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tem sido possivel, em tão curto espaço, apresentar em altas regiões o que entende a tal respeito.

Entende o illustre Deputado que o Ministerio abunda em notabilidades financeiras. Ainda bem; eu devo declarar á Camara, que quando me encarreguei de desempenhar a commissão, com que me honrou Sua Magestade, o primeiro pensamento que se me suggeriu foi o da fazenda publica, porque entendo que tudo o mais esta subordinado a esta questão (muitos apoiados.) E portanto procurei individuos, que me acompanhassem a desempenhar essa tarefa, que pésa hoje sobre os nossos hombros, e espero que o Governo a ha de apresentar na sessão seguinte de uma maneira, que não deixará de agradar ao Parlamento, ou pelo menos havemos de mostrar que tomamos a peito esta importante questão, e que fizemos tudo quanto foi possivel para a resolver. Podem não ser felizes as nossas lembranças, mas havemos de mostrar que trabalhamos, e que trabalhamos incessantemente.

Mas estranha-se que no Ministerio esteja o presidente do Banco. Eu entendo que se devia estimar; porque, Sr. Presidente, eu não considero o Banco, como muita gente o considera. Eu não sou inimigo do Banco, nem de nenhum estabelecimento ou companhia desta ordem, porque eu entendo que o Banco tem feito serviços ao paiz, e que tem salvado da ruina muitas familias, que senão salvariam, se elle não existisse; e comtudo não se julgue que o Governo se ha de pôr aos pés do Banco; não, Senhores; estimarei muito estar de accôrdo com muitos estabelecimentos, e companhias monetarias nesta questão, para nos ajudarem a resolver as difficuldades financeiras, mas não tenho a idéa de fazer contractos ruinosos para o paiz; e espero que os actos do Governo hão de convencer o paiz de que as promessas que eu faço, são sinceras.

Nem era de esperar do caracter do presidente do Banco, que se assenta a meu lado, que se podesse suppôr que elle podia sacrificar os interesses nacionaes aos interesses do Banco; era impossivel; mas se se desse esse caso, não estão aqui cinco collegas, para decidir esses negocios? A qualidade de presidente do Banco não póde fazer suscitai maiores desejos de sustentar os seus interesses, do que qualquer outro accionista; e eu pergunto, se tal principio ser visse, não havia por aí muitos individuos, do serviço dos quaes a Nação seria obrigada a privar-se? (apoiados)

O illustre Deputado entende que eu tenho uma significação, e que pelo facto de não ter aqui os meus adversarios politicos, não posso ser Ministro. Eu não sei se tenho aqui ou não muitos adversarios; pelo menos no illustre Deputado tenho já a considerar um grande inimigo, porque sem esperar por nenhum dos meus actos na qualidade de Ministro, começou já a fazer opposição áquillo que ainda hei de fazer. Mas tenho eu culpa que os meus adversarios politicos sejam os inimigos da Nação, os rejeitados por ella? Pois tenho culpa de que sendo a Nação chamada a dar o seu voto na urna repellisse os meus adversarios politicos? Nenhuma. Acaso não sustentei eu aqui as minhas opiniões por uns poucos de annos contra esses meus adversarios? Sinto não ver alli sentados vinte ou trinta desses individuos, porque era com elles que eu havia de discutir os pontos, e as propostas, que hei de apresentar ás Côrtes, porque é da discussão que se ha-de ver a justiça, e a verdade dellas (apoiados. Mas repito, não sou o culpado de não estarem naquellas cadeiras.

O programma do Governo não se póde resolver, porque esta resumido em quatro palavras? Permitta-me o illustre Deputado que lhe diga, que não é em uma explicação como a que pede, que póde ver resolvida, pelo menos, a questão financeira. S. S.ª disse que a palavra — economia — não significa nada, e eu entendo que significa tudo; mas Senão significa nada, parece-me que tudo quanto disse o illustre Deputado ainda significa menos (apoiados.) Esta questão devia ser tractada na discussão da lei de meios. Pois não a pedimos nós já? Não é nessa discussão que o illustre Deputado póde pedir essas explicações, estando nós aqui para lhas dar? Quer o illustre Deputado em uma simples explicação que o Governo responda sobre alguns pontos, a respeito dos quaes não póde dar já a sua opinião, porquê senão tem ainda pronunciado, nem consultado sobre isso? É exigir de mais. Eu não sei se a minha politica é o que o illustre Deputado chamou — politica forte; o que sei dizer é que a par da força, mas da força legal, ha de tambem haver generosidade, e teem sido sempre estes os principios, que me teem dirigido. Não tenho eu culpa de que essa generosidade não seja col respondida pelos meus adversarios; não tenho eu culpa de que elles senão contentem com o que se devem contentar, e que entendam que para destruir os planos dos seus adversarios politicos é necessario sempre ir para o campo, e fazer revoluções. O illustre Deputado agora mesmo nos acaba de ameaçar com ella, porque diz que no momento em que é chamado um individuo, cuja opinião politica é conhecida, e que não póde ser combatida no Parlamento pelos seus adversarios politicos, é necessario que reajam lá fóra. (O Sr. Carlos Bento: — Não disse tal.) Se retira o que disse, tambem eu retiro o que acabo de dizer.

Sr. Presidente, eu não posso como disse o illustre Deputado convencer todo o Mundo, e declaro francamente ao illustre Deputado que não hei de procurar convencer, senão com a marcha do Governo; não sei se o Governo esta organisado em contraposição com a politica da maioria, o que sei é que a maioria é muito justa, para esperar pelos actos do Governo, e ver, em fim, se deve ou não approvar a sua politica. Não posso deixar de considerar que a maioria começou hoje mesmo a dar uma prova de confiança que tem no Governo, approvando por 72 votos contra 2 o requerimento, que fiz em nome do Governo para entrar em discussão a lei de meios; e isto prova a confiança da maioria no Governo, a qual espero continuar a merecer. Mas devo francamente declarar aqui que no momento em que a maioria entender que a politica do Gabinete não merece a sua confiança, deve votar contra, porque nós só queremos com o nosso systema ter alguma gloria em fazer o bem do paiz; e se infelizmente não conseguirmos que os nossos esforços satisfaçam, a Camara rejeite, que nós havemos de immediatamente depor as Pastas aos pés do Throno. Por consequencia não haja generosidade com o Governo; haja justiça; avaliem-se as suas medidas; e em conformidade com os seus actos decidirá o Parlamento como entender (apoiados — muito bem, muito bem.)

O Sr. Carlos Bento: — Sr. Presidente, eu serei muito breve, e tocarei sómente em alguns pontos referidos pelo Sr. Presidente do Conselho. — Disse S. Ex.ª, que linha já a garantia da approvação da