O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

SESSÃO N.° 21

EM 20 DE FEVEREIRO DE 1904

Presidencia do Exmo. Sr. Luiz Frederico de Bivar Gomes da Costa

Secretarios - os Dignos Pares

Visconde de Athouguia
Fernando Larcher

SUMMARIO: - Leitura e approvação da acta. - O Sr. Presidente participa que alguns Dignos Pares, por motivo justificado, não puderam fazer parte da deputação que acompanhou á sua ultima morada, o cadaver de Digno Par Conde de Azarujinha. - O Digno Par Marquez de Lavradio pede o comparecimento do Sr. Ministro da Marinha para alludir á reforma das construcções navaes. - O Digno Par Sebastião Baracho insta igualmente pela presença do Sr. Ministro da Marinha e dirige-se ao Sr. Presidente do Conselho sobre occorrencias entre o governador civil de Leiria e o administrador da Real Casa da Nazareth. Por ultimo refere-se a providencias adoptadas por causa da guerra do extremo oriente. - Eesponde a S. Exa. O Sr. Presidente do Conselho. - O Sr. Marquez de Lavradio trata dos navios construidos no nosso Arsenal sob a direcção do Sr. engenheiro francez Croneau. - .Responde a S. Exa. o Sr. Ministro da Marinha.

Ordem do dia. - Continuação da discussão da interpellação dos Dignos Pares Eduardo Coelho e Sebastião Baracho sobre a prorogação do contracto do Caminho de Ferro do Lobito, causas da desnacionalisação da provincia de Angola e acção dos frades do Espirito Santo da mesma provincia. - Usa da palavra o Digno Par Sebastião Baracho, mas dando a hora pede que lhe fique reservada para a sessão seguinte. - O Digno Par José de Sousa Holstein insta pela remessa de uns documentos que ha dias requisitou ao Ministerio da Marinha. - Encerra-se a sessão e designa-se a immediata, bem como a respectiva ordem do dia.

Estava ao começo da sessão o Sr. Presidente do Conselho, e entraram depois os Srs. Ministros da Marinha, Justiça e da. Guerra.

Pelas duas horas e quarenta minutos da tarde, verificando-se a presença de 19 Dignos Pares, o Sr. Presidente declarou aberta a sessão.

Foi lida, e seguidamente approvada, a acta da sessão antecedente.

O Sr. Presidente: - Declara que os Dignos Pares Visconde de Soares Franco, Pessoa de Amorim e Costa e Silva o encarregaram de participar á camara que, por motivos justificados, não tomaram parte na deputação que acompanhou o cadaver do Digno Par Conde de Azarujinha á sua ultima morada.

O Sr. Marquez de Lavradio: - Pede ao Sr. Presidente que se digne communicar ao Sr. Ministro da Marinha que deseja o comparecimento de S. Exa. n'esta Camara, para se occupar de assumptos relativos ao arsenal e construcções navaes.

O Sr. Sebastião Baracho: - Tambem deseja a presença do Sr. Ministro da Marinha para tratar do mesmo assumpto a que se referiu o Digno Par Marquez de Lavradio.

Como na ordem do dia se discutem materias respeitantes á pasta que S. Exa. sobraça, esperava que S. Exa. entrasse na Camara, e, sendo assim, elle, orador, reforçaria ou secundaria a argumentação do Digno Par Marquez de Lavradio quanto ao engenheiro Croneau; e patentearia com documentos como o estrangeirismo está adoptado e perfilhado n'este paiz.

Mas não era apenas para tratar d'este assumpto que desejava o comparecimento do Sr. Ministro da Marinha.

Tambem quereria obter de S. Exa. algumas explicações com respeito á situação em que se encontra a Camara de Benguella e de Catumbella.

S. Exa. não se acha presente.

O Sr. Presidente do Conselho de Ministros (Hintze Ribeiro): - O Sr. Ministro da Marinha está em caminho para esta Camara.

O Orador:-Visto que o Sr. Presidente do Conselho se dignou informal-o de que o Sr. Ministro da Marinha vem em caminho da Camara, vae dirigir-se ao Sr. Presidente do Conselho, emquanto S. Exa. não dá entrada na sala.

Não quer, nem é de boa pratica, dirigirem-se os membros do Parlamento aos membros do Governo sem os terem prevenido dos assumptos que desejam versar, sem os pôr ao facto das questões de que desejam occupar-se.

Vae, pois, enunciar um assumpto sobre o qual deseja obter explicação, em qualquer occasião, por parte do Sr. Presidente do Conselho.

Refere-se ao que se passou ha dias na administração da Real Casa da Nazareth.

Segundo informa um jornal de Leiria que tem presente, occorreu na praia da Nazareth um desastre que principalmente lesou a gente pobre.

O governador civil do districto de Leiria entendeu que devia dar ordens á administração da Real Casa da Nazareth para lhe fornecer os pinheiros que julgava precisos para reparar os destroços occasionados pelo desastre.

A Real Casa da Nazareth reclamou contra esta ordem, allegando que não estava auctorisada u proceder por essa forma.

O Sr. governador civil, segundo o mesmo jornal, insistiu na requisição,