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elmentos sobre o systema que se pertende seguir na organisação da fazenda publica, e donde provém a economia, que S. Ex.ª annunciou, como fazendo parte do programma do actual Ministerio; porque dizer só — haja economia — isto não satisfaz, isto não resolve a questão financeira (apoiados): porque mais de uma vez a commissão de Fazenda, no relatorio sobre a lei de meios, diz a esta Camara o seguinte — É preciso sair, d'uma vez por todas, deste desgraçado systema, em que nos achamos, que nos leva á borda do abismo. — Que significa isto senão que o systema pelo qual esta Camara tem constantemente votado, é máo, é pessimo? Pois é este systema até agora seguido, que o novo Ministerio vai acceitar!.. Eis-aqui a situação em que nos achamos, e a respeito da qual a unica consolação que se nos apresenta, é a esperança da palavra — Economia. Entendo que o Ministerio deve ser mais positivo a este respeito.

Em quanto a mim vejo-me obrigado a continuar na porção que occupo nesta Camara, o que é contra minha vontade, como sempre contra minha vontade tenha sido opposição. Se fui opposição a uma Administração, cujo principal defeito consistia na ausencia de actos, apesar de que esta Administração pelas suas palavras não inculcava uma politica, que se chama forte algumas vezes, e outros chamam-lhe violenta, (e tem suas razões para assim a chamarem) não posso agora deixar de fazer opposição a uma Administração precidida pelo Sr. Conde de Thomar, ainda que se diga que é uma injustiça contra a sua pessoa, por que estou certo que esta politica forte ha de ser seguida por S. Ex.ª; e S. Ex.ª tem necessidade de practicar muitos mais actos, do que qualquer outro Ministro, para fazer acreditar esta sua nova politica por pessoas, que é preciso que acreditem; não digo que S. Ex.ª tome a tarefa de fazer acreditar toda agente, e todos os partidos, mas tem precisão de destruir uma opposição, bem ou mal formada, que existe bastante arreigada no paiz. Por tanto não podendo apoiar a presente Administração, com bastante sentimento meu, com tudo espero que S. Ex.ª queira ter a bondade de dar algumas explicações sobre os pontos que loquei.

O Sr. Presidente do Conselho. — Começarei rectificando um êrro, em que parece que S. S.ª esta, relativamente ao Ministerio actual; não se tracta de uma modificação ministerial; ha um Gabinete inteiramente novo: por tanto tudo quanto S. S.ª expendeu a tal respeito, cae por terra, e não me faço cargo de lhe responder. O nobre Deputado quer saber os motivos porque havia saído uma Administração, que tinha o apoio desta Camara, e os motivos porque havia sido nomeada outra para a substituir: quanto á primeira parte ha de o nobre Deputado convir, que não sou eu a pessoa competente habilitada para lhe responder; dirija-se o nobre Deputado aos illustres cavalheiros que formaram essa Administração, porque elles lhe expenderão os motivos que tiveram para pedirem a S. Magestade a demissão (apoiados). Quanto ao Ministerio actual não posso dar explicações, se não desde o momento que elle esta formado; o nobre Deputado ha de ser justo, e não deve considerar-se com direito de pedir explicações, senão dos actos que desde então tivermos practicado. Isto de julgar os homens pelos antecedentes, acaba de ser condemnado pelo proprio Sr. Deputado; S. S.ª entende que não se póde procurar os homens pela significação dos principios do partido, a que elles pertencem: mas se é verdade este principio em certas circumstancias, não póde duvidar-se de que os principios politicos devem necessariamente influir para se avaliar um Ministerio qualquer; mas se isto não é possivel em toda a sua extensão, não póde o nobre Deputado negar que então e necessario esperar os actos para se avaliar este Ministerio; S. S.ª começou logo por condemnar o Ministerio, sem esperar pelos seus actos (apoiados).

Se os Ministros devem ser justos, é necessario que as opposições o sejam tambem, e se colloquem no campo da imparcialidade e justiça; e que não appareça desde logo eivada de odios contra pessoas ou contra Ministros. Não tenho mudado de principios politicos; tenho os mesmos que tinha durante o tempo que tive a honra de fazer parte dos conselhos da Soberana; mas tenho aprendido muito pela experiencia, e alguma cousa pelo estudo; e entendo que o homem de Estado todos os dias aprende, e tem obrigação de tirar resultado désse estudo. Espere o Sr. Deputado pelos actos da Administração; espere pelos actos que eu practicar como parte dessa Administração, e então me julgára. Até lá peço ao illustre Deputado que seja mais justo.

Sr. Presidente, apresentei um programma em termos vagos; porém persuado-me que as quatro palavras, que tinha pronunciado como programma do Governo, significavam tudo. Compete aos illustres Deputados irem pedindo, á proporção que se forem discutindo as medidas, as explicações do Governo sobre cada uma das palavras, para vêr se o pensamento do Governo corresponde ou não a ellas. O illustre Deputado começou desde logo por enumerar alguns pontos, a respeito dos quaes exige explicações cathegoricas do Governo, e eu tinha direito a esperar que o Sr. Deputado ouvisse primeiro as respostas do Governo, para verificar se são conformes ou não com o seu programma.

Quer o Sr. Deputado uma explicação cathegorica a respeito da lei eleitoral. A minha opinião é a mesma que tive; a do Gabinete não aposso por ora dizer. Um Gabinete formado hontem á tarde podia já dar contas, e apresentar a sua opinião sobre materia tão importante, quando ainda não teve tempo, nem, para assim dizer, trocar palavras sobre essa questão? Quando chegar essa occasião, o Governo ha de apresentar muito claramente a sua opinião; na sessão seguinte, se este Ministerio chegar até lá, não ha de ladear, ha de pôr-se á frente da questão conforme as suas força e intelligencia.

O illustre Deputado referiu-se a um acto de clemencia; e estes sentimentos, que são muito louvaveis, não deviam ser restrictos ao ponto que alludiu, mas devia apresenta-lo em um ponto mais generico, porque se esse caso reclama essa justiça, outros estão no mesmo caso a que deve ser applicada, e o Governo foi muito adiante dos desejos do illustre Deputado em considerar esse objecto, porque se o illustre Deputado deseja conciliar os partidos, e deseja fazer justiça a todos, não póde tractar de uma questão sem tractar da outra — justiça para todos; e esperava que o illustre Deputado que se occupou daquelle objecto, se occupasse de outros. Eu declaro á Camara que o Governo se occupou de objectos analogos, e que da sua parte já fez o que tinha a fazer, mas que não