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10 ANNAES DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

mento e aquelle em que assumi a Presidencia do Conselho e a pasta do Reino tenho posto absolutamente de parte quaesquer intuitos politicos ou partidarios.

Com o maior cuidado, com o maximo escrupulo, solicitei ás autoridades administrativas que se mantivessem nos seus postos, e isto para demonstrar a todos que neste logar, e neste momento, eu só tinha realmente em vista os interesses do país, alheando-me completamente de quaesquer considerações politicas.

Só dei a exoneração áquellas autoridades que não quiseram continuar no exercicio das suas funcções.

Creio que o meu proceder foi bem acceito, porque em nenhum ponto do país se levantou contra mim a mais pequena accusação.

Não fiz a menor perseguição, não pratiquei qualquer violencia ou acto menos conforme á lei.

Se realmente eu tivesse commettido quaesquer faltas, de certo que os Dignos Pares não me poupariam nas suas objurgatorias.

E fica assim demonstrada a correcção com que procedi, e provado que realmente o adiamento foi um acto perfeitamente necessario e indispensavel.

S. Exa. pode proseguir nas suas accusações, mas, desacompanhadas de provas, perdem todo o valor ou importancia.

Eu, de fronte bem erguida, posso dioer e affirmar que tenho bem servido z meu país e cumprido o meu dever.

S. Exa. tambem pretendia que as eleições dependessem de uma- reforma administrativa, quando uma cousa não exclue a outra.

O Digno Par acrescentou que o Governo lhe não merecia confiança, porque continuava a gerir a pasta da Fazenda o Sr. Conselheiro Espregueira; mas este meu collega fez tambem parte do Ministerio passado e S. Exa. nunca encontrou razão para lhe negar o seu apoio. (Apoiados),

Não sei, pois, que razões levam S. Exa. a mover a este Governo uma guerra tão acintosa, tão intransigente, tão crua.

Por ultimo disse o Digno Par que na fala do Throno ha palavras que collocam em grandes difficuldades o Governo.

Não sei quaes são essas palavras porque S. Exa. não indicou as suas duvidas, nem precisou as suas accusações; mas, quando as formule claramente, responder-lhe-hei com inteira verdade e de forma a justificar tudo o que tenho feito. E termino as minhas considerações. (Vozes: - Muito bem, muito bem).

(S. Exa. não reviu).

O Sr. Presidente: - Como a hora vae adeantada é provavel que o Digno Par Sr. João Arroyo não queira começar hoje o seu discurso.

O Sr. João Arroyo: - Perfeitamente de acordo. Prefiro falar na sessão immediata.

O Sr. Presidente: - A proximo sessão é na segunda feira, 22, sendo a ordem do dia a continuação da que estava dada para hoje.

Está levantada a sessão.

Eram 4 horas e 55 minutos da tarde.

Dignos Pares presentes na sessão de 17 de março de 1909

Exmos. Srs. Conde de Bertiandos; Eduardo de Serpa Pimentel; Marquez Barão de Alvito; Marquezes: de Avila e de Bolama, de Gouveia, de Penafiel, de Pombal, da Praia e de Monforte, de Sousa Holstein, de Tancos; Condes: das Alcáçovas, de Arnoso, de Avillez, do Bomfim, do Cartaxo, de Castello de Paiva, de Castro, de Figueiró, de Sabugosa, de Villar Sêcco; Bispos: do Algarve e do Porto; Viscondes: de Algés, de Balsemão, de Monte-São; Pereira de Miranda, Antonio de Azevedo, Antonio Candido, Teixeira de Sousa, Campos Henriques, Arthur Hintze Ribeiro, Ayres de Ornellas, Bernardo de Aguilar, Carlos Palmeirim, Carlos du Bocage, Eduardo José Coelho, Mattoso Santos, Veiga Beirão, Coelho de Campos, Dias Costa, Ferreira do Amaral, Francisco José Machado, Francisco José de Medeiros, Almeida Margiochi, Ressano Garcia, Jacinto Candido, D. João de Alarcão, João Arroyo, Telles de Vasconcellos, Vasconcellos Gusmão, Avellar Machado, José Azevedo, José de Alpoim José Vaz de Lacerda, Julio de Vilhena, Rebello da Silva, Pimentel Pinto, Poças Falcão, Bandeira Coelho, Affonso de Espregueira, Pedro de Araujo, Sebastião Telles, Venancio Deslandes Caldeira e Wenceslau de Lima.

O Redactor,

JOÃO SARAIVA.