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publicas, haja a coragem de o organisar definitivamente, (apoiados) mas não queiram tirar-lhe, cercear-lhe as suas attribuições para ír commette-las indistinctamente, talvez com mais proveito publico, mas por em quanto a experiencia não sei qual ella será. (Uma voz — Peior, peior.) Porem já que a illustre commissão de Administração Publica não acceita essa lembrança do Governo (que eu não sei se era melhor do que a apresentada pela illustre commissão) eu pela minha parte tenho só um recurso a escolhei, que é — deixar o que esta. — (Uma voz — Que e bom.) Não sei se e bom, mas o que se vai a estabelecer talvez não seja melhor: o que nos vemos, e que o paiz esta farto de experiencias desde 1833 para cá, experiencias cada vez a peior, para vergonha nossa, (O Sr. Faria Barbosa — Apoiado.) Está farto desde 1833 para cá de transplantações de arvores que não podem aqui produzir.

Sr. Presidente, o mal que se faz neste paiz, não procede das nossas leis, procede dos homens, fallo bem alto, estimarei que a Nação me ouça; quando o Governo tiver a sciencia de escolher (o que não lhe será talvez facil) os empregados capazes de desempenhar os logares, esse mal ha de acabar; não ha de ser por terem o curso da escóla polytechnica, ou da medico-cirurgica que os empregados serão capazes. O logar de administrador de concelho e de muita importancia; mas não exíge, nem lhe bastam, glandes talentos de um individuo: a experiencia o mostra. Neste reino ha muitos bachareis administradores de concelho; eu sou bacharel, honro-me muito de ter frequentado a Universidade, e de lhe dever essa tal ou qual instrucção que aí pude colher, não sou suspeito para a minha classe, respeito-a muito, mas sei o que fui quando saí da Universidade, sei o que sou, sei o que me falta para ser capaz de governar; por muitas vezes já me fizeram a honra de ter sido convidado para logares muitissimo importantes da sociedade, tenho-me negado a acceitar, porque sei avaliar ate onde chego: e comtudo não julgue a Camara, nem julgue o Governo que vai lançar-se em cama de rozas, pelo facto de escolher para administradores de concelho os bachareis, ou os que têem o curso da escóla polytechnica, não, Senhores, talvez muitos sem serem bachareis, sem serem das escólas Polytechnicas possam ser muito melhores administradores de concelho, talvez; já em muitos concelhos do Continente do Reino estão cidadãos que não são bachareis, e nem por isso deixam de desempenhar bem os seus logares.

Sr. Presidente, eu vou apresentar este exemplo que é muito saliente e muito conhecido: o administrador do 4.º Bairro de Lisboa, do Bairro Alto, não é bacharel, não cursou a escola polytechnica, tem 13 annos de administrador do concelho, e os outros que quizerem desempenhar bem os seus logares, farão tão bem como elle. São é só este, Sr. Presidente, muitos outros ha ainda, e note o nobre Deputado que este Administrador que o e ha 13 annos, foi administrador escolhido pelo povo, foi administrador nomeado pelo Governo, e é administrador que tem atravessado por meio de revoluções, e só nos acontecimentos de 1846 depois de largas exigencias e que foi tirado do seu logar; este administrador foi sempre considerado e respeitado por todos os partidos, tal e a maneira digna por que desempenha o logar, não e bacharel, nem e polytechnico; e

assim ha muitos. Lenho fallado com alguns Srs. governadores civis, não dos Senhores que estão aqui nesta Camara, e alguns me teem informado que nos seu» concelhos teem bachareis, e que nem por isso elles são os melhores administradores de concelho, e não são tambem residentes, nem de la naturaes. Por conseguinte se a Camara quer estabelecer uma provisão a este respeito, a experiencia do que tem acontecido já deve demonstrar que não e a melhor preencher os logares de administradores só restrictamente nestas classes de cidadãos. Pois para ser Deputado da Nação Portugueza, para ser Conselheiro d'Estado, para ser Ministro, não se exíge ser bacharel nem ter o curso da escóla polytechnica (e ninguem dirá, que o ser Deputado, que o ser Ministro d'Estado não são logares muito importantes, que não seja necessario aos individuos que os occupam, reunir em si muitos conhecimentos) e só se exige ser bacharel para podér desempenhar os logares de administrador de concelho! Sr. Presidente, homens de probidade e que devem ser escolhido para administradores de concelho, que são os pais daquellas familias, daquelles povos, que devem mais tractar de attender aos interesses de todos, do que de serem só juizes para applicarem a lei; deixem isso ao Poder Judicial. Oxalá, Sr. Presidente, que tantas attribuições se lhes não tivessem dado; e eu, que não estou de accordo em alguma das attribuições que esta aqui adiante no art. 7.º, e que já não estava de accordo em algumas existente no nosso Codigo, entendo que não é necessario exigir para administrador de concelho tantas circunstancias.

Mas, Sr. Presidente, os nobres Deputados que até aqui teem mandado para a Mesa differentes emendas, provam de mais contra a medida a que as propõem. Um nobre Deputado membro da commissão propoz ha pouco que o bacharel tivesse dois annos de pratíca, e até outro Sr. Deputado pediu que se exigissem 25 annos de idade, e a commissão creio que aceitára isso. Eu, Sr. Presidente, o que desejaria que elles tivessem, era probidade, (Eu não quero fallar muito, porque não vale a penal de bastante juizo prudencial para tractarem de desempenharem os logares, que o Governo lhes commetter, com aquella intelligencia que é indispensavel para sabei satisfazer e attender as exigencias dos povos, e não para se estabelecer entre elles um bacharel unicamente para lhes dictar leis, ou para ser como os juizes de fóra.

Sr. Presidente, se nós temos a desgraça de que na Universidade de Coimbra todos os annos se vá formar um numero de bachareis maior do que é preciso, tracte-se de pôr uma limitação á lei, e ha muito ella se devia lei pôsto, porque eu não posso deixar de dizer o que tambem já ouvi dizer em outra Casa deste Parlamento estou convencido na minha consciencia de que se não houvesse tantos bachareis e tantos polytechnicos, talvez houvesse mais socego no paiz (apoiados): depois que se entendeu que um homem, acabando de saír da Universidade ou das Escólas Polytechnicas, immediatamente esta habil para ser Ministro d'Estado, nada havendo que possa saciar a sua ambição, as revoluções se fazem, e é a razão porque dentro e fóra deste paiz tantos bachareis teem formado parte de emprezas revolucionarias; não é é em Portugal, tambem é lá fóra.

Sr. Presidente, eu não me posso conformar cora