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quartel de artilheria, e depois foi passado para o quartel general dos permanente ou guarda municipal.

O Sr. Lopes de Lima: — Eu disse logo desde o principio, que não conhecendo o signatario da carta, porque não era dirigida a mim, não podia affiançar a exactidão de todas as circunstancias que acompanharam o facto; entretanto o que eu vejo é, que mesmo do modo porque o Sr. Ministro o narrou, elle tem bastante de desagradavel: póde ser mesmo, que essa prisão indecente em que o prezo esteve em custodia, fosse esse primeiro quartel, porque talvez não seria uma prisão propria para um official: mas o que admira nisto é uma cousa; é que n'um caso de tanta importancia (e eu dou-lhe muita importancia pelo lado do decóro e honra portugueza), sendo communicado pelo commandante da corveta, que certamente fez o seu dever, e mostra-se ter olhado o caso debaixo do seu verdadeiro ponto de vista, S. Ex.ª o Sr. Ministro não nos informe da existencia de participação alguma da nossa legação, que me parece que devia já ter informado a respeito de um acontecimento desta natureza; com tudo como S. Ex.ª diz, que não ha receio de que seja compromettido o nome e a honra da Nação Portugueza, devo por ora contentar-me com essa segurança até ver o resultado: entretanto receio muito porque eu sei qual é hoje o estado de effervescencia dos animos no Rio de Janeiro, e receio que esse estado de effervescencia cresça com a chegada da náo que para lá foi mandada. Eu conheço a população portugueza no Rio de Janeiro; infelizmente compõe-se de muita gente, que sendo muito honrada, vê pouco, e é facil de electrisar com qualquer cousa; receio pois, que no estado de agitação em que se acham os espiritos, a chegada da náo vá produzir uma maior effervescencia: mas isto são receios; permitta o Ceo que não se realisem. Em quanto á interpellação vejo que não foi inteiramente destituida de fundamento, por que existiu o facto e facto muito desagradavel; tudo quanto se tem passado é bastante penoso para quem tem coração portuguez; mas devo contentar-me com a segurança que S. Ex.ª nos dá, de que a cousa se ha de dirigir de modo, que não fique no fim compromettido o decoro nacional. Agora, visto estar a hora tão adiantada e a Camara vazia, pedirei a S. Ex.ª que tenha a bondade de dizer, quando quererá responder á outra minha interpellação relativamente á questão do padroado da India.

O Sr. Ministro do Negocios Estrangeiros: — Antes de fallar sobre o padroado da India direi, que não partilho os receios do illustre Deputado; se esses receios realmente fossem fundados, nunca deveriamos mandar embarcação alguma para o Rio de Janeiro; estava aquelle porto sequestrado para a nossa marinha. Algumas das nossas forças maritimas estiveram setenta dias em Pernambuco, o foco da revolução, e portaram-se admiravelmente; as suas instrucções são as mais precisas para se conservarem na mais perfeita neutralidade; os commandos teem sido entregues a officiaes da primeira capacidade, e mesmo pelo que acabou de dizer o illustre Deputado, entendo que a estada das nossas embarcações no Rio de Janeiro é de grande proveito para os portuguezes ali residentes; por que, se elles tem as qualidades que S. Ex.ª lhes attribue, com que não concordo perfeitamente, é necessario que ali estejam as nossas embarcações de guerra para lhes fazer saber qual é a conducta que devem ter n'um paiz estrangeiro, porque e necessario que se entenda, que o Brazil é uma nação tão estrangeira para nós, como e qualquer outra, (apoiados) Laços de muita amisade, laços de parentesco, laços de sangue, tudo isto existe ali, e existe felizmente; mas em quanto á independencia nacional é tão estrangeira como a Inglaterra, ou qualquer outra nação (apoiados) por tanto longe de partilhar os receios do illustre Deputado, entendo que á conducta das nossas tripulações hão-de servir de norma os proprios portuguezes residentes ali para modelarem as suas acções, quando tivessem intenção de se portarem de outra maneira.

O Sr. Lopes de Lima: — Peço a palavra para uma explicação...

O Sr. Presidente: — Neste caso não póde haver palavra para explicações....

O Sr. Lopes de Lima: — Mas eu preciso explicar uma cousa que S. Ex.ª entendeu mal....

O Sr. Presidente: — O regimento não permitte explicações neste caso, e eu não me julgo auctorisado para conceder a palavra ao Sr. Deputado.

O Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros: — Perdôe V. Ex.ª; esqueceu-me dizer, que responderei á outra interpellação do illustre Deputado, o mais depressa que possa vir á Camara; não direi que seja ámanhã, mas será o mais depressa que possa.

O Sr. Presidente: — Ainda se acham pendentes algumas interpellações: uma ao Sr. Presidente do Conselho, que ha pouco se annunciou: outra ao Sr. Ministro da Justiça, annunciada em 7 demarco pelo Sr. Faria Barboza, e duas ao Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros, uma do Sr. Pereira dos Reis, annunciada em 9 demarco, sobre a materia do quarto documento appenso ao relatorio do Ministerio dos Negocios Estrangeiros, e outra do Sr. Lopes de Lima, annunciada em 19 de março, sobre o padroado da India, as quaes, se SS. Ex.ªs estiverem habilitados para responder, hão-de ter logar ámanhã em hora de prorogação, porque as interpellações não podem ter logar senão em hora de prorogação, isto é, depois das quatro horas.

O Sr. Ministro da Justiça: — Eu queria dizer, que me acho habilitado para responder á interpellação que diz respeito á minha repartição, quando a Camara quizer.

O Sr. Presidente: — A ordem do dia de ámanhã é a continuação do projecto n.º 13, e depois as propostas n.ºs 33, 36, e 20: o n.º 33 é sobre uma proposta do Governo para podér restituir ao serviço militares que ultimamente foram demittidos; o 2.º 36 é sobre pezos e medidas; e o n.º 20 é sobre recompensas militares. E necessario dar mais de um objecto para ordem do dia, porque muitas vezes os Srs. Ministros teem de estar na outra Camara, e não tendo a Camara outros objectos de que se occupar senão aquelles que dependam da presença de SS. Ex.ªs, não tem que fazer, como já succede II em algumas sessões: por consequencia, torno a dizer, a ordem do dia é a continuação do projecto n.º 13, os projectos n.ºs 33, 36 e 20, e na hora da prorogação, as interpellações que estão pendentes. Está levantada a sessão. — Eram quasi cinco horas da tarde.

O Redactor,

JOSÉ DE CASTRO FREIRE DE MACEDO.