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tar com mais utilidade. Eu bem sei que se conhece a impressão que faz nas Provincias, o que aqui se diz; e essa é a razão porque o Diario anda atrazado seis e sete Sessões, eu tenho cartas das Provincias que mo dizem. Por tanto vou mandar para a Mesa a minha emenda, e peço que esta despeza se faça por conta da Secretaria, e que o Diario se distribua pelo Reino.

O Sr. Conde de Linhares — Se chamei á Ordem o Digno Par, foi por ter passado a personalidades, o que é vedado pelo Regulamento, e creio ter o direito de propôr ao Sr. Presidente que chame qualquer Digno Par á Ordem quando se desvia della.

O Sr. Conde da Taipa: — Pedia que o Digno Par dissesse que personalidade foi, porque negava o facto.

O Sr. Conde de Linhares: — Não desejo eu mesmo personalisar, porém como o Digno Par nega o fundamento, e toda a Camara ouviu, direi que personalisou o Sr. Gyrão. Pelo que diz respeito á publicidade que se deve dar ás Sessões da Camara, nenhum homem que tem senso commum, póde deixar de a desejar, e que toda a Nação saiba o que aqui se passa, e conheça o voto de cada um dos Membros individualmente, sendo as questões decididas pela maioria, é justo que fiquem igualmente documentos pelos quaes conste como cada Membro votou nellas segundo a sua consciencia, e a cada um fique a satisfação que enunciou os seus principios segundo os dictames da sua razão, e sem attenção ao que póde pensar a maioria que se póde enganar. E como este pensar não receio que se julgue, que e minha intenção oppor-me a que haja um Diario; e que se possa accreditar que chamei o Digno Par á Ordem, por desejar impor-lhe silencio, mas sim para que os negocios desta Camara se passem com a decencia, e tranquilidade necessaria. Ainda me resta outra idéa que tocar, e é, que não receio igualmente se diga, que a minha opinião é dictada por interesse, pois posso assegurar que neste momento não recebo nada da Fazenda Publica: e me posso considerar um Membro perfeitamente independente.

O Sr. Gerardo de Sampaio: — Sr. Presidente, longe de mim a lembrança de defender o pessoal Governo, hei de bem dizer os seus actos, quando, segundo a minha. humilde opinião, os julgar encaminhados a favor da Nação; e hei de sensura-los, e até os accusaria, se isso coubesse nas attribuições de Par do Reino, logo que tiver provas exactas, de que elles são tendentes a prejudica-la: isto mesmo já por outra occasião tive a honra de expôr á Camara, no caso, de que se trata, é do meu dever, dictado pela imparcialidade, reparar a injuria, que com notoria injustiça se lhe faz. Disse o Digno Par, o Sr. Conde da Taipa, que o Governo impedia, que no seu Diario se imprimissem os discursos feitos nesta Assembléa, visto que em alguns delles se apresentam ideas, que lhe devem ser desagradaveis; isto não é exacto, os Ministros da Corôa, nada tem com a impressão de tal Diario, embora se diga do Governo; a direcção delle pertence ao Official Maior da Secretaria d'Estado dos Negocios do Reino, ou á pessoa, por elle encarregada de similhante objecto; os lucros provenientes desta folha são propriedade dos officiaes do expediente, dedusidas certas despezas para o costeamento do mesmo; e por igual fórma partilham nas perdas, que se offerecem. Consta-me, que se acham em tal negocio muito alcançados para com a Imprensa Regia; e tambem sei, que não se tem podido imprimir as fallas dos Dignos Pares, porque até não tem cabido no espaço regular, e da tarifa, o que é de obrigação publicar-se; seguindo daqui, que, se as imprimirem, teriam de pagar além do ajustado, e se aumentaria o impenho; estando por esta razão reservadas, para isto ter a execução, quando houver logar, e de fórma que não haja mais detrimento. Esta é a pura verdade, e quem disser o contrario falla sem conhecimento de causa, e talvez só com o fim de desacreditar.

O Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros: — Parecia-me ter explicado sufficientemente o que era, Diario do Governo, ou a parte em que elle tinha ingerencia. Concordo com o Digno Par que fez algumas reflexões sobre o titulo daquelle papel em que ha alguma contradicção. — Torno a repetir por tanto que a Gazeta em tudo que não é parte official está entregue aos Officiaes da Secretaria, os quaes estão alcançados segundo tenho ouvido dizer: depois desta declaração digo, que é falso, e falsissimo que o Governo tenha differido, ou demorado a publicação das Sessões como diz o Digno Par; querendo mostrar que o Governo era interessado em que se não imprimissem; torno a dizer que é falso, e que o Governo nada tem com isso.

O Sr. Conde da Taipa — Responder simplesmente, é falso, ao que acabei de dizer, é uma cousa gratuita ou, quando muito, o enunciado d'uma opinião. (O Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros interrompendo o Orador, disse: — É um facto. O Sr. Conde da Taipa continuou) A mim trazem-me sempre por questões pequenas a grandes questões; não é da Opposição que nascem estas questões, é sim do partido Ministerial: por exemplo agora, propunhamos nós, deste lado, que houvesse um Diario da Camara; e levantaram-se logo d'ali difficuldades que trazem comsigo questões em que eu me não tinha lembrado entrar. — Defende-se o Governo; mas eu digo que existe uma Camarilha que influe no mesmo Governo; isto é uma cousa que evidentemente aparece, e que toda a Nação sabe, e sobre que os acontecimentos não deixão duvida alguma; será muito difficultoso prova-lo, mas todos nós sendo chamados a um Jury, affirmariamos a existencia dessa Camarilha. Insultão-se todos os dias os Membros da Opposição; ha um papel chamado a Revista, escrito por uns poucos de garotos, que continuadamente me insulta (como particular nada me importaria com isso, porque o tal papel traz o contraveneno comsigo que é o conhecimento das pessoas que o escrevem) na qualidade de Membro do Corpo Legislativo, sou eu o alvo de seus violentos tiros. Pois então hão-de imprimir-se folhas taes na imprensa Regia, folhas que só tem por fim atacar os Membros das Camaras que se louvão de defender conscienciosamente a Cansa Nacional, e não deveremos nós pugnar para que as opiniões que aqui se emittem cheguem ao conhecimento de todos? Mas responde-se é falso, e eu torno a dizer que é verdade: não digo com isso que o Digno Par (o Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros) esteja nessa Camarilha; o que affirmei, e torno