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N.º 15

EM 11 DE MARÇO DE 1899

Presidencia do exmo. sr. Marino João Franzini
Secretarios - os dignos

Conde de Bertiandos
Julio Carlos de Abreu e Sousa

SUMMARIO

Leitura e approvação da acta. - Expediente. - O digno par D. Luiz da camara Leme pede ao governo que de execução a um projecto que manda erigir monumentos aos duques de Saldanha e de Palmella. - Allude ás considerações do digno par o sr. ministro das obras publicas. - O digno par Ernesto Hintze Ribeiro Allude ás obras das côrtes, e insta por que se realise a interpellação que annunciou ao sr. presidente do conselho e ao sr. ministro das obras publicas sobre a importação do milho e sobre a questão das farinhas. - O sr. ministro das obras publicas refere-se ás obras da sala para a camara dos senhores deputados e ao decreto que baixou os direitos do milho exotico. Sobre os mesmos assumptos trocam-se novas explicações entre o digno par Ernesto Hintze Ribeiro e sr. ministro das obras publicas. Consultada a camara, delibera que seja dada novamente; a palavra as mesmos oradores para continuarem a dirimir as questões a que se teem referido.- O digno par conde de Lagoaça pede que se mantenha o antigo uso de conservar a inscripção dos dignos pares que desejam fallar antes da ordem do dia.-Ainda sobre a questão da importação do milho discursam o digno par conde de Bertiandos e sr. ministro das obras publicas. - O digno par Pimentel Pinto manda para a mesa um requerimento, pedindo documentos ao ministerio da guerra. É expedido. -O digno par Telles de Vasconcellos manda para a mesa dois requerimentos, pedindo esclarecimentos aos ministerios do reino e das obras publicas. São expedidos. - Ainda sobre o decreto que trata da importação do milho faliam o digno par Ernesto Hintze Ribeiro e o sr. ministro das obras publicas. - Encerra-se a sessão e designa-se a immediata, bem como a respectiva ordem do dia.

(Estavam presentes á sessão os srs. ministros das obras publicas e da marinha.)

Pelas duas horas e cincoenta minutos da tarde, verificando-se a presença de 24 dignos pares, o sr. presidente declarou aberta a sessão.

Foi lida, e seguidamente approvada, a acta da sessão antecedente.

Mencionou-se o seguinte

Expediente

Officio do sr. ministro das obras publicas, datado de 11 do corrente, remettendo copia de documentos pedidos pelo digno par Hintze Ribeiro.

Mandaram-se entregar ao digno par.

Officio do sr. ministro da fazenda, datado de 9 do corrente, enviando os documentos pedidos pelo digno par conde de Bertiandos.

Mandaram-se entregar ao digno par.

O sr. Presidente: - O digno par o sr. D. Luiz da Camara Leme tinha ficado com a palavra reservada da sessão antecedente. Tem, pois, s. exa. a palavra.

O sr. D. Luiz da Camara Leme: - Sr. presidente, eu pedi a palavra na sessão passada quando um meu illustre amigo e antigo collega apresentou aqui um requerimento a respeito do meu mal fadado projecto dos monumentos erigidos a dois grandes homens que tomaram parte nas luctas liberaes. S. exa. disse que eu tinha assignado esse requerimento em primeiro logar, para dar mais auctoridade a esse documento.

Não estou de accordo com esta affirmação. porque o nome de s. exa., que representa não só um nobre caracter, mas um distincto talento, era auctoridade sufficiente para apresentar um requerimento que, espero, merecerá a attenção da camara.

Permitta-me v. exa. que eu, para elucidar esta assembléa, pois que tenho todos estes factos bem na memoria, diga alguma cousa com relação ao que se passou com este projecto e qual foi a sua origem. Fique a camara, porem, certa de que eu lhe não tomarei muito tempo.

Quando o partido regenerador teve o infortunio de perder o sr. Fontes - e ninguem era mais admirador dos seus altos dotes do que eu - levantou-se aqui uma subscripção para se lhe erigir um monumento.

Era justo.

Mas o que não era justo, sr. presidente, era que o chefe do partido regenerador, que em 1851 tinha arriscado a sua vida e posição a bem da causa publica, fosse esquecido.

Pois se até, para lhe offuscarem a sua gloria, quizeram attribuir a Rodrigo e a Fontes Pereira de Mello a idéa e programma d'esse partido, quando a iniciativa partiu exclusivamente do marechal!

Fui eu, sr. presidente, o encarregado de tirar uma copia d'esse programma que foi enviada á Rainha, sendo portador d'esse. importante documento o coronel Ximenes, mais tarde visconde do Pinheiro.

Não póde ser esquecido, não o deve ser.

Então, sr. presidente, eu elaborei um projecto que tive a honra de apresentar n'esta camara, para que se erigisse um monumento ao marechal Saldanha, não com mais pompa do que foi levantado á memoria do duque da Terceira, outra gloria nacional.

Esqueceu-se o marechal Saldanha, que era chefe do partido regenerador!

Apresento agora esse projecto e confesso que tive grande decepção porque a politica mette-se em tudo. Mette-se em tudo a politica, essa grande dissoluta que nos opprime par todos os modos!

Contava eu, sr. presidente, que os militares que estavam n'esta camara, e alguns d'elles tinham assistido a essas memoraveis batalhas do celebre paladino, se não recusassem a assignar esse projecto.

Pois recusaram-se alguns, tal foi a intriga politica!

E eu devo dizer a v. exa. que, por essa occasião, um illustre deputado do partido regenerador, e muito considerado, me veiu dizer que, apesar de não ser militar, queria ter a honra de assignar o projecto, porque se o não fizesse commettia um grande erro de ingratidão. Era o sr. Gomes Lage, sogro do fallecide Lopo Vaz, então ministro.

Eu disse-lhe: v. exa. não é militar, mas com muito gosto accedo á sua vontade.

As resistencias, sr. presidente, eram grandes, como se os erros, se os podem chamar assim, commettidos pelo marechal Saldanha, de ser revolucionario, não tivessem