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sivel que a Commissão dê o seu Parecer tão prompto como se deseja, porque ha de querer dallo bom e acertado.

O Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros: — Eu só me levanto para dizer, que ainda que a Gazeta de que se falla tem o titulo de Diario do Governo, não a dirige senão na Parte Official, com o resto da redacção nada tem tido o Governo, e só os Redactores que supponho a entregam a uma Commissão composta dos Officiaes da Secretaria que dirigem o trabalho, e se ha alguma demora na publicação das Sessões da Camara, depende dos Redactores. — Eu desejo muito que as Sessões da Camara se publiquem quanto antes; e digo, que em 1826 houve uma intelligencia com os redactores para que se publicassem immediatamente naquelle Diario as Sessões da Camara, o que se effectuou. Concluo pois, que tenho tanto desejo como o Digno Par em que se imprimam quanto antes as Sessões da Camara, e por isso estimarei que temporariamente se adopte alguma medida para esse fim, em quanto se não toma uma resolução definitiva sobre o Diario; entretanto repito que o Governo nada tem tido com a redacção do Diario do Governo, senão em quanto á Parte Official.

O Sr. Gyrão: — Eu não me opponho a que haja um Diario, mas o que desejo é que elle seja feito com a decencia digna, e não mandando a Camara dizer á Imprensa, que o imprima; e a razão é porque não tem poder para isso. Aqui tem-se repetido muitos costumes que haviam nas Côrtes de 20, onde a cada passo se tomava ali uma deliberação, que era cumprida: agora é outra cousa; os Poderes Politicos estão divididos, e cada um tem as suas attribuições, sem que esta Camara possa por si só determinar despezas pela Fazenda, não acho por isso digno o mandar dizer á Imprensa = imprima lá isso = sem primeiro procurar os meios; demais um Diario traz comsigo muitas despezas, é preciso Redactores, estes hão de ter ordenado, e isto aumenta despezas, para o que é preciso ter attenção; o Diario das Côrtes de 20, importou em 40 contos; é verdade que havia Sessão, que levava 10 folhas, o que aqui não acontecerá; portanto é mais razoavel esperar que a Commissão que está encarregada deste negocio dê o seu parecer, e que elle seja dentro das attribuições da Camara. O ser Constitucional consiste em cada um estar nos seus deveres, e se um Poder Politico se intrometter nas attribuições do outro, o resultado é a desordem. Digo pois, que estimarei que haja Diario quanto antes, mas que acho mais acertado para obrar com ordem esperar, que a Commissão apresente o seu Parecer sobre este objecto.

O Sr. Visconde da Serra do Pilar: — Eu teria muita cousa que ponderar a respeito do que acaba de dizer o Sr. Gyrão, mas isso, a ser necessario, fica reservado para a discussão, porque actualmente seria fóra da Ordem, Esse papel que apparece com o titulo de Diario do Governo está bem ao alcance de se lhe mandar alguma ordem da Camara, que eu creio se cumpriria por me persuadir que no Governo não ha quem se opponha a que appareçam as nossas discussões. Mas desta, ou de outra maneira, é indispensavel que se publiquem, em quanto não tivermos um Diario.

O Sr. Sarmento: — É fóra de toda a dúvida, e creio que todos os Dignos Pares estarão persuadidos que quando eu ha pouco fiz alguns reparos por occasião da questão ao Diario, não foi minha intenção aproveitar-me della para invectivar o Governo: parecia-me que eu não poderia approvar, se fosse Membro do Governo, que o Diario do Governo tivesse similhante titulo: mas isto não me pertence a mim ainda que o lembrallo não é falta de deferencia.

Seria antes de parecer continuasse o antigo titulo de Gazeta Official, contendo só as Peças Officiaes, sem abranger mais cousa alguma; mas isto como já disse não me pertence, e o digo unicamente como opinião livre a todo o mundo, e principalmente aos Membros de uma Camara Legislativa. O titulo de Diario do Governo não exprime com exactidão a qualidade das Peças que nelle se imprimem, e póde mesmo originar o absurdo logico dando-se o simul esse et non esse, pois é Diario do Governo, e ao mesmo tempo o Governo nada tem com elle? — A respeito do que disse o Sr. Gyrão, posso assegurar que a Commissão ha de ter em vista quanto fôr necessario para que a Camara não exerça, neste negocio attribuições fóra do Poder Legislativo, ha de mesmo olhar até onde chegam as prerogativas da Camara, e por isso não se arriscará a cometter erros tão palpaveis: mas em quanto ella não apresenta o seu trabalho, não deixo de votar pela opinião do Sr. Conde da Taipa, para que desde já se tome alguma resolução íntima, para a publicação das Sessões da Camara; e que será util acabemos agora uma conversação que vai tomando um caracter demasiadamente serio; e quando a Commissão der o seu parecer, então terá logar o entrar na averiguação dos gastos, methodo, etc. que deve haver.

O Sr. Conde da Taipa: — Sr. Presidente, admira-me muito que se quisesse pôr como objecção ao Diario da Camara a despeza que elle fará? É para isto que se quer a economia, é para aquillo em que não deve haver mesquinhez, por ser de muita utilidade para fazer conhecer ao Povo, a maneira porque aqui se tratam as materias; e admira-me muito que fosse o Sr. Gyrão quem fizesse esta observação; melhor seria que não houvessem tantos Empregados que absorvem todas as rendas da Nação; melhor seria que não houvessem Prefeitos com ordenados exorbitantes, e que não são uteis para nada.

O Sr. Conde de Linhares — Sr. Presidente o Digno Par passa personalidades; peço a V. Exc.ª que o chame á Ordem.

O Sr. Conde da Taipa: — Estou na Ordem Sr. Presidente, o Digno Par que acabou de fallar, parece, não sei pelo que, querer fazer-se tyranno desta Camara: eu já tenho dito que me não importa me chamem á Ordem, porque não posso ser chamado a ella senão quando faltar á decencia da Camara: aqui ha uma Lei regulamentar, e ha um Presidente que é Juiz; senão querem que eu diga a verdade então nisso vou-me embora, e não torno cá mais. Digo pois e torno a dizer que era melhor que as economias fossem para outras cousas, que não houvessem esses ordenados immensos que insultam a Nação, e que envergonha se impugne uma cousa tão util, e essencial como é fazer conhecer ao Publico a maneira porque se tratam os negocios; é o dinheiro que se póde gas-