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CAMARA DOSJDIGNOS PARES

SESSÃO de 18 de janeiro de 1861

PRESIDÊNCIA DO EX.™ 8R. VISCONDE DE IABORIM VICE-PRESIDENTE

o. digno. pHSpSS K do Rio

As duas horas e meia da tarde o sr. presidente occupou a cadeira da presidência.

O sr. Secretario: — verificou pela chamada estarem presentes na sala 15 dignos pares.

O sr. Barão da Vargem:—expoz que ainda não estava reunido numero legal para se abrir a sessão; o que comtu-do não admirava assim acontecesse, pois o ex.mo sr. presidente dissera na anterior sessão que os dignos pares seriam avisados de quando se deveriam reunir, e por tanto se não compareciam, era o motivo por não terem recebido em suas casas prévio aviso, tendo-se unicamente lançado este no Diário de Lisboa como se se annunciasse um dia de espectáculo. Se elle, orador, viera á camará fora porque casualmente lêra o Diário.,..

O sr. Presidente:—eu devo dizer a v. ex.a que a presidência fez o seu dever, dando as ordens, para se fazerem os avisos competentes.

O sr. Barão da Vargem:—continuou dizendo, que podia affirmar a s. ex.a não ter recebido aviso nenhum, e julgava que os mais dignos pares presentes também o não receberam. Isto assim não devia continuar, porque a secretaria tem empregados, e a camará correios para o necessário serviço.

O sr. Visconde de Fonte Arcada:—é para dizer o mesmo que acaba de expor o digno par que me precedeu. Eu não fui avisado do dia de sessão, e só o li no Diário de Lisboa.

Parece-me, sr. presidente, que é contra a dignidade da camará, que os avisos feitos para que ella se reúna se façam como para um leilão.

É preciso que se não tornem a dar factos similhantes.

(Pausa.)

O sr. Visconde de Athoguia:—sr. presidente, v. ex." tem a bondade de me dizer, quantos dignos pares se acham presentes?

O sr. Presidente:—acham-se vinte dignos pares presentes.

O sr. Visconde de Athoguia:—é quantos são necessários para se abrir a sessão?

O sr. Presidente:—são precisos vinte e cinco.

O sr. Visconde de Athoguia:—já se vê pois, pelo adiantamento da hora, que não teremos hoje sessão. Portanto eu pedia a v. ex.a, visto estar prompta a resposta ao discurso do throno, tivesse a bondade de a mandar imprimir a fim de ser depois distribuída. E este um dos primeiros trabalhos que temos para discutir, e que me parece pôde ser mandado para a imprensa sem que seja apresentado á camará.

O sr. Presidente:—o sr. visconde de Athoguia é de parecer que se mande imprimir quanto antes o projecto da resposta ao discurso da coroa, visto ser um objecto que não carece de votação.

Muito bem, agora direi ao digno par o sr. visconde de Fonte Arcada, que a censura que s. ex.a dirigiu á mesa não é bem cabida, porque ella deu as competentes ordens, cumprindo assim o seu dever.

Ora, informando-me da causa d'esta irregularidade, foi-me dito que os avisos tinham sido feitos no Diário de Lisboa por não comportar o tempo entre a ordem para a reunião e o dia d'ella a expedição de avisos por casa de todos os dignos pares.

Eu não sei se esta resposta satisfaz o digno par; mas deve satisfaze-lo a certeza de que a presidência cumpriu com os seus deveres, e por isso de modo algum tem cabimento a censura que se lhe quer fazer.

O sr. Barão da Vargem: — replicou que não provocara a mesa, e só dissera que isto assim não devia continuar; para que tem esta casa correios e empregados? Não píodem aquelles dentro de duas horas entregar os officios a todos os dignos pares, oíficios que já devem estar promptos?

O sr. Visconde de Fonte Arcada: — eu só tenho a dizer que me não contento com o que acaba de propor o sr. visconde de Athoguia. S. ex.a diz que se imprima o projecto de resposta ao discurso da coroa, a fim de se discutir quanto antes. Devo dizer que me parece que, sem os tres dias que se costumam dar para se poder estudar, não deve entrar em discussão.

O sr. Visconde de Castellões:—é para mandar para a mesa um parecer da commissão de fazenda, que passo a ler. (Leu.)

Manda-se imprimir.

O sr. Presidente (dirigindo-se ao sr. visconde de Athoguia):—eu não ouvi bem o que v. ex.* disse, mas creio que a sua indicação se limita a que, visto não haver numero na sala, se leia a resposta ao discurso do throno, visto que

a sua leitura agora é uma mera formalidade, e que em seguida seja impressa e distribuida pelos dignos pares, determinando também o dia em que- deve haver sessão.

A camará estou que annue a isto (apoiados).

Vou portanto fazer a sua leitura. (Leu.)

Ha de imprimir-se para se distribuir; e dar-se-ha o in-tervallo necessário, a fim de ser depois discutido.

Agora devo participar á camará, que o sr. visconde de Algés me encarregou de lhe participar que não pôde assistir ás discussões d'esta casa, por se achar doente; mas que, esperando restabelecer-se, em breve virá tomar então parte nos seus trabalhos.

O sr. Visconde de Athoguia:—é facto que as commissões trabalham no intervallo dos dias de sessões; mas devo dizer a v. ex.a que causa grande emoção lá fora não constar isto...

O sr. Presidente:—eu devo declarar, com quanto se tenha feito acreditar que a camará suspende os seus trabalhos, que ella não os suspende, pois durante o espaço que | ha estão os seus membros trabalhando nas differentes commissões.

O sr. Aguiar: — não ha duvida, sr. presidente, que isso suçceda; mas eu devo dizer que ha algumas commissões que se não reúnem porque os seus presidentes estão impedidos de vir aqui, e ellas não se podem reunir sem que sejam convidados os seus membros. A v. ex." compete tomar as providencias necessárias sobre este objecto.

(Entrou o sr. presidente do conselho de ministros e ministro do reino, marquez de Loulé.)

O sr. Presidente:—acham-se na sala 25 dignos pares, e portanto está o numero legal para se abrir a sessão. Já se vê por este facto, que não são bem cabidas as censuras que se fizeram á presidência, pois se até agora não houve numero, é porque os dignos pares não vieram em tempo competente para se abrir a sessão.

Está portanto aberta a sessão e vae ler-se a acta.

(Eram tres horas.)

Leu-se a acta da sessão antecedente, que se julgou ap-provada na conformidade do regimento, por não haver reclamação em contrario.

Deu-se conta da seguinte correspondência:

Um officio do ministério da fazenda, enviando, para serem distribuídos pelos dignos pares, quarenta exemplares do relatório sobre a fabrica nacional de vidros da Marinha Grande, apresentado pela commissão de inquérito nomeada pela portaria de 4 de junho de 1859.

Mandaram-se distribuir.

-Do digno par visconde da Granja, participando continuar o seu incommodo de saúde, não podendo por agora regressar a esta cidade.

-De Jeronymo Romero, primeiro tenente da armada,

remettendo um exemplar da memoria acerca do districto de Cabo Delgado e da colónia de Pembo.

Para o archivo.

O sr. Margiochi:—é para mandar para a mesa um projecto de lei, precedido de uma exposição que peço á camará licença para ler. (Leu.)

Como a hora se acha adiantada, eu peço a v. ex.a tenha a bondade de me dar a palavra na seguinte sessão, a fim de concluir a sua leitura.

O sr. Presidente:—peço a attenção da camará. A discussão, ou antes conversa que houve antes de se abrir a sessão, começou com um pequeno numero de dignos pares; porém para restituir á mesa o credito que ella merece, devo dizer que, apesar da falta de avisos, acham-se n'esta casa vinte e sete dignos pares.

Estão assim, no meu conceito, defendidas as providencias que a mesa deu, e a honra dos dignos pares.

Pedia agora aos dignos presidentes das commissões que apresentassem alguns trabalhos para serem discutidos; pois na synopse que mandei vir não ha trabalhos preparados, e só ha alguns que estão dependentes das commissões. A commissão de legislação tem o seu presidente doente, e se a camará concordar em que eu, na qualidade de presidente d'esta casa, seja auctorisado a fazer os convites, assim procederei.

Em .quanto ao projecto de resposta ao discurso do throno, vae ser impresso, e será depois distribuído....

O sr. Visconde de Fonte Arcada: — um dia é de certo muito pouco.

O sr. Presidente: — o nosso regimento ordena que sejam tres dias, porém nós estamos tão atrazados em trabalhos, que não ha tempo para tanto.

O sr. Visconde de Castro: — eu pedia licença a v. ex.a para dizer que algumas commissões têem trabalhado, e até já têem mandado para a mesa os seus trabalhos. Digo isto para que se não pense que as commissões têem estado ociosas.

O sr. Presidente: — talvez me não soubesse explicar. Eu não disse que as commissões não têem apresentado trabalhos, disse que aquellas que não os têem apresentado digam qual o inconveniente que têem, a fim de se remediar.

O sr. Aguiar:—eu devo declarar que a commissão de legislação não se tem reunido por falta de presidente. E necessário que alguém tome a iniciativa n'este negocio, e eu entendo que v. ex.a o poderá fazer não só como presidente d'esta casa, mas como membro da mesma commissão.

O sr. Visconde de Athoguia:—é necessário que para a discussão de algumas propostas, que estão na commissão, appareçam os membros do governo.

O sr. Presidente:—hão de íazer-se os competentes avisos tanto aos srs. ministros como á commissão de legislação.

O sr. Aguiar:—eu desejava saber o dia em que essa commissão se ha de reunir?

O sr. Presidente:—na segunda-feira. Em quanto ao dia da seguinte sessão, igualmente serão avisados os dignos pa-

res. Está levantada a presente sessão—Eram quatro horas e um quarto da tarde.

Relação dos dignos pares, que estiveram presentes na sessão do dia 18 de janeiro de 1861

Os srs. visconde de Laborim; marquezes: de Ficalho, de Loulé, de Ponte de Lima; condes: de Bomfim, de Linhares, de Thomar; viscondes: de Athoguia, de Balsemão, de Benagazil, de Castellões, de Castro, de Fonte Arcada, de Fornos de Algodres, de Ovar; barões: de Pernes, de Porto de Moz, da Vargem da Ordem; Mello e Saldanha, Pereira Coutinho, F. P. de Magalhães, Ferrão, Margiochi, Aguiar, Silva Costa, Eugénio de Almeida, Silva Sanches, Brito do Rio.________