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64 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

Por consequencia é conveniente que se nomeie a commissão sem demora, para examinar o pedido d'este cavalheiro.

Vae, portanto, proceder-se ao sorteamento da commissão, que ha de examinar o requerimento do sr. conde dos Arcos, no qual pede ser admittido na camara dos dignos pares como successor de seu pae.

commissão ficou composta dos dignos pares:

Conde de Paraty.
Conde de Mesquitella.
Mello e Carvalho.
Marquez de Fronteira.
Visconde de Asseca.
Conde do Farrobo.
Visconde de Chancelleiros.

O sr. Palmeirim: - Eu tinha pedido a v. exa. que consultasse a camara sobre o pedido que fiz por parte da commissão de fazenda, para que a esta commissão fossem aggregados os dignos pares os srs. visconde de Algés, visconde da Praia Grande e Paiva Pereira.

O sr. Presidente - Os dignos pares que approvam o pedido feito em nome da commissão de fazenda, pelo digno par o sr. Palmeirim, tenham a bondade de se levantar.

Foi approvado.

O sr. Presidente - Vamos entrar agora na ordem da dia. Entretanto eu tinha dado para ordem do dia da ultima sessão a proposta do sr. Carlos Bento. Esta proposta conclue por pedir que se nomeie uma commissão de inquerito, e provavelmente a camara quererá tomar uma resolução a este respeito, para se fixar o dia em que ha de eleger-se commissão. Se o sr. ministro da marinha concorda em que se trate primeiro d'este negocio, eu vou pôr á discussão a proposta do sr. Carlos Bento.

O sr. Ministro da Marinha e Ultramar. (Thomás Ribeiro): - Concordo plenamente com o que v. exa. acaba de dizer.

O sr. Presidente: - Vae ler-se a proposta.

O sr. secretario leu, e é do teor seguinte:

«Proponho que seja nomeada uma commissão de inquerito de sete membros, encarregada de estudar as causas da crise commercial de 1876, e o meio de evitar a repetição de crise analoga.»

O sr. Presidente: - Está em discussão.

O sr. Barros e Sá: - Eu peço que a commissão seja composta de nove membros, com o que está de accordo o sr. Carlos Bento, auctor da proposta.

O sr. Presidente: - Como ninguem pede a palavra, vou pôr a proposta á votação.

Os dignos pares que approvam a proposta do sr. Carlos Bento, tenham a bondade de se levantar.

Foi approvada.

O sr. Presidente: - Os dignos pares que approvam o additamento feito pelo digno par, o sr. Barros e Sá, para que a commissão, em logar de sete membros, seja composta de nove, tenham a bondade de se levantar.

Foi approvado.

O sr. Presidente: - A eleição da commissão, de que trata a proposta que acaba de ser approvada, fica para a primeira sessão.

Agora tem a palavra o sr. ministro da marinha.

O sr. Ministro da marinha: - Se v. exa. me dá licença, visto que o digno par, o sr. marquez de Vallada deseja ainda referir-se ao objecto d'esta interpellação, talvez convenha que s. exa. apresente primeiro as suas observacões. Isto não é eximir-me a fallar, mas parece-me que é o mais conveniente se o digno par, o sr. marquez de Vallada, concorda.

O sr. Presidente: - Como o sr. ministro da marinha cede o direito que tinha de fallar, e o sr. marquez de Vallada é o interpellante, vou dar a palavra a s. exa.

O sr. Marquez de Vallada: - Fazendo sentir que ainda se não achava cabalmente desempenhada a missão que se tinha imposto, não devia comtudo embaraçar qualquer explicação ou esclarecimento que o sr. ministro da marinha desejasse apresentar, e por isso cederia da palavra ao sr. ministro, ou outro qualquer digno par seu collega; todavia acceitava o logar que lhe davam n'esta discussão, que era uma questão politica e grave.

Sobre a questão de administração respondeu o sr. ministro com a gravidade e elegancia de phrase que são coadunadas a tão illustrado cavalheiro; todavia (elle orador) diria que em parte não lhe satisfez a resposta, e por isso adduzia ainda varias considerações para robustecer algumas proposições apresentadas na precedente sessão. Mais declarava n'esta occasião, que depois de concluida a presente interpellação havia de pedir diversos esclarecimentos da secretaria da marinha, e muito especialmente da repartição do ultramar, persuadido de que a nossa regeneração politica ha de provir da prosperidade das provincias do ultramar, e com ella a, nossa independencia, que convem não descurar, porque temos inimigos d'essa independcncia claros e occultos, externos e internos. Foi elle (orador) o primeiro que n'esta casa do parlamento teve a honra de levantar a voz e provocar uma discussão seria relativamente á questão iberica, na occasião em que ainda estava no throno a Senhora D. Izabel II, e era presidente do conselho de ministros em Portugal o sr. duque de Loulé, e se recordarão todos dos esforços que elle (orador) empregou, a clareza com que se expressou, não sendo então bem comprehendido pelo ministro da guerra n'aquella epocha, o sr. Ferreira de Passos. O orador affirmou que a questão iberica está intimamente ligada com a do ultramar, e por isso declarava que a questão de que tratava não era de pura, simples e mera administração, mas envolvia negocios diplomaticos; e affirmava, portanto, que nunca a patria careceu tanto como actualmente do esforço honrado de seus filhos, e por conseguinte é necessario que a nossa politica seja muito circumspecta.

O orador reportou-se a varios factos da invasão franceza, mermorou o que se passou com a Inglaterra n'essa quadra, recordou varios factos da sua vida parlamentar sendo ministros os srs. Rodrigo da Fonseca Magalhães e duque de Saldanha, em relação á imprensa periodica, e adduziu exemplos da imprensa franceza quando se tratou da compra de um jornal, não se carecendo da benevolencia jornalistica, comprada á custa da honra e dos dinheiros publicos quando se é bom. Affirmava elle (orador) de si que ha de combater sempre a união iberica, seja debaixo de que principios ella se apresentar, e venha de onde vier; e adduz a sua opinião sobre a conveniencia da allianea de Portugal com a Inglaterra.

Passando a rememorar os pontos da sua interpretação disse haver um, do qual não obteve do sr. ministro da marinha resposta que o satisfizesse, que era em relação aos escriptos de s. exa. sob o pseudonymo Thome de Diu; perguntava de novo a s. exa. se está ou não persuadido que o governo inglez entrou em quaesquer planos, ou foi o motor de quaesquer tentativas para cercear os nossos dominios de alem mar? Tal é a questão que elle. (orador) deseja ver explicada, porque tem muito interesse em que se conserve e se mantenha a dynastia do Senhor D. Luiz I no throno de seus maiores.

O orador fez uma referencia ao sr. ministro da marinha em relação ao anno de 1870, dizendo que s. exa. não sabia de certo muitas d'essas cousas a que elle (orador) se referia.

Continuou o orador dizendo que alguns dos collegas do sr. ministro, e outros cavalheiros, sabem o facto a que allude de manejos para a união iberica, e que os propugnadores d'essa união tratam quanto podem de combater a nossa alliança com a Inglaterra, por entenderem que esta potencia é aquella que nos póde ajudar, de accordo com outras nações, a conservar a nossa independencia.

Comprometteu-se a dirigir mais tarde ao governo algumas perguntas a respeito dos preparativos actuaes de guer-