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consideravelmente esta cultura; e este augmento produz a baixa do preço, mas a commissão diz ser devida a uma crise politica o commercial; mas dá-nos a consoladora idéa que ha de findar; e que o nosso vinho tem propriedades fysicas e chymicas, porque os nossos vinhos avantajam-se a todos os outros. Tambem me parecia, Sr. Presidente, que o commercio dos vinhos depende mais particularmente do gósto, capricho ou moda, do que depende das propriedades fysicas ou chymicas da substancia commercial.

Eu tenho gravados na minha memoria dois factos observados por mim em Londres a este respeito: e sabido que na ultima molestia, de que foi victima Guilherme 4.º, os seus facultativos lhe aconselharam o uso do vinho do Porto, e como o resultado fosse fatal, o vinho do Porto caiu em descredito, e acabou a moda; e começou a ser substituido pelo vinho hespanhol, Xerez: e tanto ficou impressa esta ideia contra o uso do vinho do Porto, que assistindo eu a uma reunião respeitavel, daquellas que se costumam fazer naquella cidade, para obstar a uma epidemia, que grassava na dicta cidade, e tractando-se de procurar um remedio para obstar a esta epidemia, tomando eu a palavra, lembrei o vinho do Porto, pelas virtudes que tinha, mas houve uma resistencia immensa, citando-me logo o facto que acabei de referir. Vê-se, por tanto, que houve aqui uma unica causa, o foi, porque deixou de ser moda; mas estimo muito vêr que a commissão diz, que elle se tem já acreditado, e lealmente o preço tem subido; mas observarei tambem outro facto, que indo eu n'uma occasião visitar os armazens que existem nas docas, dando se-me alli a provar o vinho especial do Douro, procurei eu muito sabei, se se vendia, sube que sim, e mandei buscai algumas gariafas; e o que encontro? Achei o vinho todo sofisticado, porque o tinham adulterado; e daqui vejo eu provada a necessidade que tem a companhia de estabelecer uma venda a retalho por sua conta, para acreditar o vinho, o que fará melhorar os mercados estrangeiros; e applica a fysica e chymica, tão adiantada entre nós, na elaboração deste genero; porque é necessario que confessemos tambem que os productos da industria fabril entre nós, nestes ultimos tempos, tem-se desenvolvido de tal modo, que temos dado um exemplo ao Mundo, que nós somos capazes do mesmo que são as outras nações. Ora além destas considerações achei eu outra novidade neste relatorio, por exemplo, tenho eu por uma verdade chymica que a substancia saccarina é a que se converte em alcool, o achei tambem outra novidade, que vem a ser, que o nosso vinho do Porto excede os outros vinhos, principalmente na especialidade comparativa de todos os outros vinhos da Europa; porque o vinho do Porto não deve a suas vantagens só a uma substancia alcoolica: mas, e principalmente a outra substancia etherea, que se fórma pela fermentação como nos do Rheno; e por isso em frase vulgar se dizem não capitosas, que não atacam a cabeça. No relatorio achei muita riqueza de factos, muito boas idéas, mas o que eu desejava que apparecesse era a maneira para se distinguir a agoa-ardente do vinho, ou de outras substancias; quando a agoa-ardente tem poucos gráos, é muito facil, mas quando ella tem muitos gráos, acho que é muito difficultoso, e isto ha de causar um grande embaraço no commercio. Por tanto dada esta explicação, eu approvo com todo o prazer o projecto.

O Sr. Costa Lobo: — Sr. Presidente, vou responder a algumas observações que fez o nobre Deputado que acabou de fallar, o qual concluiu por approvar este projecto de lei, e sómente na sua maxima parte discutiu o seu relatorio. E certo que eu neste projecto fui nomeado relator, e que tambem concorri para a factura delle; não dotado dos mesmos conhecimentos que S. Ex.ª possue, por conseguinte não poderei aspirar a produzir tão bons exemplos, e tanto acêrto na expressão, nem tambem a Camara podéra esperar que eu possa bem concludentemente responder ás suas razões, que me pareceram mais critica do que elogios, que S. Ex.ª apresentou acerca deste relatorio. São obstante isso, mais por conhecimento, practicos que por conhecimentos theoricos ainda hei de ter bastantes reflexões a fazer ás duvidas que S. Ex.ª apresentou.

Disse S. Ex.ª — que não lhe parecia, que os elogios tributados aos vinhos do paiz fossem tão fundamentados como pareceu á commissão; que a sua mais ou menos apreciação pendia da moda do que das partes componentes do vinho em geral; que nelle não notava tantas qualidades e tantas perfeições como apresenta o relatorio da commissão — pareceu -me que foi isto o que S. Ex.ª disse, e que eu posso com verdade deduzir das razões que S. Ex.ª apresentou. Direi a S. Ex.ª que sobre este objecto tenho tambem estudado um pouco, e tenho examinado tambem a natureza e partes componentes do vinho em geral, e as partes no vinho do paiz, que são mais ricas n'uns do que n'outros districtos. Sei que o alcool é o resultado da fermentação, mas direi a S. Ex.ª, que o vinho é um todo composto, que é mais rico o que tem mais partes saccarinas, que são estas as que promovem a fermentação, a qual menos bem tractada se torna acetosa; os hygienologistas dizem, que seria um corpo morto se não fóra a fermentação, que estrondosa no principio, se conserva constantemente mas insensivel, e sempre na proporção da quantidade das partes saccarinas, que promovem esta fermentação, e que são mais affluentes no vinho do Porto, que em nenhum outro vinho. O nobre Deputado decerto ha ter noticia de um diccionario publicado em 1834, aonde eu li que nenhum dos vinhos do Mundo era mais rico que o vinho do Porto, diz ahi, que este vinho tem mais partes de alcool do que nenhum outro vinho; esta as partes aonde vai buscar esta instrucção; diz este nenhum outro vinho e mais rico que o do Porto nas suas partes saccarinas e alcoolicas, que até é excessivo nas suas combinações e accrescenta — e aconselhamos aos nossos lavradores que comprem algum deste vinho para dar a força de que carecem em grande parte todos os outros vinhos não exceptuados os francezes.?? — ti isto o que dizem os homens instruidos e conhecedores da materia; e que esta riqueza é tirada das partes saccarinas que promovem a fermentação.

Já vê S. Ex.ª por conseguinte que teve razão a commissão para esclarecer o relatorio que foi apresentado á Camara. A commissão não lembra a idéa de melhorar o commercio do nosso vinho em Inglaterra senão como meio de augmentar a nossa expoliação, e achar consumo aos nossos vinhos. Devo dizer a S. Ex.ª que não ha mercado nenhum do Mundo, aonde o vinho do Porto, e Madeira não tenha