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194 ANNAES DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

de estrada por cada kilometro quadrado de superficie.

Devo dizer a V. Exa. e á Camara que muitas estações de caminhos de ferro não teem o necessario movimento por falta de communicações com as povoações que estão destinadas a servir. Estações construidas ha muitos annos, ainda não estão ligadas com as povoações proximos, algumas das quaes, que eu conheço, ficam a pequenas distancias. A nossa região duriense tem apenas 150 metros de estrada por cada kilometro quadrado de superficie. O districto de Beja tem só 42 metros de estrada pelo mesmo kilometro quadrado de superficie. Braga é o mais feliz, pois tem 239 metros, Bragança tem 67 metros, Castello Branco tem 89, Portalegre tem 64, Evora 67, Faro 79 metros, etc., etc. Eu não posso pedir a responsabilidade ao Sr. Ministro das Obras Publicas, porque a não tem. Quero apenas pedir a S. Exa. que empregue a sua actividade, o seu talento, que é muito, para a realização de tão importante assumpto que interessa a economia nacional, e principalmente para a estrada das Caldas a Santa Catharina, que tão necessaria se torna para utilidade d'aquelles povos e para servir uma região tão fertil e tão importante.

O Sr. Ministro das Obras Publicas (Malheiro Reymão): - Não ha duvida de que a conclusão da rede das estradas é absolutamente indispensavel, sobretudo para o desenvolvimento economico do paiz; mas tambem o Digno Par não ignora que as verbas insertas no orçamento e, sobretudo, no anno economico corrente, são deficientes. Dentro das verbas orçamentaes eu procurei attender a todas as estradas em construcção e, principalmente, áquellas que me pareciam de maior vantagem para os povos.

Desde que sou Ministro, nem uma unica estrada mandei começar; tenho-me limitado a fazer continuar os trabalhos das que estavam em construcção.

Sr. Presidente: estou perfeitamente de accordo com as intelligentes ponderações do Digno Par, e para que S. Exa. veja qual é o meu proposito, devo declarar que já apresentei na Camara dos Senhores Deputados uma proposta tendente a assegurar a grande reparação das estradas, por isso que é grande o numero das que precisam reparos.

Eu colloco em segundo plano, em relação ao tempo, a conclusão da rede de estradas, por isso que as verbas orçamentaes não permittem atacar o problema.

Creia o Digno Par que eu não perco o assumpto de vista, e, se puder, e os meus collegas estiverem de accordo, tenciono na proximo sessão parlamentar apresentar um projecto para um emprestimo destinado á construcção de estradas no intuito de se concluir a nossa rede.

Por ultimo, devo ainda acrescentar que estou convencido de que a importancia que haja a despender-se com a conclusão da nossa rede de estradas não será de 3:000 contos dê réis, mas talvez de 9:000 contos de réis, pouco mais ou menos.

Tenho dito.

(S. Exa. não reviu).

O Sr. Francisco José Machado: - Sr. Presidente: agradeço a resposta do nobre Ministro das Obras Publicas e declaro que tenho a maior confiança em que S. Exa. ha de cumprir o que promette, para bem do paiz e honra do seu nome.

O Sr. Sebastião Baracho: - Acabo de receber uma reclamação do conhecido Luciano Moreira, o Luciano das ratas, que conta no seu activo 110:000 mortes d'aquelles nocivos roedores.

A par d'este serviço, outros presta, percorrendo a canalização da cidade, denunciando as fugas de gaz e o rompimento dos canos da agua.

Pois este util cidadão e bom chefe de familia, que só vive do trabalho que fica designado, encontra se nas mais precarias circunstancias, porque não lhe pagam o que lhe devem.

Chamo para o estranho caso a attenção do Sr. Ministro das Obras Publicas, a fim de fazer valer as minhas instancias, junto do Sr. Presidente do Conselho, Ministro do Reino, para que, pelo governo civil, se satisfaça o devido ao reclamante, digno em todo o ponto de que se preste attenção á sua queixa.

N'um regimen em que no ultimo anno economico se gastaram 120 contos de réis, com despesas inconfessaveis de policia preventiva, não admira que se regateiem uns magros tostões como legitima retribuição de trabalho honesto, e portanto confessavel. É positivamente harmonico.

Cumprido para com este obscuro cidadão o agradavel encargo de o recommendar á benéfica acção do Governo, rogo ao Sr. Ministro das Obras Publicas que se digne mandar satisfazer, pelo menos, dois dos meus requerimentos, referentes: - o primeiro aos comboios e salões especiaes de que se tem feito uso, ou antes, abuso, nos ultimos tempos; e o segundo, á despesa realizada com as obras da casa de jantar, no Paço das Necessidades.

Tem o Sr. Ministro sido essencialmente amavel, facultando-me grande numero dos documentos que requeri. Espero que a sua gentileza se affirmo mais uma vez, satisfazendo o pedido que deixo formulado.

Posto isto, vou ler á Camara um telegramma que a imprensa periodica publica, e que é d'este teor:

Londres, 29.

Sessão da Camara dos Communs. O Sr. Ruciman disse que recebeu do respectivo cônsul de Inglaterra um relatorio não destinado a publicação, do qual consta que os trabalhadores indigenas em S. Thomé e Principe são bem tratados, mas não declara se são cumpridos os novos regulamentos para a repatriação; os factos vão ser communicados ao Governo Portuguez para elle dar providencias.

É assombroso!

Ainda não chegou por lá a Memoria Justificativa, elaborada pelo Ministerio da Marinha, acêrca do trabalho indigena nas colonias portuguezas, memoria que merece o meu completo applauso?

Onde, porem, a impertinencia attinge o seu cumulo, é na pretensão de recommendar ao Governo Portuguez que se tomem providencias com respeito á repatriação dos colonos.

Mais de uma vez me tenho attribuido, sem que contestação me tenha sido feita, a prioridade, entre os viventes, na defesa da alliança ingleza. Já em 1881 eu escrevia acêrca d'este assumpto. Mas, então, como agora, como sempre, quero ser alliado e nunca protegido, nem subserviente. Nada de tutelas, sejam de que especie forem.

Em 5 de julho preterito, Sir Edward Grey, Ministro dos Negocios Estrangeiros, condemnava a mão de obra africana na Ilha de S. Thomé e na do Principe, declarando que, por mais de uma vez, tinha sido chamada a attenção, do nosso Governo para esse facto.

Áquellas ilhas fôra officialmente mandado o cônsul Nightingale, para inquirir d'esse estado de cousas.

N'aquella occasião estava a Inglaterra verdadeiramente em foco, por causa da questão do "coolies" na Africa do Sul, onde tambem houve, pela mesma epoca, carnificina de indigenas, os quaes se tinham insurgido contra os maus tratos dos seus patrões e senhores. A par d'isto, davam-se no Egypto acontecimentos crueis, que não descrevo agora, por não dispor para isso de tempo, e que obrigaram a reforçar a guarnição militar britannica d'aquelle infeliz paiz, sob a protecção da poderosa Inglaterra.

Entendeu, então, Sir Edward Grey fazer derivar para nós o mau conceito mundial, que justamente pesava sobre a sua patria.

Por essa mesma occasião, o Ministro britannico fez referencias ao Japão,