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maioria no voto que esta ultimamente deu sobre a urgencia da lei dos meios, e disse S. Ex.ª, que esta votação só tinha deixado de ser unanime, unicamente por dois votos, entrando nesse numero o meu. — Eu peço-licença a S. Ex.ª para lhe notar que não deve invocar essa Votação como garantia da confiança da Camara, porque dessas votações é que veem as circumstancias, em que nos achamos. S. Ex.ª não se fez cargo de responder ás observações por mim feitas a respeito da falta de influencia do voto do Parlamento na conservação ou não conservação dos Ministerios. E preciso, que S. Ex.ª fique certo, que as votações não significam nada a este respeito; S. Ex.ª póde sentar-se nessas cadeiras, certo de que tem o voto da maioria, contar com elle sempre, mas amanhã ou no mesmo dia sair dessas cadeiras, sem que para isso tenha concorrido a influencia do voto da Camara. É isto o que se tem passado entre nós. Portanto o voto do Parlamento não é garantia da conservação do Ministerio; tem acontecido inteiramente o contrario: quando o Governo ganha qualquer votação importante, cae depois della. Agora se S. Ex.ª me garante que daqui em diante é outra cousa, que havendo maioria já o Governo se conserva, se S. Ex.ª se julga auctorisado para me garantir isto, muito bem cremos nós; e deixam de ter logar os inconvenientes da situação actual, que não e filha do voto do Parlamento. Disse S. Ex.ª — Que eu tinha atacado o caracter de um cavalheiro, que é membro do Governo. — Peço perdão a S. Ex.ª para lhe dizer, que das reflexões que eu fiz a este respeito, não se póde tirar tal illação, nem eu apresentei opinião definitiva a este respeito: disse só que lá fóra não podia talvez ser muito bem considerada a circumstancia de fazer parte do Gabinete um cavalheiro, que preside a um estabelecimento importante. Disse tambem S. Ex.ª — Que esperasse eu pelos actos do Ministerio a respeito das medidas financeiras. — Pois os cavalheiros que se sentam actualmente nos bancos dos Ministros, não teem já elles manifestado as suas opiniões a respeito de um similhante objecto? Pois o cavalheiro que occupa a pasta da Fazenda, não tem votado e discutido nesta Camara este objecto? Não teem elle na commissão de Fazenda e neta Camara manifestado as suas opiniões a respeito de medidas de fazenda? Não acontecera mesma cousa, pelo que toca a S. Ex.ª o Sr. Ministro da Marinha?,. Depois disto para que é preciso esperar pelos seus actos? As opiniões de S. Ex.ª o Sr. Ministro da Fazenda são bem conhecidas a este respeito; não posso suppôr que só pelo simples facto de S. Ex.ª passar da cadeira de Deputado para a de Ministro mudasse de opinião, e tenha já adquirido outras. Portanto não poderemos nós já assegurar quaes serão os actos desta Administração a respeito das medidas de fazenda?... E querer muito apertar a venda para deixar de vêr quaes serão esses actos. — Repito, não esta Ministro da Fazenda um membro da commissão de Fazenda? Não esta Ministro da Marinha o presidente da commissão de Fazenda? Pois não se sabe quaes são as suas opiniões a respeito desta questão? Oh! Sr. Presidente, se queremos passar tempo em generalidades, muito bem; siga-se essa generalidade, esperemos os actos do Governo, cruzemos os braços, e esperemos esses actos do Governo; mas, Sr. Presidente, se quisermos pôr de lado essas generalidades; se quisermos recorrer a historia, devemos confessar, que toda a Camara sabe quaes são as opiniões do Governo, e quaes são as medidas a respeito de fazenda, que temos a esperar do mesmo Governo.

Sr. Presidente, a respeito do Banco de Portugal, eu devo dizer a S. Ex.ª que não sou inimigo delle; realmente não quero ter o prazer de Erostrato em ir deitar fogo ao Banco; quiz só notar que era um dos grandes inconvenientes da Administração actual o ter entre si um cavalheiro tão ligado com aquelle estabelecimento; digo que sem ser inimigo do Banco, com tudo devo advertir que entendo, que é necessario que a Administração esteja completamente desprendida de todas as relações com esse estabelecimento para o effeito de poder, na occasião propria, tomar aquellas medidas que julgar necessarias.

Disse S. Ex.ª que não tinha culpa da ausencia da oposição nestas cadeiras; que não tinha culpa que a Nação repellisse os inimigos de S. Ex.ª ora parece-me que a questão assim collocada, é collocada muito pessoalmente; deste modo entende S. Ex.ª que a votação da Nação linha sido em attenção á sua pessoa, e parece-me que os votos de uma Nação não devem nunca explicar-se desta maneira. Ora o que é certo é que S. Ex.ª tem uma significação politica, e que ella nas circunstancias actuaes aggrava a situação; se S. Ex.ª não tivesse essa significação politica, não era hoje Presidente do Conselho de Ministros, e essa politica nas circunstancias, em que nos achamos, não satisfaz ás exigencias da época.

O Sr. Ministro da Justiça: — Sr. Presidente, depois de communicado á Camara o programma do actual Ministerio, e das explicações dadas pelo Sr. Presidente do Conselho, provocadas pelo nobre Deputado, que me precedeu, os membros do Gabinete não tinham algumas outras a dar; por que o programma posto que singello nas suas expressões, significa quanto é bastante, para que a Camara saiba o caminho que o Governo tem a seguir; nem a Camara podia esperar que acompanhassem este programma expressões, que já a pozessem ao facto dos detalhes do seu desenvolvimento; isto era impossivel. Por tanto nem eu, nem nenhum dos meus nobres Collegas podiam pedir a palavra neste momento; mas como se fizeram algumas allusões a um grande estabelecimento, a que presidi, eu não posso ficar silencioso neste momento; por que as allusões foram fortes no meu entender, e porque se algum Sr. Deputado ha nesta Camara, que podesse dar testemunho das relações deste estabelecimento, a que se referiu, com o Governo, era o illustre Deputado, por que talvez seja o unico dos que me ouvem, que estava mais habilitado para dar testemunho de que o Banco de Portugal, a que tive a honra de pertencer, não tem relações nenhumas com o Governo, absolutamente nenhumas; não tem a fazer exigencias delle, senão que o Governo cumpra da sua parte os contractos e obrigações, que tem feito, assim como o Banco as cumpre igualmente. Mas não é ao Ministro da Corôa (seja qualquer que fôr) que compete propugnar pelo cumprimento destas obrigações! Por que? Desde o momento em que entrei no Ministerio, deixei de ser presidente Banco; sou simples accionista, e ninguem dirá que é prohibido aos accionistas do Banco sentarem-se nestas cadeiras. (apoiados).

Sr. Presidente, os grandes desejos do Banco a res-