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N.º 30

SESSÃO DE 22 DE MARÇO DE 1892

Presidencia do exmo sr. Antonio Telles Pereira de Vasconcellos Pimentel

Secretarios - os exmos. srs.

Conde d'Avila Sousa Avides

SUMMARIO

Leitura e approvação da acta. - Correspondencia. - O sr. presidente faz o elogio das virtudes do digno par fallecido, o sr. Lopo Vaz de Sampaio e Mello, e propõe se lance na acta um voto de sentimento pela morte do illustre estadista. (Applausos geraes).- O sr. ministro dos negocios estrangeiros, em seu nome e no do governo, associa-se á manifestação da camara e secunda o sr. presidente na apreciação dos merecimentos do finado - O digno par o sr. Luciano de Castro igualmente commemora os dotes do digno par extincto, e, em seu nome e no do partido progressista, associa-se ao voto de sentimento proposto pelo sr. presidente. - O sr. Antonio de Serpa agradece ao sr. Luciano de Castro, e propõe se encerre a sessão em signal de lucto. A camara assim resolve por unanimidade.-A sessão é encerrada.

Ás duas horas, e vinte minutos da tarde, achando-se presentes 22 dignos pares, abriu-se a sessão.

O sr. Presidente: - Convido o digno par o sr. Sousa Avides a vir occupar o logar de segundo secretario.

Foi lida e approvada a acta da ultima sessão. Mencionou-se seguinte:

Correspondencia

Officio mandado para a mesa pelo digno par visconde de Portocarrero, participando que tem faltado ás sessões por motivo de doença.

Para a secretaria.

Officio mandado para a mesa pelo irmão do digno par José Horta, Francisco da Ponte Horta, agradecendo a manifestação de sentimento que a camara pronunciou.

Para a secretaria.

Representação mandada para a mesa pelos negociantes de vidros e louças, protestando contra os direitos exarados na pauta sobre a dita louça.

Para a secretaria.

Representação mandada para a mesa pelos commerciantes de louças e porcelanas, protestando contra os direitos exarados na pauta sobre a dita louça.

Para a secretaria.

O sr. Presidente: - Acabam de ler-se duas representações sobre o projecto de lei das pautas, que vão ser remettidas á commissão de fazenda; naturalmente a camara quererá que ellas sejam publicadas no Diario do governo, visto que o projecto está já na tela de debate.

Consultada a camara resolveu affirmativamente.

Leu-se a participação de haver fallecido o sr. Lopo Vaz.

O sr. Presidente: - A camara comprehende quanto seria doloroso para mim o receber a participação que acabou de ler-se. É sem duvida tão grande a perda que esta camara acaba d§ soffrer, como immensa a saudade, que me commove neste momento, e que por certo impressiona o espirito de todos os meus collegas nesta camara. (Apoiados)

O sr. Lopo Vaz começou a affirmar os seus talentos e qualidades de homem distincto nos últimos annos em que cursou a universidade, tempo em que, agitando-se uma questão importantissima neste paiz, elle escreveu um folheto, em que desde logo affirmou um grande valor intellectual.

Chamado á vida publica e dando entrada na camara dos senhores deputados, elle póde revelar immediatamente, não só grande aptidão para a tribuna parlamentar, mas começou a manifestar dia a dia as suas grandes qualidades de homem d'estado, e é certo que conseguiu ser considerado, entre os homens politicos, como um daquelles que reunia o maior numero de qualidades appreciaveis nos homens do estado.

A camara conhece a historia, que é contemporanea, e por ella sabe o modo como o distincto homem d'estado abriu rapida carreira na vida publica e politica, para em poucos annos ser elevado aos primeiros logares, onde a sua actividade e perspicacia se exercia com distincção.

Porem, veio a morte inutilisa-lo quando elle, tendo chegado já aos primeiros logares do estado, podia nessa posição continuar a prestar serviços ainda maiores do que foram aquelles com que ennobreceu o paiz, que lhe deu o berço.

Foi uma luz que infelizmente se apagou.

Os homens da estofa e da estatura do sr. Lopo Vaz são raros, e quando se perdem para a vida, a perda é fatal, não para o partido onde militaram, não para os amigos que os seguiram e admiraram, não para a cidade em que viviam, mas para a nação que lhes deu o berço. (Apoiados.)

O sr. Lopo Vaz deixa um grande vacuo na politica portugueza. Oxalá que a historia, que ha de escrever-se mais tarde ou mais cedo, faça inteira justiça aos merecimentos e qualidades de tão notavel estadista.

É profunda a minha dor, como grande a minha saudade, porque para mim é sempre dolorosa a perda de um homem de talento e de valia, esteja elle onde estiver, seja qual for a posição partidaria e politica que occupe, seja meu adversario ou meu amigo politico. (Apoiados.)

É com effeito uma enorme perda deixar o paiz de colher os resultados que lhe podiam provir de uma intelligencia tão excepcionalmente superior, como era a do finado estadista. (Apoiados.)

Creio que a camara, associando-se* a esta minha saudade, quererá que se lance na acta um voto de profundissimo sentimento pela morte do nosso collega, (Geraes e repetidos apoiados.) e que se communique esta resolução á viuva do illustre finado. (Apoiados.)

Foi approvada unanimemente esta proposta.

O sr. Presidente: - Tem a palavra o sr. ministro dos negocios estrangeiros.

O sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros (Costa Lobo): - Sr. presidente, pedi a palavra em meu nome e rio do governo, não só para me associar ao voto que v. exa. acaba de propor, mas tambem para expressar o profundo sentimento de dor que me afflige pela morte do illustre paramentar, membro desta camara, o sr. Lopo Vaz, sentimento de dor que v. exa., com tanta eloquencia, expressou.

Sr. presidente, a perda do sr. Lopo Vaz é uma perda