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com quem vivia, etc, tudo com a maior individuação; toda a gente a foi reconhecer, e o director da policia de lá declarou a final ao governo civil o seguinte, que é a informação mais cabal e terminante: «La direction de la police centrale de Berne declare -positivernent, reconnaitre parfai-tement la sus-mentionnée Marie Louise Rubin, etc».

E apesar de tudo isto continuou a insidia!... Lembra-ram-se então de dizer que o chefe da policia de Berne era parente de um cunhado meu! Nem conhecido era por elle!... Entretanto a verdade é que se fez espalhar em Lisboa que não se devia dar credito- a esto terceiro documento official, porque era de um parente de meu cunhado. Nestas circumstancias tive eu que mandar vir a rapariga, e foi só quando se soube que eu a mandava buscar, que o chefe da l.a direcção, do governo civil, empregado que é vergonha estar ainda naquollo logar, se lembrou da conveniência dc fazer partir d'aqui dois agentes, aproveitando assim uma occasião de seu filho ir a uma viagem de recreio gratuitamente! E cuidaes vós que era algum agente dc policia que partiu? Era um empregado da alfandega municipal! Sobre isto não posso eu deixar de censurar o governo. Pois porque um individuo ó hoje por vergonha nossa e escarneo do bom senso uma entidade politica, um redactor de jornal, que escrevo artigos em defeza do governo, ha de-se-lhe pagar d'esta maneira deixando a sua familia fazer o que qui-zer? Como é que o governo teve a fraqueza e condescendência de consentir em que aquelle homem mandasse seu filho, empregado na alfandega municipal, figurando de empregado da policia para se apresentar em Berne a syndicar e certificar-se da existência d'aquella rapariga?! E isto quando? Quando eu já tinha mandado vir a mesma rapariga; quando assim o havia declarado a todas as auctori-dades! Mais ainda, quando se me tinha respondido que não valia ;i pena porque ninguém me aceusava, ao que eu redargui, que era porque queria que nem ao menos se po-desse dizer, que eu talvez fosse sabedor do crime d'esse horroroso caso acontecido. Mas que succedeu, sr. presidente, oito dias depois de eu ter feito tal declaração, e cinco dias depois de já ter mandado vir a rapariga, partiram 03 dois indivíduos na sua viagem de recreio, sendo um d'elles o individuo a que já me referi, filho do celebre Rodrigues da policia, como espirituosamente o alcunhou o nosso primeiro jornalista. Revestiram-se do caracter de empregados de policia e partiram para se divertirem em tão vantajosa commi&são.

Sr. presidente, eu fui levado a isto em consequência das perguntas insidiosas que se faziam, mesmo a amigos meus! Sei que o sr. ministro do reino já deu algum andamento ao requerimento que eu fiz aqui e que foi approvado pela camará; eu não peço cousas que comprometiam a acção da justiça; mas quero que venham aqui todos os papeis que me digam respeito. Se sou innocente, quero confundir os calumniadores, e -atirar-lhes com a injuria ás faces; quero mostrar que é uma vergonha para o governo e para o paiz que esteja n'aquella repartição similhante empregado.

Se for provada a calumnia e o governo não me der a satisfação conveniente, vendo tudo o que possuo n'este paiz para nunca mais viver aqui, porque não se pôde estar n'um paiz, onde a boa conducta e a moralidade não são garantia para que deixe de ser vilipendiado um nome sem mancha. Se em negócios de honra não é respeitada uma vida exemplar de bons costumes, qual de vós pôde estar livre da calumnia? Assim eu declaro, que provada que seja a offensa que me foi feita, e o governo me não der a satisfação que deve, não quero mais saber d'este paiz.

Concluo por agora pedindo desculpa á camará de a ter entretido tanto tempo, e agradeço muito a benevolência com que fui ouvido, relevando-se-me o calor que tomei.

O sr. Conde de Thomar:—é bem justificado todo o interesse que o digno par mostra n'este negocio em que acha envolvida a sua honra; e a camará está convencida de que s. ex.a acaba de expor a verdade; mas a questão que o orador vê agora não é essa: a questão é a dos documentos que se pediram ao governo, e da interpellação para que o sr. presidente do conselho se não deu ainda por habilitado.

Quanto aos documentos, o governo é o juiz competente, elle é que ha de ver quaes são aquelles dos documentos que se pediram, que pôde mandar, e os que não pôde apresentar por se acharem incluídos em processo pendente da justiça; assim não ha duvida de que sobre isto se tem a esperar pela resposta do governo. Mas quanto á interpellação, está claro que, em vista das considerações que se acabam de fazer, o sr presidente do conselho será o primeiro a reconhecer que deve quanto antes dar-se por habilitado para responder, por isso mesmo que desde que um digno par é por qualquer forma aecusado de um crime tão atroz como aquelle a que se referiu o seu nobre amigo o sr. Silva Carvalho, não pode protelar-se a questão; e o mesmo digno par diz que quer desaffrontar a sua honra, sendo o primeiro a reconhecer que, se tivesse a mais leve culpa no horroroso caso acontecido, não podia, mais pertencer a esta camará. Isto mostra, que não pôde de maneira nenhuma estar demorando' o juizo que de tão desagradável questão se deva fazer. E necessário que o assumpto seja devidamente esclarecido quanto antes, e o sr. presidente do conselho não pôde de forma alguma deixar deconvir n'isto, e ser o primeiro a reconhecer a justiça do pedido que se lhe faz, para que s. ex.* satisfaça com toda a urgência possivel. Conseguintemente o sr. conde une as suas instancias ás do digno par para pedir ao sr. presidente do conselho que quanto antes se declare habilitado, pois é a própria camará dos dignos pares que muito interessa em que este negocio seja devidamante esclarecido (muitos apoiados), mas esclarecido quanto (antes, e não com jnuita demora, ou ainda para tempo indefinido. Pois não deve também ser de menos interesse para o governo que esta que&tão se decida com a maior bre-

vidade possivel, e de uma maneira que satisfaça (apoiados).

O sr. Presidente do conselho de ministros (Marquez de Loulé):—o seu desejo é responder quanto antes á interpellação, mas não pôde dar-se por habilitado em quanto o não estiver convenientemente. Os factos sobre que tem a responder passaram-se sem a sua intervenção, e por isso precisa de informar-se d'elles muito mais minuciosamente. O digno par o sr. Silva Carvalho será o primeiro a fazer-lhe justiça n'esta parte, pois ninguém melhor do que s. ex.a sabe que o objecto sobre que ha dc responder, e de que se pedem estes esclarecimentos, foi negocio quo se passou na repartição da policia, d'onde precisa haver todas as informações que o possam habilitar a responder aqui circuTistan-eiadamente, c de modo que satisfaça aos desejos da camará, que são certamente os de que isto se esclareça bem (apoiados). Torna, portanto, a fazer sentir que não depende só da sua vontade dar-f!e por habilitado para responder com muita brevidade; ha de fazer as diligencias que forem possíveis, o deelarar-se prompto logo que effectivamente o esteja.

O sr. Silva Carvalho:—o que tenho a pedir a s. ox.a, de cuja boa vontade não duvido, é que faça com que esses empregados apresentem quanto antes os documentos em que se fundaram, e se os não apresentarem, s. ex." bem sabe que tem na sua mão os meios de os obrigar a cumprir as suas ordens.

O sr. Marquez de Vallada:—-felicita o sr. Silva Carvalho por ter dado a s. ex.a occasião a que mais breve do que pensava desse explicações de que ha muito tempo se carecia.

O orador não pôde deixar de enternecer-se quando ouviu pronunciar o nome honrado do sr. José da Silva Carvalho ao qual deveu muita amisade e favor.

Entende o sr. marquez que a camará, por todas as rasões deve procurar saber como isto se passou: e parece-lhe que o digno par diz bem, quando diz, que talvez se quizesse lançar esse labéo sobre s. ex.a para o afastar de outras casacas manchadas, porque foi, é, e ha de ser a sua opinião que os moedeiros falsos é que perpretaram esse crime em casa de D. Francisco de Judicibus; foi isto o que col-ligiu do que se, passou no tribunal onde foi julgada essa mesma causa. E um acto publico e pôde referir-se aqui a elle.

Se este labéo porém se lançou sobre um digno par, por honra d'este e por honra da memoria e nome de um cavalheiro distincto, que foi sustentáculo do throno legitimo e um dos que mais serviços fez á actual dynastia, devem todos querer que isto se esclareça e decida quanto antes, em respeito ao credito d'esse mesmo nome e da dignidade d'esta camará, que d'esse nome o tem julgado sempre até aqui um digno herdeiro.

Se não fosse o sr. José da Silva Carvalho, o Porto tinha caído. O orador não é desse tempo, mas conhece a historia do paiz. Aqui está o sr. visconde de Castro, por exemplo, que sabe que por duas vezes o sr. José da Silva Carvalho prestou relevantissimos serviços á sustentação do throno... e nem assim mesmo escapou aos tiros da calumnia (apoiaãos): e note-se que não foi o seu adversário natural, o partido miguelista, que lh'os arrojou, foi do próprio partido liberal, da parte exaltada, que saíram! Honra seja a esse homem illustre que sempre abriu a sua casa a todos! Dizia.-se que tinha enriquecido á custa da nação, e elle sorria-se contentando-se com o testemunho da sua consciência, entregando sempre o seu bom nome aos seus verdadeiros amigos, deixando a calumnia entregue aos calumniadores que tiveram o desprezo que mereciam.,

O orador observa que isto que se passou, isto que se está vendo, mostra a grande e urgente necessidade de organi-sar a policia d'este paiz.

Nomeia-se um governador civil qualquer, o nome é quanto basta, tudo mais deixa-se ao secretario, tudo fica por conta d'estc. É este um grande mal que elle, orador, lamenta, e mais ainda, que tendo exercido esse cargo cavalheiros illus-trados, tenham todavia tomado providencias, que muitas vezes dão em resultado que o governo n'alguns casos é atraiçoado pelas suas auctoridades; e para o provar passou a referir um facto, diante do digno par o sr. Aguiar, porque se passou estando s. ex.a no ministério, isto é, s. ex.a ainda não estava, mas eram já ministros os cavalheiros que depois tiveram a s. ex.* por collega. Foi em occasião de eleições, que aconteceu justamente que diversos agentes do poder foram os próprios que mais guerrearam o sr. Fontes, até com artigos infamantes! Admira pois como se presta confiança a certos homens, como se deposita inteira confiança em certos funecionarios que não sabem desempenhar bem o seu dever, e que até compromettem o governo.

Reportando-se ao objecto sujeito, disse que se reservava para- quando tiver logar a interpellação, mas persiste em crer que sempre foi bom que apresentasse já certas idéas com certos commentarios, pois da maneira que este negocio estava indefinido e vago era necessário que o sr. ministro do reino se declarasse mais positivamente, como agora se declarou. Espera que s. ex.a realise quanto antes o que prometteu, e para então aguarda o fazer mais graves considerações sobre objecto tão importante.

O sr. Presidente do conselho de ministros (Marquez de Loulé):—pede licença ao digno par para dizer, que não se comprometteu a cousa nenhuma senão a mandar os papeis sobre que não houvesse inconveniente: é isto mesmo o que agora diz.

O sr. Presidente:—está findo este incidente.

O sr. Visconde de Castro:—tenho aqui uma representação dos habitantes do Peso da Régua que está em meu poder ha mais de quinze dias, e que eu desejava apresentar ao sr. ministro das obras publicas quando s. ex.a fosse presente n'esta camará; como pois tenho agora essa fortuna

direi que esta representação é assignada por 400 a 500 habitantes da villa do Peso da Régua e suas visinhanças que vem representar contra o traçado da nova estrada, que se desvia d'aquella villa. O Pe^o da Régua, como todos sabem, é um ponto central, c ninguém pôde desconhecer que o fazer-se a estrada nova com certo desvio da povoação mais importante daquella localidade, é de grande prejuízo para aquelles povos como elles mostram na sua representação. Não pretendo ler todas as considerações que ella contém, mas se a cama; a me permitte lerei os seguintes períodos (leu). Eu entendo que este pedido è merecedor de toda a attenção, e confio que o sr. ministro o attenderá com aquelle zelo do bem publico que o caracterisa.

Eu reconheço, sr. presidente, que os engenheiros, quando são incumbidos de fazer o traçado de uma estrada, devem faze-lo segundo as regras e preceitos da arte; mas entendo que casos ha, como este de que agora me oceupo, que os obrigam a olhar também para as considerações económicas, as quaes devem fazer aífrouxar rasoavelmente o rigor d'aquelles preceitos: uma estrada que tem de tocar só nos pontos extremos tem utilidade muito limitada, uma estrada considera-se sempre mais ou menos importante, segundo communica mais ou menos entre si. Se a de que trato não tocar na villa, por pequeno que seja o desvio, o valor das propriedades e as suas relações commerciaes mudam inteiramente de figura. E alem d'isso entendo que á villa do Peso da Régua se fará um grande acto de justiça adherindo á sua supplica: digo grande acto de justiça, porque, quando ha dez ou doze annos se estabeleceram os 15 por cento que deviam pagar-se de todas as contribuições com applicação para as estradas (refiro-me á lei de 1850, referendada pelo nosso digno collega o sr. conde de Thomar), essa lei veiu acompanhada de vários mappas em que se classificavam as differentes estradas do reino, eo n.° 2.° d'esses mappas menciona a villa do Peso da Régua como o ponto por onde devia passar esta estrada que ali é considerada de segunda ordem.

Ora, estando estes habitantes ha dez ou doze annos a pagar a contribuição para as estradas, apesar das tristes circumstancias em que aquelle paiz se tem achado, a camará ha de concordar em que é dura a idéa de cjue vão d'ora em diante ficar peior do que estavam.

Sr. presidente, as rasões que elles dão não podem ser contestadas: nas rasões technicas não posso entrar, por que não sou da classe, mas estou persuadido que se não podem desprender das rasões económicas; estou inteiramente convencido que não pôde haver embaraço invencível que obste a que o novo traçado se faça pelo modo que aquelles povos pedem. Tive muito gosto em fazer estas considerações na presença do nobre ministro das obras publicas, e espero que s. ex.* as tomará na consideração que ellas merecerem a fim de, como disse, defferir com justiça esta representação.

O sr. Ministro das obras publicas (Thiago Horta):—eu não sei se a representação é dirigida a esta camará. Se é, nada tenho com isso, o sr. presidente lhe dará o seguimento conveniente. Dizendo isto, reconheço comtudo, que ella devia ter sido dirigida ao governo.

O sr. Visconde ãe Castro:—é verdade, eu não terminei como devia terminar, c por isso digo agora e peço que a representação seja remettida ao governo.

O sr. Presidente:—assim o ia eu propor.

O sr. Ministro das obras publicas (Thiago Horta):—peço a palavra.

O sr. Presidente:—tem v. ex.a a palavra.

O sr. Ministro das obras publicas (Thiago Horta):— disse que ha muito tempo que se tem ventilado a questão de, se a nova estrada deve passar, ou não, pelo Peso da Régua. S. ex.* adduzio varias rasões para mostrar que o traçado indicado pelos engenheiros é o que a equidade e a sciencia mandam se faça em trabalhos d'esta ordem, e assim o .entendem os homens competentes que têem ido conhecer d'isto.

Pela sua parte está disposto a mandar estudar novamente este negocio para se tomar a resolução que for mais justa; e, se for preciso, o governo proporá ao parlamento qualquer medida que entender necessária para melhorar as condições dos requerentes, por que essa povoação de certo merece to* das as attenções, por ser muito industrial e commercial; mas por em quanto não pôde dizer mais nada ao digno par, se não que o governo ha de tomar em consideração o negocio de que se trata.

O sr. Visconãe de Fonte Arcada:—eu desejava que o sr. secretario me dissesse a quem é dirigida essa representação.

O sr. secretario Silva Carvalho:—a Sua Magestade.

O sr. Visconãe ãe Fonte Arcaãa:—nós não podemos receber representações que sejam dirigidas a Sua Magestade, nem que se dê o titulo de magestade a esta camará; não é possivel, porque Sua Magestade como chefe do estado, é um poder independente, assim como as camarás legislativas são poderes igualmente independentes, ainda que juntos formam o governo do estado.

Se fosse uma petição remettida a esta camará, e que depois ella dissesse que fosse remettida ao governo, muito bem; isso pôde ser e aqui se tem feito por muitas vezes; mas uma representação dirigida a Sua Magestade é cousa mui differente, e^não podemos tomar conhecimento d'ella. Não é possivel. É verdade que isso são formalidades, mas as formalidades é que garantem a ordem, a estabilidade, a liberdade e a independência dos poderes políticos do governo constitucional, e por isso nós não nos devemos afastar d'essas formalidades; por consequência a representação não pôde ser aceita pela camará, para ser remettida a Sua Magestade, por que isso é contra todos os precedentes, e contra as prorogativas dos corpos d'esta natureza, e nós