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O Sr. Marquez de Loulé: — Em presença das rasões que se tem dado para o addiamento, em vez de o impugnar, eu o apoiarei; porém creio que ha um outro motivo a que se attender, além da questão de finanças, e vem a ser, o desenvolvimento de que é susceptivel este Estabelecimento, sobre a applicação deste maior número de Officiaes, no quadro do Exercito; pois que ha tempo passou aqui uma Lei para que todos os Alumnos do Collegio Militar, que fossem approvados nemine discrepante, podessem ser empregados com preferencia, sendo, desde logo, considerados Alferes do Exercito. Ora, se o número dos Alumnos fôr desproporcionado em relação á necessidade delles, acontecerá que o Governo será obrigado a promover muitos Officiaes desnecessarios, e a dar-lhes o soldo sem os empregar, sobrecarregando-o assim com despezas. Parece-me que esta circumstancia tambem deverá ser considerada, e creio que ella não escapará á prespicacia do Sr. Ministro da Guerra, que julgo lhe dará toda a attenção que ella merece.

O Sr. Conde de Lumiares: — Eu creio que as razões que se tem dado são sufficientes para fazer adoptar o addiamento, e persuado-me que ficando este Projecto reservado até Sexta feira, haverá o tempo necessario para obter os esclarecimentos que deseja o Sr. Ministro da Guerra. — Agora quanto á reflexão que fez o Digno Par o Sr. Marquez de Loulé, devo observar, que os Alumnos que são considerados desde logo Officiaes do Exercito, são unicamente aquelles que acabando os seis annos, fizerem um exame geral com approvação plena; quanto aos outros os que tiverem um R, são obrigados a esperar até que lhe toque por seu turno.

O Sr. Visconde da Serra do Pilar: — Não me opponho ao addiamento, com tanto que seja por muito poucos dias; porque é preciso que a Camara tenha em vista que nesta Lei se tracta da educação de 50 Rapazes, e que se ella não passa na presente Legislatura, será necessario que elles esperem ainda anno e meio, para serem admittidos no Collegio Militar; visto que não poderão lá entrar senão em Outubro de 1836. — O fim para que este Projecto foi proposto, deve merecer a attenção da Camara; e como eu já tive a honra de dizer; ha filhos de Officiaes de grandes Patentes, que em consequencia da emigração de seus pais, não conhecem nem o B, nem o C, e a grande mercê que se lhes póde fazer é educar seus filhos. — Por tanto peço que o addiamento não exceda a tres dias; e espero que a Camara neste negocio fará a justiça que costuma sempre fazer.

O Sr. Marquez de Fronteira: — O Sr. Conde de Lumiares pediu o addiamento até Sexta feira, e creio que será sufficiente.

O Sr. Ministro da Guerra: — Eu quando propuz o addiamento, foi no mesmo sentido do Digno Par que acaba de fallar; para se dar uma nova organisação a este estabelecimento, só se póde fazer com o tempo; não me oppuz á Proposta, pelo contrario concordo com o Digno Par, em que o addiamento não seja por muito tempo, e como já se disse que fosse até Sexta feira, tambem concordo nisso; porém como é um assumpto que pertence á minha Repartição, e da qual só tomei posse hontem, preciso tomar algumas informações, para dar mais positivamente a minha opinião á Camara, do que hoje posso fazer.

O Sr. Conde de Linhares: — Por mais respeitaveis que sejam as considerações particulares que se nos appresentam, penso que devemos attender tambem as publicas; e como muito bem o notou o Digno Par o Sr. Marquez de Loulé, é necessario que não vamos sobrecarregar o Governo com despezas, que excedão a possibilidade do momento actual. A educação Militar é a mais propria, na verdade, para formar homens habeis para todas as carreiras, visto que o principal fundamento desta educação é o estudo das Sciencias Mathematicas, e de algumas das suas principaes applicações, que igualmente servem a muitos outros casos: por tanto nenhuma objecção póde haver por este lado: mas não obstante é necessario que tomemos todo o tempo necessario para maduramente se tractar desta questão; e por isso convenho no addiamento pedido pelo Sr. Ministro da Guerra, como muito justo; e mesmo se tres dias não fossem bastantes, dever-se-ião tomar os necessarios para se decidir com acerto.

O Sr. Visconde da Serra do Pilar: — Este receio do grande número de Officiaes que ficam pesando sobre o Estado, não o acho eu bem fundado; e darei a razão com a experiencia. Quando assentei praça em Cavallaria N.º 1, havia doze Subalternos aggregados naquelle Regimento, ao qual ficaram depois tambem aggregados mais dezoito; e posso dizer a V. Exc.ª, por ser passado comigo, que no fim de cinco annos entrámos, eu e mais dois Cadetes, em Alferes effectivos, não havendo já nem um Official aggregado: por tanto o consumo dos homens é muito grande, e não deve por isso prevalecer o receio do Digno Par; e de mais os Rapazes entrão para o Collegio de sete annos, e talvez no Exercito, no fim dos seus estudos, não venha a entrar a quinta parte dos Alumnos admittidos. Por consequencia não póde haver embaraço algum.

O Sr. Marquez de Loulé: — Sobre a ordem: — Toda a discussão a respeito deste negocio é prematura: creio que a Camara está inclinada a conceder o addiamento, e então pedia a V. Exc.ª o pozesse á votação. — Mas antes disso, sempre direi ao Sr. Visconde da Serra do Pilar, que nunca affirmei fosse demasiado o augmento dos Alumnos que elle propôz, o que pedi sómente foi que se tivesse em vista esse número, por não haver actualmente os dados necessarios para similhante calculo: é o que peço ao Sr. Ministro da Guerra, não perca de vista nas informações que tomar a este respeito.

O Sr. Marquez de Ponte de Lima: — Parece-me que esta materia é da maior importancia; e o Sr. Ministro da Guerra, que entrou ha pouco para esta Repartição, é tambem Chefe de outra, que lhe deve tanto ou mais cuidado; por isso não fazendo injúria á sua habilidade, não sei se o Digno Par, de hoje até Sexta feira, poderá ter os esclarecimentos bastantes sobre o assumpto de que se tracta.

O Sr. Sarmento: — Acho que esse intervalo deve depender sómente do tempo que o Sr. Ministro achar necessaria, porque me parece que elle é o juiz das suas faculdades intellectuaes.

O Sr. Ministro da Guerra: — Direi simplesmente, que para entrar nesta questão mais miudamente,