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defendido por um distincto Ministro da Corôa) não sei se é retirado de accôrdo com o Governo: pelo menos o Governo não disse nada a este respeito n'um projecto que é seu!... Eu desejava ouvir a opinião dos Srs. Ministros, desejava saber se SS. Ex.ªs (um dos nobres Ministros por parte do Governo) que defenderam este projecto ainda na ultima sessão, concordam em que se retire agora. E isto uma cousa indispensavel para a Camara; para mim não é indispensavel, porque ha muito tempo que estou disposto a votar pelo adiamento; mas é para a Camara

Portanto eu não quiz senão fazer estas poucas reflexões, a que me moveu a proposta apresentada pelo illustre Deputado relator da commissão, para mim, Sr. Presidente, esta proposta é um triunfo ás minhas opiniões, embora digam os Srs. Deputados que não. Eu concluo dizendo a V. Ex.ª que concordo perfeitamente na idéa do adiamento, no que não concordo é no modo porque esta redigida a proposta, porque entendo que diz respeito a um objecto só, quando o projecto é por tal fórma connexo e ligado que a reconsideração que se fizer n'um ponto, é necessario que abranja todos os seus pontos capitaes; e por isso, Sr. Presidente, peço licença para mandar para a mesa a seguinte

Proposta. — «Proponho que o projecto n.º 103 volte á commissão para ser reconsiderado com urgencia.» — Fontes Pereira de Mello.

(Continuando.) Accrescento as palavras — «com urgencia» para não ser exactamente ipsis verbis a mesma proposta que esta Camara já rejeitou.

Foi apoiada.

O Sr. Presidente. — Esta apoiada, fica em discussão simultaneamente com o artigo.

O Sr. Cunha Sotto-Maior: — Sr. Presidente, os factos insolitos, que quasi diariamente aconteceu» nesta Camara, justificam de sobejo a minha opposição, e o desaccôrdo em que eu estou constantemente com a Camara.

Depois de nove dias de discussão, depois do projecto ter sido sustentado tão tenazmente pela commissão, depois de ter sido ultimamente sustentado pelo Sr. Ministro da Fazenda, e enfaticamente declarado, que delle se não tiraria uma virgula, depois de ter sido rejeitada uma proposta de adiamento, vem o illustre relator da commissão, provavelmente de accôrdo com o Governo, retirar hoje o projecto da discussão! Sr. Presidente, isto é um facto insolito. Eu apoio o adiamento: se eu quizesse que a minha opposição fosse systematica, no sentido que lhe dá o Governo, e a maioria, devia combater o adiamento; mas não quero combate-lo, porque seria contradictorio; a Camara é que eu não sei se o poderá apoiar, porque rejeitando no sabbado uma proposta igual, não sei se hoje, se na terça feira poderá adoptar a repetição desta proposta. Eu peço á Camara, que note a falta de systema que ha no Governo, e que veja a incompetencia com que se vem aqui discutir negocios, que não estão maduramente examinados, que note mais a falsidade com que se escreveram estas palavras aqui no relatorio (leu.)

«A proposta do Governo abrange um verdadeiro codigo de vias de communicação, como se carecia, e como se desejava ha muito tempo. O systema é facil e claro: os principios em que assenta, são os que a sciencia proclama, e a experiencia continua»

Como é isto. Sr. Presidente? Até agora o principio era o que a experiencia reclamava, até agora o systema era claro e simples, e hoje vem o relator da commissão de corda ao pescoço, e cilicios pedir licença para reconsiderar o projecto... O Sr. Ministro da Fazenda, quando fallou no sabbado, disse que eu tinha -feito um insulto á Camara, quando chamei absurdo ao projecto; mas o vosso comportamento de agora é ainda mais do que absurdo.

O Sr. relator da commissão diz — que quer avaliar o projecto, que o quer reconsiderar, porque os discursos aqui proferidos eram dignos de attenção, e que o projecto devia ser novamente examinado. — Um membro da commissão diz, que os meios são inferiores aos que se suppunha, e ameaça com um imposto maior! Para ahi é que convergem todos os vossos esforços. Tributos, sempre tributos!

O projecto elaborado pelas notabilidades especiaes do paiz, pelas auctoridades mais competentes, depois de nove dias de discussão permanente, depois de o Governo ter declarado terminantemente, que elle era ministerial, que não consentiria, que se lhe tirasse uma só virgula, é que a commissão vem pedir venia, e confessar que o deve reconsiderar!... Hontem quando eu fiz uma interpellação importante sobre um assumpto grave, vi a Camara ião ciosa da economia do tempo, que entendi que o seu desejo era não demorar a discussão deste projecto, e mais me confirmei nesta intelligencia, quando me lembrei que se havia pedido a dispensa do regimento para se entrar immediatamente na discussão da especialidade; mas enganei-me redondamente. Diga a Camara que juizo quer que eu faça da sua capacidade, e importancia!

Sr. Presidente, este facto define uma situação, não e necessario mais nada. Para mim esta ella definida ha muito tempo. Ainda hontem o Sr. Ministro do Reino, e Presidente do Conselho, em resposta á minha interpellação, exclamou — «que eu tinha dicto que o Ministerio não prestava para nada» — pegou no chapéo, e retirou-e; não me deu novidade alguma; ha 18 mezes que eu estou a dizer, que o Ministerio nem tem intelligencia para comprehender, nem acção para executar.

Voto pelo adiamento; a Camara que não recua diante das contradicções, provavelmente o apoiará, pela unica razão de o Governo assim o exigir: mas approve ou rejeite, a sentença já passou em julgado.

O Sr. Lourenço José Moniz: — Eu confesso que estava preparado para adiamento, que o esperava, e mesmo o desejava, mas não agora (apoiados.) Tem-se clamado contra adiamentos de taes projectos; eu não sou muito creança nesta vida parlamentar, e tenho experiencia bastante para saber, que de todos os projectos complexos é raio aquelle que não soffra um, ou mais adiamentos: de todos os projectos complexos nenhuns mais sujeito a estas delonga, que os, não digo trinta de systemas geraes de estrada, mas de uma só estrada: são objectos sempre mui complicados de difficuldades, e interesses, que pucham em todas as direcções; não devem pois admirar os adiamentos; é o que acontece em lodosos corpos legislativos; lá esta agora mesmo um projecto de estradas no parlamento britannico, que já vai no terceiro adiamento: um por parte do seu auctor, outro a instancias de outros membros do parlamento, e finalmente outro a exigencia do Governo,