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CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

SESSÃO N.° 29

EM 8 DE MARÇO DE 1904

Presidencia do Exmo. Sr. Alberto Antonio de Moraes Carvalho

Secretarios - os Dignos Pares

Visconde de Athouguia
Fernando Larcher

SUMMARIO. - Leitura e approvação da acta. - Expediente. - O Digno Par Ferreira do Amaral prosegue nas suas considerações com respeito aos trabalhos do engenheiro Sr. Croneau. - Os Dignos Pares Jacinto Candido e D. João de Alarcão enviam para a mesa representações contra as medidas de fazenda. As apresentadas pelo Digno Par Jacinto Candido são mandadas publicar no Diario do Governo.

Ordem do dia. - Continuação da discussão da proposição de lei que tende a reformar os contratos com o Banco do Portugal - O Digno Par Laranjo manda para a mesa e sustenta uma moção de ordem - É lida, admittida e fica em discussão juntamente com o projecto - Responde a S. Exa. o Sr. Ministro da Fazenda. - No final da sessão trocam-se explicações entre o Digno Par Eduardo José Coelho e o Sr. Ministro da Fazenda acêrca do desconto de bilhetes do Thesouro dados aos fornecedores do Ministerio das Obras Publicas. - Encerra-se a sessão e designa-se a immediata bem como a respectiva ordem do dia.

Estavam no começo da sessão os Srs. Presidente do Conselho e Ministros da Fazenda e da Marinha e entraram depois os Srs. Ministros dos Estrangeiros e da Guerra.

Ás duas horas e meia da tarde, verificando-se a presença de 23 Dignos Pares, o Sr. Presidente declarou aberta a

Foi lida, e seguidamente approvada, a acta da sessão antecedente.

Mencionou-se o seguinte expediente:

Officio do Sr. Antonio Rodrigues da Costa Silveira, agradecendo o voto de sentimento pela morte do Digno Par Dr. Joaquim Alves Matheus.

Á secretaria.

Representarão do Centro Commercial do Porto, protestando contra as medidas de fazenda.

Á commissão de fazenda.

O Sr. Ferreira do Amaral: - Continuando na ordem de considerações que foram interrompidas na sessão anterior por ser hora de se passar á ordem do dia, dirá que no numero das accusações feitas á construcção do cruzador D. Amelia, dirigida pelo engenheiro Croneau, avulta a que se refere ao leme electrico;

É claro que é errónea a classificação de leme electrico ao leme do D. Amelia, que é igual aos dos outros navios, e se alguma differença ha é a vantagem, sobre muitas outras, de estar por tal forma equilibrado que a rotação completa do navio se faz com o auxilio das machinas e do leme descrevendo um circulo que não tem diametro superior ao seu comprimento, o que é o ideal em materia de effeitos de rotação produzida pelos lemes.

Alem d'isso o governo do navio é perfeito e completo, e nenhum dos officiaes que o tem tripulado ou commandado ainda se queixou de qualquer defeito d'esse genero.

Os lemes são classificados segundo o motor que se applica ao seu regular funccionamento: ha lemes chamados de mão, que são aquelles que funccionam por meio de rodas de leme, movidas á mão pelas praças, e ha lemes de vapor que são aquelles cujo movimento é feito, por transmissão de uma roda do leme, especial a um motor de vapor tambem especial, e ha leme electrico, que é aquelle em que o motor é electrico.

Assim, pois, as irregularidades que possam ter-se notado no funccionamento do leme do D. Amelia dependem do motor applicado e não da natureza do leme.

Para fazer a historia da razão que o Sr. Croneau teve para adoptar este systema de motor para o leme do D. Amelia, deverá dizer que ao tempo em que foi adoptado era este systema preconizado por muitas razões, sendo as duas principaes, a facilidade de reparação n'um caso de combate, por isso que é mais facil reparar um fio conductor de que um tubo de vapor, desde o momento que seja ferido por qualquer estilhaço ou por qualquer outra razão, o que sempre determina uma fuga de vapor, ás vezes era altissima pressão e até o risco d'aquelles que teem de intervir na reparação.

A segunda é, que tendo a machina do conductor do leme de se applicar á ré, na proximidade da cabeça do leme, e sendo as caldeiras avante dos alojamentos, a passagem do vapor das caldeiras para o motor determina um aquecimento nos alojamentos que tornariam estes muito menos habitaveis, emquanto que o motor electrico não interrompe, não toma espaço nem aquece os alojamentos.

Outra razão tambem determina a adopção do motor electrico, e é a que diz respeito aos explosivos chimicos usados na artilharia moderna.

Estes explosivos teem uma estabilidade que é affectada com o augmento de temperatura, chegando-se nas polvoras sem fumo á regra de não se admittir no espaço em que elles este