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CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

SESSÃO N.° 45

EM 1 DE JUNHO DE 1908

Presidencia do Exa. exmo. Conselheiro Antonio de Azevedo Castello Branco

Secretarios - os Dignos Pares

Luiz de Mello Bandeira Coelho
Marquez de Sousa Holstein

SUMMARIO. - É lida, e enviada á commissão competente, uma representação da camara Municipal de Coimbra, pedindo autorização para contrahir um emprestimo de 150:000$000 réis, destinados ao estabelecimento da viação pela tracção electrica. - Os Dignos Pares Pimentel Pinto, Marquês de Sousa Holstein, Francisco José Machado e Luciano Monteiro enviam para a mesa pareceres da commissão de verificação de poderes, favoraveis aos requerimentos em que, respectivamente, os Exmos. Srs. Carlos Roma du Bocage, Visconde de Balsemão, Visconde de Algés e Serpa Pimentel pedem que lhes seja permittido entrar n'esta Camara por direito de successão. Foram a imprimir. - Entre os Dignos Pares Conde de Bertiandos. Jacinto Candido e José Maria de Alpoim trocam-se explicações acêrca de umas palavras por este ultimo proferidas na sessão antecedente.

Ordem do dia, (Continuação da discussão do projecto de resposta ao Discurso da Coroa). - Usam da palavra os Dignos Pares Veiga Beirão e José de Azevedo Castello Branco. Este ultimo, não tendo podido concluir as suas considerações, pede que lhe seja permittido continuar na sessão seguinte - O Sr. Presidente nomeia a deputação que tem de apresentar opportunamente a Sua Majestade El-Rei alguns decretos das Côrtes Geraes. Encerra-se a sessão, e designa-se a immediata, bem como a respectiva ordem do dia.

Pélas 2 horas e 10 minutos da tarde, verificando-se a presença de 20 Dignos Pares, o Sr. Presidente declarou aberta a sessão.

Foi lida, e seguidamente approvada, a acta da sessão anterior.

O Sr. Presidente : - Vae ler-se uma representação dirigida a esta Camara, e approvada num comicio que se realizou na cidade de Coimbra.

Esta representação pede que seja autorizada a camara Municipal de Coimbra a contratar um emprestimo de 150 contos de réis para municipalizar o serviço de viação pela tracção electrica.

(Leu-se na mesa).

Esta representação tem de ser entregue á commissão respectiva; mas em vista da importancia do assunto a que tal documento se refere, consulto a camara sobre se permitte que seja publicada no Diario do Governo.

Consultada a Camara, resolveu affirmativamente.

O Sr. Pimentel Pinto: - Pedi a palavra, por parte da commissão de verificação de poderes, para mandar para a mesa um parecer que incide num requerimento em que o Exmo. Sr. Carlos Roma du Bocage pede que lhe seja permittido entrar nesta camara por direito hereditario.

O Sr. Marquez de Sousa Holstein:- Pedi a palavra para mandar para a mesa um parecer sobre um requerimento em que o Sr. Visconde de Balsemão pede que lhe consintam a entrada nesta Camara, como successor de seu pae.

O Sr. Francisco José Machado: - Tambem pedi a palavra, por parte da commissão de verificação de poderes, para mandar para a mesa um parecer, referente a um requerimento do Sr. Visconde de Algés.

O signatario do requerimento deseja entrar nesta Camara, e prestar juramento, por direito hereditario.

O Sr. Luciano Monteiro: - Envio para a mesa, por parte da mesma commissão de verificação de poderes, um parecer que recaiu num requerimento em que o Sr. Serpa Pimentel pede a sua entrada nesta Camara.

O Sr. Presidente: - Todos estes pareceres vão a imprimir, para serem distribuidos pelos Dignos Pares.

O Sr. Conde de Bertiandos: - Sr. Presidente: havendo eu falado na penultima sessão, a respeito dos acontecimentos que se deram á chegada a Lisboa dos estudantes da Universidade, fi-lo com muita indignação.

Falou depois o Digno Par Sr. Alpoim, com a mesma indignação, e porque eu em certa altura da oração de S. Exa. pedi a palavra, alguns jornaes avolumaram este facto e muita gente suppôs que eu me sentira aggravado e viria, quando a palavra me coubesse, pedir explicações, que aliás haviam sido dadas logo.

Ora, para isso, era necessario que houvesse motivo para eu me julgar visado. A camara comprehende bem que as carapuças não servem em todas as cabeças. (Muitos apoiados).

Dissera eu que os desacatos praticados na estação poderiam ter sido feitos pela mesma gentalha que andou pela cidade em 6 de abril e que o Digno Par Sr. Alpoim definiu no seu discurso de 12 de maio ultimo, nos termos seguintes:

Tumultuaram, pelas das da cidade, bandos que só de vê-los o espirito se confrangia. De onde sairam? De que antros? Sairam, não se sabe de onde, como as emanações pestilenciaes se exhalam das sargentas e dos esgotos. Assaltavam os cidadãos, injuriavam monarchicos e republicanos, atacavam os carros, aggrediam sacerdotes - e aquella policia, tão pronta em matar cidadãos inermes, olhava indifferente esse espectaculo e fazia quasi uma guarda de honra aos infectos bandos !

Porquê? Que estranho facto é este? Gazetas officiaes e não officiaes disseram que na