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E d'ahi se Segue que todos poderão dizer como o ultimo republicano depois da batalha: = se o nosso procedimento não agrada aos homens, a causa vencida agrada-nos a nós, é quanto basta =. Mando a minha proposta para a mesa. (Apoiados. — Votes: — (Muito bem.)

O orador foi cumprimentado por muitos srs. deputados.

Discurso que devia lêr-se a pag. 182. col. 2.ª lin. 10, da sessão n.° 9 d'este vol.

O sr. Barão das Lages: — Sr. presidente, é talvez temeridade da minha parte apresentar algumas considerações a esta camara depois do brilhante discurso do nobre deputado e meu illustre amigo o sr. Passos (Manuel); mas como a materia sobre que pedi a palavra foi largamente discutida por cada um dos cavalheiros que sôbre ella fallou, eu expenderei tambem sôbre este objecto a minha opinião; mas antes d'isso peço licença ao meu illustre amigo o sr. Passos Manuel) para lhe dizer que pertence ao partido progressista a reforma do monopolio do tabaco.

Sr. presidente, eu tenho ouvido por toda a parte, tenho lido nos artigos dos jornaes que todos abertamente se declaram contra o monopolio do tabaco com toda a energia. Foi uma bandeira de guerra que se levantou contra este monopolio, a do partido de que é chefe o nobre deputado que se senta d'este lado da camara.

Ora, sr. presidente, eu declaro a V. ex.ª e declaro á camara que eu em politica sou sceptico; as minhas illusões acabaram sobre similhante ponto: depois que vi os ultimos acontecimentos que tiveram logar, fiquei inteiramente convencido de que a politica n’este paiz não é mais que um meio para chegar a certos fins. O meu espirito quasi que se recusa a acreditar uma cousa em que não ha senão as mais notaveis contradicções. Eu vi os ministros que ainda ha pouco se sentavam naquellas cadeiras, proporem ao parlamento um systema que foi ardentemente combalido, e os adversarios politicos que triumpharam d'esse governo, e que vieram substitui-lo naquelles bancos, vimo-los apresentar as mesmas idéas que linham sustentado aquelles a quem combateram! Vimos que foram postas em pratica as mesmas medidas economicas dos seus adversarios, e que não subiram ao poder senão para seguir o mesmo systema dos que antes d'elles se sentavam naquellas cadeiras. Eu o que desejava é que taes absurdos em politica não passem para uma outra ordem de acontecimentos que podem ser muito mais prejudiciaes.

Sr. presidente, quaes são as medidas que os homens que subiram ao poder nos apresentaram sobre a administração publica d'esle paiz? Essas grandes reformas em que nos fallavam não apparecem; mas trouxeram-nos o commando em chefe, trouxeram-nos o monopolio do tabaco, e outras medidas que eram constantemente contrariadas pelos srs. ministros quando estavam na opposição, e não se tratou de mais nada! A vista d'este acontecimento, as minhas convicções estão formadas, não ha em politica, em Porlugal, facto nenhum novo senão aquelle que estabeleceu a regeneração n'este paiz; porque estabeleceu uma politica que não tinha apparecido até ahi, uma politica de tolerancia, um systema regular de pagamentos aos empregados publicos e um systema de grande desenvolvimento de vias de communicação.

Sr. presidente, o nobre deputado o sr. Passos (Manuel) acabou de fazer sentir á camara a situação embaraçosa em que se collocaria o sr. ministro da fazenda se acaso se tivesse votado a administração do contrato do tabaco por conta do estado, e eu estou persuadido que a arrematação ainda ha de dar ao nobre ministro muitos desgostos.

Eu votei pela administração por conta doestado, e declaro francamente que não julgo que a administração por conta do estado seja boa, mas que é melhor do que a arrematação.

Eu tremi diante da idéa de que se apresentasse em praça uma companhia que não gerisse com honra este contrato, porque nós teriamos de ver todo o contrabando feito por essa companhia.

O nobre ministro da fazenda quer ficar com o arbitrio para escolher aquella companhia que lhe faça mais conta; mas eu notarei ao nobre ministro que do momento em que s. ex.ª ficar com este arbitrio a praça acabou. A praça deixou de produzir 1.321:000$000 réis, e a praça é aquelle que dá mais. Mas aqui não ha praça, no momento em que se disse que a regra é unia auctorisação ao sr. ministro da fazenda para dar o contrato á companhia que quizer, ou para o administrar ainda mesmo que dê mais de 1.321:000$000 réis, já se vê que não é possivel a praça. Sr. presidente, eu dirigi ao sr. ministro da fazenda uma pergunta, porque fallo a verdade, não sabia como havia de votar, s. ex.ª não esclareceu bem a questão, e por isso eu pedi que me respondesse a uma pergunta. S. ex.ª disse que mandasse eu as minhas propostas para a mesa, que a commissão as attendem, mas a commissão nem as attendeu nem as desattendeu, e eu desejava que a commissão dissesse alguma cousa a respeito d'ellas para nós podermos votar isto com mais conhecimento de causa. Eu pergunto ao sr. ministro: apparece em praça uma companhia, esta companhia offerece réis 1.321:000$000 e ha outra que offerece 1.500:000$000 réis; mas esta não offerece ao nobre ministro as mesmas garantias que a primeira, pergunto: — vae s. ex.ª n'este caso escolher aquella que dê maior quantia? Se é assim, n'este caso não ha praça, (susurro) sr. presidente, no estado em que esta a camara é inteiramente impossivel a discussão, e por isso entendo que o mais prudente é sentar-me, e a camara que faça o que quizer.

Discurso que devia lêr-se a pag. 196, col. 2.ª, lin. 54, da sessão n.° 10 d'este vol.

O sr. Barão das Lages: — Sr. presidente, o illustre deputado que acaba de fallar em relação ao Douro, peço licença para lhe dizer, desconhece completamente a situação em que se acha aquelle paiz; (Apoiados.) porque se o illustre deputado fosse daquelles sitios, ou tivesse mesmo viajado naquellas terras, era impossivel que viesse avançar proposições como aquellas que acabou de expender Eu assignei uma proposta com muitos cavalheiros que pertencem áquella provincia, mas quando eu a assignei, previ logo qual havia de ser a sua sorte.

Eu, sei, sr. presidente, que estas manifestações em favor da provincia do Douro são sempre recebidas com uma completa indifferença dentro d'esta casa; mas eu appello para um cavalheiro que tem obrigação de me ouvir, de me attender, e que me servirá naquillo que for justo; este cavalheiro é o sr. Antonio José d'Avila; eu appello e recorro da injustiça da commissão de fazenda para o animo agradecido do nobre ministro; o nobre ministro sabe muito bem que muitas vezes aquella provincia abriu as portas do parlamento a s. ex.ª; a primeira, quando s. ex.ª gemia debaixo do pêso das mais graves accusações, o nobre ministro entrou n'esta casa eleito deputado por aquellas terras, e teve occasião de justificar-se plenamente das tristes calumnias de que era victima; a segunda, sr. presidente, é agora: o nobre ministro vê bem que a provincia do Douro abriu as portas, pela segunda vez a s. ex.ª, aplanando-lhe a estrada para subir ao