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CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

SESSÃO.N.° 22

EM 9 DE MARÇO DE 1903

Presidencia do Exmo. Sr. Antonio de Moraes Carvalho

Secretarios — os Dignos Pares

Visconde de Athouguia
Fernando Larcher

SUMMARIO: — Leitura e approvação da acta. — Expediente. — O Sr. Presidente declara que vae dar a palavra aos Dignos Pares que se inscreveram para se referirem á apresentação do novo Governo. — Usa da palavra o Digno Par José Luciano de Castro.—O Digno Par Avellar Machado requer que o incidente em discussão substitua nesta sessão a ordem do dia.— É approvado este requerimento. — Usam da palavra o Sr. Presidente do Conselho e o Digno Par José Frederico Laranjo. — O Digno Par Avellar Machado manda para a mesa dois pareceres da commissão de guerra. — Foram a imprimir.— O Sr. Presidente do Conselho explica as considerações do Digno Par José Frederico Laranjo. — Encerra-se a sessão e designa-se a immediata, bem como a respectiva ordem do dia.

Ás 3 horas e dez minutos da tarde, verificando-se a presença de 37 Dignos Pares o Sr. Presidente declarou aberta a sessão.

Foi lida, e seguidamente approvada, a acta da sessão antecedente.

Mencionou-se o seguinte expediente:

Officio do Ministerio dos Negocios Estrangeiros, remettendo 150 exemplares do Boletim Commercial n.° 1 do corrente anno.

Para distribuir.

Assistiram á sessão desde o começo Os Srs. Presidente do Conselho e o Sr. Ministro da Justiça.

O Sr. Presidente: — Estão inscritos da sessão passada para falarem antes da ordem do dia os Dignos Pares José Luciano, Laranjo, Eduardo Coelho, Jacinto Candido, Mendonça Cortez e Rebello da Silva.

Tem a palavra o Sr. José Luciano.

O Sr. José Luciano de Castro:— Pediu a palavra quando, no dia da apresentação d'este Ministerio, o Sr. Presidente do Conselho respondia a algumas das observações que o orador tinha feito sobre a sua organização. Era intuito do orador, nessa occasião, rectificar ou explicar o precedente da sua responsabilidade, á qual S. Exa. alludiu.

Refere-se á recomposição ministerial progressista em 1898.

Tinha tenção de, na mesma sessão em que o Sr. Presidente do Conselho lhe respondeu, pedir a palavra e explicar o que é agora seu proposito esclarecer.

Veiu depois o discurso do Digno. Par o Sr. Arroyo, discurso em que o nome d'elle, orador, foi chamado á discussão.

Não quer alterar o proposito em que estava de se limitar a fazer uma rectificação ás referencias que o Sr. Presidente do Conselho lhe fez. Mas não pode, sem querer de maneira nenhuma intrometter-se na discussão havida entre o Sr. Presidente do Conselho e o Digno Par o Sr. Arroyo, deixar de declarar que nenhuma influencia teve na organização do actual Gabinete.

Pensava elle que, depois das declarações tão firmes e categoricas que fizera na sessão de quarta feira, ninguem a esse respeito poderia levantar qualquer suspeita, duvidando da sua lealdade.

Se elle tivesse sido, na organização do actual Gabinete, consultado sobre a sua formação; se tivesse exercido qualquer influencia nesse facto politico, decerto não viria a esta Camara falar da maneira por que falou e nos termos em que se expressou.

Vê agora que estava enganado, pois, apesar da firmeza das suas declarações e da sinceridade das suas palavras, houve um gracioso equivoco e uma sequencia de epigrammas da parte do Digno Par õ Sr. Arroyo, ao abrir o seu discurso da ultima sessão.

A verdade é que elle, orador, só teve conhecimento da organização do actual Ministerio no dia 26 de fevereiro. Foi um amigo seu quem lhe narrou os termos em que estava organizado o actual Gabinete.

Só então é que soube o que se passava, e por isso é absolutamente estranho a tudo quanto se fez e não pode assumir a minima responsabilidade na organização do actual Ministerio.

Não foi ouvido nem havia razão para o ser; não foi consultado e nada tem que estranhar.

Bastava acreditar-se nas palavras que proferiu e fazer-se-lhe a justiça de reconhecer quanto era incapaz de vir desempenhar a comedia de simular uma aggressão ao Governo, estando no fundo de acordo com elle.

Confirma plenamente as declarações feitas pelo Sr. Presidente do Conselho. É amigo pessoal de S. Exa. ha muitos annos (Apoiado do Sr. Presidente do Conselho) e com a sua amizade se honra; todavia as divergencias politicas entre ambos são hoje, como sempre teem sido, profundas. Nunca se encontraram no mesmo campo desde que militam na politica. Crê, porem, que não ha nenhuma incompatibilidade entre a manutenção das melhores relações pessoaes e a existencia de más relações politicas entre dois homens, que sabem respeitar