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respeito, não estava muito conforme com a lealdade e franqueza que S. Ex.ª tem muitas vezes demonstrado, pois que eu neste negocio segui o meio que por S. Ex.ª me foi indicado, e por não achar sufficiente o systema dos corredores aconselhado por S. Ex.ª por isso trouxe o negocio á Camara, porque me pareceu ser o logar mais proprio.

Agora no segundo negocio, o do Reguengo, por tantos titulos fadado, ha mais algumas circumstancias que me vejo forçado a declarar pela violencia, e irascibilidade com que S. Ex.ª me respondeu. Eu dirigi uma interpellação ao Sr. Ministro da Fazenda, a respeito do negocio do Reguengo, porque S. Ex.ª me disse particularmente que lha fizesse, pois que. depois da interpellação tractaria de mandar suspender aportaria do Tribunal do Thesouro Publico: fiz a interpellação, porem passados poucos dias veio S. Ex.ª dizer-me que já não podia corresponder ao que me tinha promettido particularmente, porque, tendo consultado o Tribunal do Thesouro Publico, não podia mandar suspender a portaria. Eu considerei que isto não estava muito conforme com a lealdade e franqueza que. Ex.ª mostra em todas as cousas; e peço a Camara que attenda ainda ao mais: e é que S. Ex.ª quando me disse isto, accrescentou que fizesse eu um requerimento como particular dirigido pelo Ministerio da Fazenda, que S. Ex.ª tomaria esse requerimento por fundamento, para mandar suspender a portaria: eu perguntei a S. Ex.ª se me dava a certeza de que fazendo eu o requerimento, o negocio não teria demora e seria decidido como era de justiça, porque de outro modo não faria o requerimento, e isto porque eu não queria que o meu nome andasse pelas Secretarias d'Estado, sujeito a todas as condições de um pertendente. S. Ex.ª assegurou-me que o negocio não soffreria demora, e pediu-me que fizesse eu o requerimento: fiz o requerimento, assignei-o; e o resultado não correspondeu á promessa; pois que a nenhuma difficuldade que se me notou para decidir o negocio, tornou se grande difficuldade, porque o negocio até hoje não tem tido resolução alguma, nem a espero no sentido de fazer algum bem aos povos do Algarve. Fiz o requerimento, puz nelle o meu nome, mas não se fez obra por elle, como se tinha promettido. Sr. Presidente os Deputados da Nação quando tractam de negocios publicos com os Srs. Ministros de Estado não são pertendentes de Secretaria, que precisem fazei cortezias a S. Ex.ª pelos corredores, e não sejam correspondidos nas promessas que selhès faz; não serei eu que concorra para esse costume que se pretende introduzir, que deprime a dignidade de Representante da Nação.

Estes são os motivos porque eu disse que S. Ex.ª não tinha andado nestes negocios com a franqueza e lealdade que prometteu.

O Sr. Rebello da Silva: — Sr. Presidente, depois que ouvi, sobre uma interpellação annunciada pelo Sr. Deputado que acaba de sentar-se, lançar ao Sr. Ministro da Fazenda as expressões de que S. Ex.ª em dous negocios tinha procedido menos conforme com a sua habitual franqueza e lealdade, — entendi que eu não devia deixar passar estas expressões sem manifestar que ellas são muito mal cabidas em relação ao Sr. Ministro da Fazenda (apoiados). S. Ex.ª é um dos Ministros que a Camara tem visto desempenhar os seus deveres, que comprehendeu perfeitamente as obrigações que lhe impunha o cargo que foi exercer, que não retira de si a responsabilidade dos seus actos, e que tem sido firme em manter os principios que uma vez proclamou (apoiados). Não era preciso que o Sr. Ministro désse a justificação que ha pouco apresentou, pois que a Camara tem sido testemunha da assiduidade com que S. Ex.ª se apresenta no Parlamento, o modo porque responde a respeito de todos os negocios da sua repartição, e até dos das repartições dos seus Collegas (apoiados), e não deve ser estranhado que S. Ex.ª conscio de que satisfaz aos seus deveres, tomasse algum calor, para &e defender d'uma arguição que lhe foi tão injustamente dirigida (apoiados). Eu direi, Sr. Presidente, que a muita lealdade e franqueza que ha da parte de S. Ex.ª e que deu logar á accusação que nós presenciámos; isto ha de lhe acontecer muitas vezes. S. Ex.ª não ha de achar compensação, e não ha acha-la mesmo entre os seus Collegas do Gabibete.

Sr. Presidente, admira que havendo tantos nego cios de interesse publico que estão mettidos nas commissões, e em que estas desejam ouvir os Srs. Ministros, seja o negocio de que fallou o Sr. Deputado, aquelle que peça tanto zêlo; e que S. S.ª caisse tão desapiedadamente sobre o Sr. Ministro da Fazenda, que esta aqui todos os dias das sessões desde que se abrem até que se fecham, e que esta ao mesmo tempo tomando uma responsabilidade que pertence aos seus Collegas.

E, Sr. Presidente, por esta occasião direi, que admira que tenhamos no Parlamento o Gabinete reduzido a um só Ministro: não posso deixar de me congratular com as melhoras que ha pouco nos foram communicadas que se davam no Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros, e é para mim muito grata a noticia de que S. Ex.ª em breve virá reforçar aquelles bancos (aponta para o banco dos Ministros), que tem estado tão desertos; assim como tenho muito a sentir a doença que repentinamente atacou o Sr. Ministro do Reino e Presidente do Conselho. Mas o que é certo, Sr. Presidente, é que é impossivel que este estado a respeito da ausencia do Ministerio possa continuar: pergunto, como se hão de tractar das graves discussões sem estarem presentes os Ministros que, a respeito dellas, nos podem e devem dar certas explicações ou certos esclarecimentos?... Como se ha de votar uma verba pertencente ao Ministerio da Marinha, ou ao Ministerio da Guerra, se o Sr. Ministro não apparece aqui. E isto tanto mais é digno de reparo, quanto não me consta que S. Ex.ª esteja doente, tem perfeita saude; ainda um destes dias esteve nos corredores da Camara, porém não appareceu na Sala. Não sei se o procedimento da parte de alguns Srs. Ministros é respeitar o Parlamento, não sei se isto é conhecer os principios da responsabilidade, nem sei se desta maneira se podem preencher todas as condições do Systema Representativo; o que eu vejo, é que a Camara é obrigada a votar verba sobre verba, credito sobre credito, negocio sobre negocio, sem que appareça a responsabilidade do Ministro com quem tem relação cada uma destas cousas (apoiados).

Sr. Presidente, antes de se passar á ordem do dia eu preciso fazer uma proposta para que sejam convidados os Srs. Ministros que estão em estado de saude a virem assistir ás discussões desta Camara. Neste sentido vou mandar para a Mesa o seguinte

Requerimento. — «Requeiro que os Srs. Minis