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sas, e espera de amigos e inimigos que o julguem unicamente pelos seus actos. (apoiados Fozes — Muito bem, excellentemente).

O Sr. Presidente: — O projecte sobre a lei de meios estava já resolvido pela Camara que fosse dado para ordem do dia com preferencia a qualquer outro, mesmo ao das estradas, ao qual se tinha dado preferencia sobre todos os outros; achava-se em discussão com tudo o projecto n.º 35 sobre administração publica, o qual já se tinha discutido por muitos dia, e não estava na alçada da Mesa adiar este projecto sem que o Governo, de quem era a proposta originaria, pedisse que fosse retirado da discussão; agora porem que o Sr. Presidente do Conselho de Ministros pede á Camara, que se occupe incessantemente da discussão da lei de meios eu Vou propôr a urgencia desta discussão, (apoiados)

Foi julgada urgente por 72 votos contra 2.

O Sr. Carlos Bento — Eu pedi a palavra sobre a ordem, porque entendo que, nas actuaes circumstancias, este negocio não deve limitar-se á simples informação dada á Camara de que houve mudança de Gabinete, e este a apresentar o seu programma. Um acontecimento desta ordem é muito importante; a occasião é solemne; é preciso saber-se quaes as razões que concorreram para a nomeação d'uma nova Administração; não se deve tirar ao Deputado a liberdade e o direito que tem de sustentar as prerrogativas, quando quer fazer algumas perguntas sobre um tal acontecimento, tanto mais quando elle não e resultado d'uma votação deste Parlamento; < por isso eu pedi a palavra a V. Ex.ª, a fim de consentir, se tanto podesse, senão sujeitar isso á decisão da Camara, que eu dirija algumas perguntas ao Sr. Presidente do Conselho, a fim de saber quaes foram os motivos, que deram logar a uma mudança de Gabinete.

O Sr. Presidente — O illustre Deputado sabe quaes são os precedentes a este respeito; a Soberana nomeando um novo Ministerio fez uso livre de uma prerogativa, que lhe compete pela Carta Constitucional (apoiados) Com tudo se o illustre Deputado quer fazer algumas perguntas a esse respeito, creio que os Srs. Ministros não terão duvida de dar ao illustre Deputado aquellas explicações, que forem em harmonia e dentro dos limites das practicas Parlamentares, (apoiado)

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros: — Sr. Presidente, eu pedia a V. Ex.ª, e a Camara, se tanto e necessario, que consinta que o Sr. Deputado falle para dirigir ao Governo aquellas perguntas que entender, (apoiados) Eu tambem, com o nobre Deputado, digo que esta occasião e solemne; o Ministerio não deve recusar-se a responder a qualquer pergunta, máo o Ministerio ha de responder áquellas, para que estiver habilitado. Pedia pois a V. Ex.ª, e á Camara, que deve a palavra ao nobre Deputado. (apoiados)

O Sr. Presidente — Eu já tinha manifestado, que o Sr. Deputado podia fazer uso da palavra, para fazer aquellas perguntas que julgasse convenientes, dentro dos limites das practicas Parlamentares, e nesta conformidade póde fazer uso da palavra, que ora lhe concedo para o fim indicado pelo Sr. Deputado. (apoiados).

O Sr. Carlos Bento — Sr. Presidente, teve logar uma importante mudança ministerial; já não é a primeira que tem tido lugar desde que o Parlamento esta aberto; e» pergunto em: tem o Parlamento a consciencia de ter concorrido com a sua influencia parar essa mudança ministerial?... Tem o Parlamento a consciencia de que com o seu voto concorreu para esta, e para as mais mudanças ministeriaes que se tem verificado desde que o Parlamento esta aberto?... De cento que não tem. O que eu vejo e que este e demais Ministerios que se tem retirado, tem sido sempre carregados com os votos da maioria, tem succumbido debaixo do pêso dos votos da maioria! Já se vê por tanto que estas mudanças de Administração não tem sido resultado do» votos da Camara; tem havido sempre uma causa estranha, que as tem determinado, e eis-aqui um dos grandes inconvenientes, e uma das grandes desgraças no Systema Representativo.

Sr. Presidente, houve a mudança ministerial; esta collocado á testa della um cavalheiro, que formava parte do Parlamento, e que formando parte do Parlamento pela sua posição politica, não podia deixar de ter todo a parte nas votações do mesmo Parlamento; vejo que S. Ex.ª em todas essas votações não abandonou a Administração anterior, isto é, a Administração anterior foi substituida por cavalheiros, que me parece que tem as mesmas opiniões politicas, porque as suas votações são conformes com a Administração; logo segue-se que ainda mais uma vez a Administração foi mudada, sem que houvesse um motivo forte para que isto succedesse.

Ora pergunto á Camara: qual e a garantia que a nova Administração póde dar da sua duração a testa dos negocios, quando substituiu uma que se retirou, quando se ornava com os louros parlamentares? Qual e a garantia que o Sr. Presidente do Conselho actual póde dar de que esta Administração ha de continuar sentada nos seus logares, tendo os voto» da maioria desta Camara e da outra, depois de uma semilhante retirada? E isto não é um facto isolado, como já disse, e uma sequencia de factos, que mostram que as mudanças de Administração tem logar entre nos, sem que influa o elemento parlamentar; e então, Sr. Presidente, eu pediria uma explicação da parte destes illustres cavalheiros.

Eu supponho que a missão que temos a preencher nesta Casa, não se limita a troca de manifestações officiosas de uns para com os outros, nós não viemos a esta Camara para ser civis e amaveis, e para pagar obrigações e fazer cumprimentos; viemos aqui para desempenhar um dever pesadissimo, cujo desempenho nos deve ser superior a outras considerações, e por conseguinte, quando eu insisto neste ponto, quando insto pelas explicações, e porque estou altamente convencido de que as circumstancias que acompanharam a formação da actual Administração, tem justificado as considerações, a que deram logar as circumstancias, que acompanharam a formação de Administrações anteriores.

Porque, Sr. Presidente se eu visse, como tenho visto, como vi agora, que uma modificação, ou que uma mudança de Ministerio se tinha effectuado sem a necessaria influencia da acção parlamentar, que deveria eu dizer, por exemplo, a respeito de muitas questões, que ha a resolver pelo actual Ministerio? -Permitta-me o illustre Presidente do Conselho, que lhe diga, que S. Ex.ª dizendo que não queria fazer grandes promessas, e programmas pomposos, pro-