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dente, sou pouco jesuítico, e obro em todas as minhas cousas com franqueza e lealdade; mas nestes dois negocios respectivos ao fundo especial de amortição, e ao reguengo de Tavira não vejo essa lealdade, e franqueza da parte de S. Ex.ª

O Sr. Ministro da Fazenda: — Sr. Presidente, eu admiro-me infinito, e acho-me surprehendido, vendo a maneira porque acaba de se me dirigir o Sr. Deputado, de quem tenho sido amigo, e a quem tenho dado as maiores provas de attenção, e deferencia, mas muito mais me admira, e surprehende vêr, como o Sr. Deputado, sem ter havido a mais pequena razão, suspeita da minha franqueza, e lealdade! E o nobre Deputado quem no meio desta Camara, vem dizer, que duvída da minha franqueza, e da minha lealdade!

Sr. Presidente, tenho Já satisfação de dizer, á face de toda a Camara, que é a primeira vez, que se me faz em toda a minha vida uma accusação desta ordem; (Apoiados geraes) a qual eu rejeito com toda a indignação, de que sou capaz; porque, nem como amigo tractando com os seus amigos, ou com os desconhecidos, e muito menos ainda como empregado publico, e agora constituido n'uma posição eminente, póde haver alguem, que me accuse de uma falta, se quer, de lealdade.... (Apoiados numerosos) Falta de franqueza e lealdade! Pergunto, aonde ha quem se possa queixar disso contra mim? Será o Sr. Deputado, que o possa fazer em ambos os negocios de que fallou, ou merecia eu ao Sr. Deputado que viesse dirigir-me todas estas censuras, e o stygma de lealdade, sem haver praticado para comigo a mais pequena attenção, a que me dava direito a amisade e a consideração, em que sempre tive o Sr. Deputado! (Apoiados) Não era obrigado por um dever de delicadeza, como homem de bem, a obter de mim todas as explicações, que lhe não negaria, antes de vir á Camara ter para comigo um procedimento, que não posso qualificar! (Apoiados)

Emquanto ao que o Sr. Deputado ponderou nesta Camara, a respeito do fundo de amortisação, posso appellar para o testimunho de alguns illustres Deputados, e elles que deponham sobre a sollicitude, que este negocio me tem merecido; (Apoiados) por isso que sendo de muita importancia esses logares a prover, eu tenho andado a procurar os homens para os empregos, em logar de saber que empregos póde haver para os homens, que se me offerecem. (Apoiados)

Aqui esta a razão, Sr. Presidente, com que o illustre Deputado vem fazer accusações de falta de franqueza e lealdade, mostrando-se pelo contrario, que é com essa franqueza e lealdade, que selem procurado desempenhar um dever, cuja falta se me argue com tanta imprudencia! (Apoiados) Descance o Sr. Deputado, que as nomeações se hão de fazer, depois de eu ter colhido todas as informações, que ando procurando, e de me assegurar das pessoas, que devo escolher.

Em quanto ao outro negocio, o Sr. Deputado me annunciou uma interpellação, á qual me aprontei; mas não devendo estabelecer um conflicto, como até expliquei ao Sr. Deputado, entre o Tribunal do Thesouro, e o Ministro da Fazenda, (Apoiados) convoquei o mesmo Tribunal a uma conferencia, e á vista das razões que me ponderou, desenganei o Sr. Deputado sobre a resposta, que tinha a dar á sua interpellação, a qual por isso não fez; e se o negocio é facil, veja o Sr. Deputado, a que se reduziram as esperanças, que linha posto no parecer da illustre commissão de Legislação, com o qual contára em pouco tempo. Depois disto, Sr. Presidente, em logar de um requerimento, apresentaram-se dois; mas a um não dei seguimento por ser concebido em termos inconvenientes, e o outro, que era feito em nome do Sr. Deputado, levei-o tambem ao Tribunal do Thesouro, que convidei igualmente a uma conferencia por este motivo; e depois de ouvir os respeitaveis membros, que o compõem, resolvi ouvir sobre elle o Conselheiro Procurador Geral da Fazenda, o que eu tive a franqueza de dizer ao Sr. Deputado, que ía fazer, na occasião, em que se fallou em tal requerimento, em cujos termos o Sr. Deputado concordou; mas nessa occasião me fez já tanta injustiça, que perguntou a alguem, se eu havia tido com o Tribunal do Thesouro estas conferencias, do que teve toda o certeza, e por consequencia dessa lealdade, de cuja falta sou arguido com tanta injustiça; (Apoiados) não devendo ser o Sr. Deputado, quem se julgasse com direito a isso.

Sr. Presidente, a Camara faça o seu juizo a respeito da minha pessoa, julgando da accusação, que me fez o Sr. Deputado, e desculpando-me o excesso de calor, com que me defendi; porque não podia de outro modo responder a este cumprimento, que me dirigiu o Sr. Deputado, por isso que preso a minha dignidade, e o pundonor do meu caracter. (Apoiados geraes) (Vozes; — Muito bem, muito bem.)

O Sr. Presidente: — Este negocio principiou por uma simples recommendação, e não póde proseguir; entretanto vejo-me na necessidade de pedir ao Sr. Deputado, (e espero que o faça) que haja de retirar as expressões — falla de lealdade e de franqueza — » empregadas para com o Sr. Ministro da Fazenda, por isso que não são proprias em uma questão desta ordem (apoiados).

O Sr. Assis de Carvalho: Sr. Presidente, eu responderei com menos irascibilidade, do que respondeu o Sr. Ministro da Fazenda expondo os factos. Em primeiro logar convido o Sr. Ministro da Fazenda a declarar, se fui eu quem se offereceu para ser director do fundo de amortisação, ou se leve alguma insinuação minha em tal nomeação? (O Sr. Ministro da Fazenda: — Não é o nobre Deputado).

Por consequencia desejo que a Camara acredite que nem fallei, nem ninguem fallou a meu respeito para essa nomeação, e nem ainda que eu fosse nomeado para esse logar acceitava; S. Ex.ª sabe isto muito positivamente. Portanto por esta parte a Camara deve acreditar que o zêlo que mostrei em que se nomeassem os directores por parte do Governo para fiscalisar os titulos que se passam sobre o fundo especial de amortisação, é o zêlo que todos os Deputados tem obrigação demonstrar pela fazenda publica, e que não é indifferente que a gerencia de creditos do valor aproximado a 6:000 contos de réis sobre a fazenda publica seja entregue exclusivamente á direcção do Banco de Portugal, ou a uma direcção que tambem seja representada pelo Governo em conformidade do decreto de 19 de Novembro. S. Ex.ª sabe muito bem que toda a demora que tem tido em procurar os homens convenientes para esse emprego, póde ter sido muito prejudicial para o Estado, e diz porque eu disse que o proceder de S. Ex.ª este