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DIARIO DO GOVERNO.

que nada posso dizer por me não achar presente; mas estou certo ser exacto tudo que s. ex.ª referiu.

Em quanto á entrevista que tivemos na secretaria do reino no dia 20 de janeiro, em grande parte é exactissimo o que s. ex.ª disse; mas permitta-me que diffira em duas das cousas que o digno par afirmou. A primeira, que eu tinha manifestado a opinião de que não devia haver contemplação, nem honras ou condecorações para com alguns dos senhores que tinham concorrido para a restauração da Carta, principalmente para com o sr. Costa Cabral: póde ser que eu assim o dissesse, mas não me lembro de tal; e menos ainda de que, em consequencia disso o socego publico podesse vir a ser alterado. É certo que eu fiz algumas observações sobre a conveniencia de remunerar então as pessoas a quem alludi, mas tambem me não lembra de que nessa occasião entrasse alguem que fallasse no sentido que disse o digno par: posso porém assegurar, que por esse motivo o socego publico não foi alterado, porque a força militar, essencialmente obediente, e á testa da qual eu me achava, havia de fazer o que o governo determinasse; não ponho em dúvida que os militares estimassem (vista a sua adhesão á Carta) que Sua Magestade désse uma demonstração de benevolencia ao sr. Costa Cabral, e aos outros senhores, que tinham concorrido para a restauração da lei fundamental, por este importante serviço; mas de um tal desejo não se seguia que fossem mais adiante.

A outra asserção em que eu diffiro de s. ex.ª é relativa á entrada do sr. Costa Cabral para o ministerio. Sobre este ponto digo, como o digno par, que isto nunca foi questão da parte do sr. Mousinho, nem do sr. Loureiro; mas, conversando com estes senhores sobre isso, disse eu que não tinha dúvida em tomar parte na administrarão com o sr. Costa Cabral, e parece-me que nessa mesma occasião, quando aquelles meus amigos declararam que queriam retirar-se, a questão parecia toda ser sobre recompensar ou não as pessoas que tinham trabalhado para restaurar á Carta.

Ora, o ponto essencial em que s. ex.ª tocou (e com toda a delicadeza) foi, referindo-se aquillo que eu outro dia disse, — que os srs. Loureiro e Mousinho nada tinham de particular contra o sr. Costa Cabral, e que até lhe haviam feito elogios. - Sr. presidente, francamente declaro á camara que eu, na outra sessão, quando disse isto, referia-me a uma conversação particular que tinha tido com o sr. Mousinho a respeito do sr. Costa Cabral: então me disse aquelle meu antigo amigo (o sr. Mousinho), o que eu já repeti, — que nada tinha de particular contra elle (Costa Cabral) — e não só por isto, mas mesmo por algumas expressões, que me não pareceram odiosas? Que então ouvi a s. ex.ª, entendi que lhe não era desfavoravel, e que, tirada a politica, nada mais havia. Se porém o digno par deseja que eu retire essas palavras de cumprimento, que eu disse terem sido proferidas a favor do sr. Costa Cabral, não tenho difficuldade nisso: se outro dia fallei nisto, foi porque, quando ouço dizer alguma cousa que julgo ser favoravel a alguem, tenho sempre gosto de a repetir na camara, ainda que não tenho a mesma facilidade em vir aqui repetir o que ouço de mau.... (apoiados).

Sr. presidente, debaixo de palavra de honra, declaro que o sr. Costa Cabral não entrou para o ministerio por escalada; não me fallou a esse respeito, nem nenhum dos meus amigos me veio dizer que era bom ou mau que s. ex.ª entrasse para a administração: a lembrança foi só minha; e se o resultado fosse mau, a culpa tambem só minha seria, porque para isso unicamente concorreu a minha convicção; esteja o sr. visconde de Sá certo disto. Os meus collegas deram a sua demissão (o que eu vi com sentimento) pelo motivo unico da questão das remunerações: restava eu só, e então Sua Magestade me disse que formasse a administração com as pessoas que quizesse: eu perguntei a Sua Magestade — se tinha dúvida em que chamasse o sr. Costa Cabral — e respondeu-me que não, e que o podia chamar. Este foi o motivo por que elle entrou para o ministerio.

O sr. V. de Sá, em vista do que acabava de dizer o sr. C. de Lavradio, declarou que retirava o seu dito — de que o ministerio havia sido tomado por escalada pelo sr. Costa Cabral; mas ficava na convicção de que, se não foi por escalada, havia sido tomado por uma mina que se preparara.

O sr. presidente deu para ordem do dia a mesma que vinha para hoje, e fechou a sessão depois das quatro horas e meia.