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SESSÃO N.° 1 DE 8 DE JANEIRO DE 1896 9

no emtanto, irresistivelmente impellido n'essa corrente de enthusiasmos, dominado pelas, mesmas emoções de alegria, que, certamente, agora experimentam todos aquelles em cujos peitos pulsa um coração verdadeiramente portuguez.

É intimo e vivissimo o meu prazer, ao ver que n'este paiz, pequeno e apertado no extremo occidente da Europa, não se apagou ainda o nobilissimo sentimento do amor patrio, esse fogo sagrado, que, fortalecido pela fé religiosa, escrevera as paginas mais bellas e mais famosas do nosso povo, d'este povo de valentes que fôra, outr'ora, o assombro do mundo pelo prestigio do seu nome, por suas emprezas, conquistas e sublimadas façanhas, (Apoiados,) é immenso o meu jubilo por ver que os nossos soldados não duvidam verter o seu sangue e expor a sua vida para que a patria, que, por igual é mãe de todos, para que Portugal, que tivera sempre no maior apreço os sesis valiosos direitos, e, em todas as epochas, se alevantava altivo e nobre, na defensão de seus foros e regalias, continue a existir com honra, e a occupar com dignidade o logar que lhe pertence á mesa onde se sentam as nações livres.

Louvores mil, e mil agradecimentos sejam rendidos aos nossos valentes e arrojados expedicionarios que, verdadeiros benemeritos da patria, vieram recordar-nos esses felizes tempos em que Portugal, pela intrepidez e coragem de seus filhos, era respeitado, temido e acatado no mundo inteiro. (Muitos apoiados.)

Louvores mil a esses bravos que tanto se assignalaram por commettimentos de heroismo que, engrandecendo-os e exaltando-os a elles, e constituindo-lhes um padrão de gloria indelevel, enchem do mais justificado jubilo a todos nós, que não podemos nem devemos deixar de consideral-os como dignos descendentes d'essa raça de heroes, que, em tempos idos, vencendo obstaculos incriveis, e a despeito dos mais arriscados lances, estenderam e dilataram os dominios da corôa portugueza, e estando n'ella as suas joias mais ricas e preciosas.

Louvores tambem ao Serenissimo Infante o sr. D. Affonso Henriques que, nos extremos do seu affecto e do seu ardente amor patriotico, não hesitou em furtaivse aos carinhos, ás commodidades e aos confortos que a sua alta, posição lhe proporciona, para, em longinquas terras e em regiões inhospitas e insalubres, ir pôr ao serviço do paiz, que elle ama tão entranhadamente, a sua dedicação, o seu valor, a sua coragem e os grandes recursos do seu espirito cultissimo.

De louvores tambem, e muitos, é merecedor o illustrado governo de Sua Magestade Fidelissima, pelas providencias tão efficazes como energicas, promptas e salutares com que abriu caminho e preparou o exito felicissimo dos feitos que nós hoje celebrâmos. (Apoiados.)

Ao governo peço, já que a Providencia divina permittiu que vissemos affirmado militarmente o nosso dominio nas regiões africanas, que procure consolidal-o e robustecel-o pelos meios que mais adequados se lhe afigurem, entre os quaes não deverá esquecer aquelles que dimanam, da acção benéfica, salutar e verdadeiramente civilisadora, enrista e patriotica que exercem as missões catho-licas, convenientemente dispostas e bem organisadas. (Apoiados.)

Sr. presidente, na prestação d'estes louvores, n'esta manifestações de regosijo e de reconhecimento aos bravos expedicionarios, nós não fazemos senão solver uma divida, que tem tanto de imperiosa como de sympathica.

Aproveito o ensejo para deste logar dirigir as minhas cordiaes e sinceras felicitações ao nosso collega, honra e ornamento d'esta camara, o digno par sr. Agostinho de Ornellas, que entre os expedicionarios tem um filho, que tanto e tão nobremente honra as tradições de sua familia.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem.

O sr. Thomás de Carvalho: - Sr. presidente, tinha pedido a palavra no principio da sessão porque, se acaso me demorasse, era evidente que havia de ser prevenido no que tinha a dizer, e effectivamente assim succedeu. Fui prevenido, não só por v. exa., mas tambem pelos dignos pares que já usaram da palavra e, é necessario que eu diga que aquelles que fallarem depois de mim, já tambem foram prevenidos no que tem a dizer a respeito do acto extraordinario que veiu ultimamente levantar o entusiasmo popular, pelos feitos gloriosos dos nossos expedicionarios.

Tenho presentes duas propostas, que não são exactamente iguaes á que foi apresentada pelo meu nobre collega, o digno par sr. Antonio de Serpa. Vou lel-as, depois do que v. exa. sr. presidente, e a camara me permittirão acrescentar apenas duas palavras para justifical-as.

A primeira proposta é a seguinte:

(Leu.)

A segunda proposta é a seguinte:

(Leu.)

Lamento, sr. presidente, que não esteja presente um collega nosso a quem realmente competia fazer o elogio Los nossos expedicionarios e historiar ao mesmo tempo aquelle grande feito. Refiro-me ao nosso collega sr. Antonio Candido, que um motivo, para mim inexplicavel, tem ausente d'esta camara. S. exa., com a sua assombrosa eloquencia, é que poderia traduzir verdadeiramente o enthusiasmo da camara, e mostrar, com as suas phrases eleva-las e nobres, quanto eram dignos d'esta commemoração aquelles heroes africanos. E esta a hora da grande eloquencia.

Em todo o caso, apesar de já ter sido prevenido por outros oradores, permittir-me-hei dizer duas palavras, sem, cansar a camara e sem pretensões a sublimidades de rhetorica.

Foi depois da nossa primeira sessão que chegou a Lisboa a noticia da victoria sobre o inimigo mais forte e poderoso do nosso dominio africano. Ora, na temerosa crise que atravessâmos, na miseria, da nossa grande tristeza e abatimento, aquella noticia veiu levantar o enthusiasmo de em povo que parecia adormecido; e por toda a parte, mesmo nas mais recônditas aldeias, como já se disse, o povo acclamou com grande jubilo os nossos exercitos de terra e mar.

Eu entendo que a camara dos dignos pares, sendo a primeira assembléa politica do paiz, deve associar-se a esse inthusiasmo popular, mostrando assim reconhecer quanto devemos áquella victoria alcançada, e patenteando ao mesmo tempo ao mundo que não degenerámos d'aquelles antigos portuguezes que nos mesmos territorios tantas vezes obraram prodigios e maravilhas.

Foi o capitão Albuquerque quem lançou a mão ao indomito inimigo, quem o trouxe maniatado para Lourenço Marques, quem dissolveu as suas mangas de guerra, e ali mesmo, diante dos vatuas, castigou aquelles que mais tinham contribuido para a rebellião.

Sr. presidente, este nome de Mousinho de Albuquerque, este nome prestigioso, recorda o primeiro que deu a existencia pela liberdade, e depois, continuando pelos filhos e pelos netos, virá a ser inscripto em tábuas de bronze nos fastos da historia portugueza.

Ao capitão Albuquerque e ao punhado de valentes que o acompanhavam, se deve o estabelecimento da paz nos dominios africanos, a affirmação do nosso direito n'aquellas regiões, e ao mesmo tempo a abertura de um novo horisonte para a civilisação que temos o dever de implantar n'aquellas regiões.

Sr. presidente, de hoje em diante a bandeira portugueza fluctuará livre e desassombrada em todo o continente negro.

Mas, sr. presidente, não é só ao punhado de valentes que acompanharam o valoroso Mousinho de Albuquerque