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536 DIARIO DA CAMARA DOS DIGNOS PARES DO REINO

O sr. Thomás Ribeiro: - Sr. presidente, fui procurado nos corredores d'esta camara para apresentar aos dignos pares uma representação, que desejo seja tomada em consideração, porque o merece, tanto pelo governo como pelos meus collegas.

Permitta-me v. exa. que eu a leia, visto que temos tempo.

(Leu.)

Sr. presidente, mando esta representação para a mesa porque creio que a commissão de fazenda e do ultramar brevemente terão de dar parecer sobre um projecto que já foi approvado na outra camara.

Eu peço ao sr. presidente do conselho e ao sr. ministro das obras publicas, que vejo presentes, que considerem no seu devido valor esta representação.

Já tive occasião de pedir ao governo que fosse o mais beneficente possivel com respeito á navegação mercantil e de passageiros com as nossas possessões e com o Brazil.

Já lhes fallei dos pobres navios da mala real prisioneiros no Tejo para ruina de todos os interessados; e no seu numero entramos todos.

Ha pouco vim d'aquelle paiz e sei as necessidades urgentes de estabelecer esta navegação. É por isso que mais uma vez, fallo, a proposito d'estes emprehendimentos, da inala real, que vê os seus navios prisioneiros, in-utilisados, a apodrecerem quasi nas aguas do Tejo, quando tanto nos é preciso vel-os nas suas derrotas.

Nem o governo imagina o beneficio que fazia, não digo á empreza, porque não tenho procuração d'ella para advogar os seus interesses, mas ao paiz, habilitando a a poder fazer as suas navegações para os portos da America.

Esta empreza, a nacional, cuja representação tive agora a honra de mandar para a mesa, é para mim tambem querida, porque me recorda um facto que se passou quando tive a honra de ser ministro da marinha.

Houve uma sublevação na Guiné portugueza, determinando isso que o governo fizesse d'ella uma provincia á parte. Por essa occasião mandei pedir aos mesmos senhores que hoje representam ao governo e á camara, que me fizessem uma concessão.

As circumstancias que se apontam na representação que mandei para a mesa, fizeram-me lembrar do episodio que vou narrar.

N'esse tempo a navegação fazia-se directamente a Cabo Verde, e d'ahi continuava para os portos do sul, na Africa occidental, não indo á Guiné.

O governo, attendendo á necessidade que havia de melhorar a administração d'aquelle paiz, chamou a empreza, e pediu-lhe que fizesse escala pela Guiné.

Era o sr. George que representava a empreza ante o governo.

Sem ser preciso consultar os outros directores, o sr George disse que isso era possivel, mesmo sem grande sacrificio de tempo. Perguntei eu então: "Quanto ha de o governo dar a mais, na subvenção que se paga, por essa volta que os navios vão dar?" - "Absolutamente mais nada, respondeu-me elle, porque nós tambem ganhamos com a ida áquelle porto no desembarque e embarque de passageiros e mercadorias".

Ora, isto é tão raro em Portugal, que me sinto contente de ter apoiado n'esta camara a representação d'aquelles com quem nesse tempo contratei, e peço á camara e ao governo que tenha essa representação na maior consideração possivel, sem offensa, já se vê, para interesses legitimos de quem quer que seja.

A representação parece-me justa.

O sr. Presidente: - A representação mandada para a mesa pelo digno par sr. Thomás Ribeiro, vae ás commissões de marinha e fazenda, que são as que têem de dar parecer sobre o projecto a que ella se refere.

São lidas na mesa duas mensagens vindas da camara dos senhores deputados.

Uma remmettendo a proposição de lei que tem por fim modificar o decreto de 27 de setembro de 1895, que reorganisou os serviços do recrutamento militar.

E outra remettendo a proposição de lei que tem por fim tornar extensivas aos empregados da contadoria do hospital de S. José as disposições do decreto de 21 de abril de 1892, relativas a adiantamentos dos ordenados.

A primeira foi enviada ás commissões de administração e de guerra, e a segunda á commissão de fazenda.

O sr. Presidente: - A proxima sessão será amanhã, sendo a ordem do dia os projectos que ainda não foram discutidos, n.ºs 41, 43 e 49.

Está levantada a sessão.

Eram quatro horas e vinte e cinco minutos da tarde.

Dignos pares presentes à sessão de 30 de abril de 1896

Exmos. srs.: Luiz Frederico de Bivar Gomes da Costa, Marquez das Minas, Arcebispo de Évora, Condes, de. Cabral, de Carnide, de Thomar; Viscondes, de Athouguia, da Silva Carvalho; Moraes Carvalho, Sá Brandão, Arthur Hintze Ribeiro, Ferreira Novaes, Palmeirim, Cypriano Jardim, Ernesto Hintze Ribeiro, Fernando Larcher, Costa e Silva, Margiochi, Frederico Arouca, Jeronymo Pimen-tel, Baptista de Andrade, Pessoa de Amorim, Thomás Ribeiro.

O redactor = Urbano de Castro.