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que tiverem sido satisfeitas no presente anno economico, mas em logar desse mappa, veio outro em que se diz as que se acham designadas, mas não se declara as que se tem pago, que era o que se devia dizer, e que eu desejava saber: agora só quando vierem as contas se poderá saber, e sahe Deos quando virão. Mas desde já posso asseverar, que taes quantias se não dispendem, e que ha aqui uma exaggeração excessiva, para talvez fazer acreditar á Camara e ao paiz, que se não deixa de attender a estas desgraçadas: de sorte que ate das cifras e preciso duvidar. E para que se não pense que sou injusto, ou desconfiado sem fundamento, apontarei a verba de 1:839$600 que se diz importam as prestações das religiosas de Monchique, e posso asseverar sem receio que nem 800$000 réis o Thesouro dispende com ellas, daqui se ajuise o credito que devem merecer estes mappas, e a necessidade que ha de cortar todo o arbitrio do Governo, e não ha outro meio senão designar no orçamento o que ha de receber cada convenio

Sr. Presidente, não nego que ainda ha alguns conventos, que tem rendas para poderem viver, mas para essas não peço abono algum, e se a algumas lhe sobeja, o que eu não nego, nem affirmo por falta de dados segui os, nem por isso podem ser obrigadas a repartir pelas pobres, a não se querer principiar a ensaiar entre nós o systema do communismo. Mas deixemos essa questão, que não vem para aqui, e só e trasida de proposito para modificar o odioso da rejeição da proposta; mas de passagem sempre direi que se deve abandonar a idéa da reunião, se se não querem matar de repente as pobres religiosas, obrigando-as a deixar as casas aonde professaram, aonde tem vivido toda a sua vida, para irem para outros conventos, aonde nunca são bem recebidas, e são olhadas sempre como bastardas: além de irem viver para outro clima, longe das suas familias, e das pessoas da sua amisade, que as socorrem nas suas precisões.

Sr. Presidente, quando se tracta deste assumpto vem sempre a má administração dos bens de algumas casas, não sei até que ponto é fundada esta asserção, mas supponho haver exaggeração, porém ainda que seja verdadeira, só deve servir para chamar a attenção do Governo a fim de inspeccionar, para que não sejam extraviados ou dilapidados esses bens, que é isto da sua competencia, e nada mais, e é preciso que esse direito de inspecção, e de protecção senão estenda até lançai máo dos proprios bens, privando da sua administração as legitimas administradoras. Porém não póde servir para deixarem de soccorrer as que se conhece estarem soffrendo as maiores necessidades, e que não tem 40 réis diarios para viver. Não posso deixar denotar que haja tantas difficuldades, e escrupulos da parte do Governo, e da illustre commissão em admittir uma medida provisoria para sustentar a vida a estas desgraçadas, e nenhuns houvesse em se proporem verbas avultadas para despezas inteiramente inuteis, algumas para pessoas que nenhum direito tem a ellas, e que lhes foram dadas só por espirito de partido, e de patronato, como poderia apontar muitas.

Se a Camara entende que não deve prover á subsistencia das religiosas pobres, e que não se deve importar que vivam ou morram, rejeite a proposta, mas diga-se francamente, e não se illuda a questão com

pretextos frivolos, e especiosos, repetidos tantas vezes, quantas aqui se tem ventilado. Este é um objecto que não admitte demora, nem póde esperar por essas medidas lembradas pelos nobres Deputados, e que sabem muito bem que senão podem tomar com a brevidade que se precisa. Muitas religiosas estão vivendo de esmolas, e todos sabem que esses recursos são precarios, e mais precarios se tornam quando se exigem por muito tempo. Entendo que a Camara repellirá a idéa de adiamento de um para outro anno, e que não quererá ficar com a immensa responsabilidade que sobre ella pesará, se alguma religiosa mais morrer victima da miseria, e da necessidade, o que decerto acontecerá, senão tomar alguma providencia que melhore a sua sorte: e por isso confio em que approvará o additamento.

O Sr. Lopes de Lima: — Eu lamento a sorte daquellas religiosas que estão morrendo de fome, porque sei que as ha, assim como sei que ha outras que estão na abundancia, e sei tambem que muitos especuladores dissipam muitos bens que podiam talvez, não digo ser bastantes, mas ajudar muito a matar a fome áquellas que estão soffrendo: é o que succede em tudo, uns a morrer de fome, outros locupletando-se Entretanto eu assento que uma questão destas e muito grave para se tractar com argumentos de sentimentalismo; e entendo que não posso votar conscienciosamente sem saber a quanto montam os bens ainda existentes dos conventos das differentes ordens, e qual e o numero das religiosas, tambem das differentes ordens, para se poder repartir com igualdade o rendimento de todos esses bens por todas ellas, e o que faltar então supprir-se pelo Thesouro. E não se diga que é isto advogar a douctrina do communismo; a unica parte em que ella é applicavel, é nas ordens religiosas; porque eu não posso consentir que haja na mesma ordem religiosa conventos ricos, e conventos pobres; eu entendo que o communismo deve servir para estas ordens; isto é, que o rendimento se reparta com igualdade por todos os individuos da mesma ordem religiosa: este communismo canonico admitto eu. Porém o que resta saber, e se os bens chegam, e para isso é que precisamos ter esclarecimentos: devo comtudo suppôr que chegam, por um documento que tenho na máo, e para o qual peço a attenção do Sr. Ministro da Corôa. Eu vejo que na concordata feita entre o Governo, e a Sancta Se de 21 de outubro de 1848 ha uma condição — para que o Governo não ponha impedimento a que se façam novas profissões religiosas — donde se infere que o Governo suppõe que os rendimentos são de sobejo para podér admittir mais quem coma delles; pois senão chegam para os individuos que existem hoje, como é que se esta em circumstancias de fazer novas dotações? Como é que o Governo contraiu a obrigação de permittir novas profissões religiosas?.. Para que?.. Para matar mais gente á fome?,. Eu lanço esta idéa na discussão, e peço ao Sr. Ministro da Corôa, que a resolva: e um dilemma — ou os rendimentos dos conventos são de sobejo não só para as religiosas existentes, senão tambem para as que hão de entrar em virtude das novas profissões que o Governo admitte, ou elles são escaços, e o Governo contraiu uma obrigação para fazer desgraçadas. Sr. Presidente, o Governo devia saber qual era o montante desse rendimento dos conventos das religiosas, quando se fez a concordata; portanto se foi tão facil em consentir, revogan-