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tando-se este orçamento com o do anno passado, acha-se que abatendo a quantia que se pagava a dois officiaes engenheiros constructores que estavam estudando em França, por que não vem mencionada no orçamento deste anno; e fazendo-se a deducção da verba dos dois engenheiros constructores, por isso que já lá não estão, a despeza é ainda superior á do anno passado. Por consequencia que confiança podem merecer estas reducções provaveis, que se mencionam aqui?

Portanto eu peço ao Sr. Ministro da Marinha que, se esta resolvido a tomar isto uma realidade e não uma decepção, declare quaes são estas redacções provaveis que se devem suppor? O que me parece que é provavel, e o que vejo na minha opinião, é que esta verba das diminuições provaveis não póde ser approvada, por que não produz nada; por que é uma decepção que apparece nesta parte do orçamento.

Agora quanto á outra parte do artigo direi a V. Ex.ª que a minha opinião é esta; que qualquer diminuição que for possivel rasoavelmente fazer-se no orçamento do pessoal, sem comtudo ferir direitos, por que eu não estou aqui para votar ninguem a miseria, nem a pedir esmola, seja applicada para construcção de navios. E uma lastima, mas é triste verdade que estamos quasi sem marinha; nós lemos os nossos navios impossibilitados de servir; os que não estão assim, carecem de concertos muitissimo dispendiosos, e na minha opinião, acho ser um inconveniente o systema que se tem seguido desde certo tempo; e nessa parte devo fazer justiça ao illustre Deputado que pediu a palavra, pelo modo por que administrou essa repartição, por que S. Ex.ª mandou fazer navios novos em logar de gastar grandes sommas em concertos dos velhos; este systema é que eu entendo ser melhor; por que gastar sommas com concertos, é fazer uma despeza improductiva, que avulta mais do que se se fizesse uma embarcação de novo, e a final fica sempre velha. Tambem o que eu desejava era que se empregasse maior cuidado, em lermos melhores madeiras no arsenal; por que nós lemo-las até cortadas; é uma vergonha dizer-se isto; mas é um facto, não ha um hiate para as ir buscar, mas ha uma náo para ir ao Rio de Janeiro! É para lamentar este nosso estado! Desta maneira não sei para que serve haver um arsenal; temos pinhaes, temos madeiras promptas e não se podem ir buscar!... Faz lastima entrar pelos armazens do arsenal, e vê-los completamente despidos daquelles objectos que devem ler, e é nesta época em que se querem fazer generosidades, com que senão póde! Mãis algumas reflexões tenho que fazer, mas reservo-me para occasião opportuna; agora limito-me a mandar para a Mesa esta

Proposta. — Proponho que o capitulo 2.º do orçamento de Marinha volte á commissão para o reconsiderar, e que qualquer quantia que por ventura se possa economisar no referido capitulo, seja exclusivamente applicada para a construcção d'uma fragata a vapor. — Fontes Pereira de Mello

(Continuando disse) — Ora talvez pareça um absurdo dizer qualquer quantia que se possa economisar neste capitulo seja applicada para este effeito; por que a quantia que ha de sobrar, não ha de ser grande; mas se a Camara approvar a idéa, examinar-se-hão todos os capitulos do orçamento, e ver-se-ha quaes são as economias que produz, e se forem sufficientes, podem converter-se em obras uteis; por que é preciso que se saiba que nos estaleiros não lia nem uma quilha de um bole; entretanto ha mil e tantos operarios; por tanto, Sr. Presidente, pedia eu, que a Camara approvasse a proposta, por que ainda que as economias neste capitulo não hão de ser grandes, approvado o pensamento, applicar-se-hão para o mesmo fim todas as economias, que se podérem fazer nos capitulos seguintes. Julgo pois de necessidade que este capitulo volte á commissão para o reconsiderar nos pontos, que indiquei; entre tanto a Camara deliberará como entender.

Depois de lida na Mesa a proposta do Sr. Deputado, foi considerada, e apoiada como adiamento, e seguidamente foi rejeitado sem discussão por 41 votos contra 7.

O Sr. Falcão: — Pela opinião do Sr. Deputado devem ser supprimidos todos os logares, que se acham vagos no corpo da armada e na companhia dos guardas marinhas; mas isso não é possivel, por que de um momento para o outro póde haver necessidade de serem preenchidos esses logares, e é preciso que o Governo fique auctorisado para isso. No entretanto não se devem supprimir as verbas que se propõem, por que ainda que em algumas classes haja um pessoal maior do que o legal, e em outras um menor, com tudo a cifra não se augmenta.

Em quanto aos guardas marinhas, é verdade que a suppressão deve ser de 7 contos, e não de 3, como o Governo propõe; porém se o seu numero não augmentar, quando se votar a verba que o Governo propõe, a sobra apparece no fim.

E muito louvavel o desejo que o Sr. Deputado tem em querer applicar as economias para a construcção de uma fragata a vapôr, com tudo essa despeza não póde realisar-se pelo meio que propõe, bastando advertir que talvez se não possa calcular em menos de 200 contos de réis um vaso desta natureza; e ainda que se podessem fazer todas as economias a que o Sr. Deputado alludiu, ellas não chegariam nem para a construcção de um navio de menos força do que uma fragata a vapor.

O Sr. Presidente: — A ordem do dia para ámanhã é a continuação da de hoje em todas as suas partes. Está levantada a sessão. — Eram cinco horas da tarde.

O Redactor,

JOSÉ DE CASTRO FREIRE DE MACEDO