que uma caixa de chá vinda de Macáo importada nos nossos navios pagava antigamente 12$000 réis de transporte, e hoje segundo informações fieis (e graças a este projecto, já produziu esta vantagem) esse transporte esta reduzido a 8$000 réis; mas a caixa de chá póde ter outra diminuição ainda muito maior, porque póde chegar até 2 ou 3$000 réis, e esta differença em uma caixa de chá de 60$000 réis já ha de dar a este genero uma baixa consideravel. De mais a mais ouço aqui dizer, que este transporte esta impedido para o Porto com muito gravame de todas as provincias do norte, por consequencia ha um accrescimo de despeza consideravel com o chá que é para alli remettido, e que tambem deve ter-se em muita consideração.

Por todos estes motivos entendo, que devemos dar toda a urgencia a este negocio, para poder ser resolvido na sessão actual.

Sei que este projecto offende alguns interesses, interesses grandes, e que tendem a sustentar-se; mas primeiro que todos estes interesses promova-se o interesse do maior numero (apoiados) É esse o fim a que me proponho. Passando este projecto, estou convencido de que, o chá de primeira sorte, havemos de bebe-lo a doze e a treze tostões, que é uma grande baixa neste artigo para este paiz, que esta pobre, e que faz deste genero hoje um dos objectos da sua primeira necessidade. A respeito das vantagens que d'aqui hão de resultar, citarei um facto que deve ser conhecido na Camara, mas que não será inutil traze-lo á sua lembrança — é o que se passou a respeito da neve em rama. — É sabido que um copo de neve pagava-se, e pagou-se por muito tempo a seis vintens (um cópo, disse eu, um cochicho) — veio ahi um navio hespanhol, que trazia o verdadeiro gelo, e apezar dos estorvos da Alfandega, de que soffreu grandissimas difficuldades, porque em Portugal tudo se decide por estes interesses pequenos, largou parte da carga em Lisboa, e teve de ir largar o resto a Gibraltar E qual foi o serviço que prestou este navio? Foi uma grande diminuição no preço da neve, porque o cópo que custava antes seis vintens, ficou vendendo-se a quatro vintens, e se as difficuldades que se apresentam na Alfandega, fossam vencidas como deviam, teriamos cópo de neve a dois vintens; mas tem sido necessario conservar esse monopolio, e continuarmos a beber neve a quatro vintens o cópo.

Sr. Presidente, tenho fallado de sobejo para mostrar que este projecto é urgentissimo; (apoiados) não devemos deixar de pedir com urgencia ao Governo, que nos dê as informações necessarias, e devemos instar uma e mais vezes por essas informações; e por isso não terei duvida em concluir pela approvação do parecer com o seguinte

Additamento. — Proponho que as informações, de que tracta o parecer, sejam pedidas com a maior urgencia ao Governo. — Pereira dos Reis.

O Sr. Presidente: — E um additamento ao parecer, não é emenda; pede-se o mesmo que no pa-