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comparecendo s. ex." n'esta casa, pediu-lhe o orador que não consentisse que se continuassem a escrever as injurias que então se publicavam em certo jornal contra o soberano, as quaes eram escriptas por um empregado da sua repartição, e despachado mesmo por s. ex.a, que não era responsável pelo que escrevia esse individuo, embora seu empregado, por que esses escriptos somente appareceram depois de estar empregado;> todavia pediu-lhe que lançasse mão de qualquer meio persuasorjo a seu alcance a fim de que tal abuso não continuasse, ¦ pelo respeito que se deve ao soberano, e ao principio de auctoridade: e o resultado foi que esse jornal acabou: o que o sr. conselheiro Avila conseguiu sem quebra da sua dignidade e por modo tal, que somente pelos seus meios obteve que o jornal acabasse. Que também podia dizer que sabe que escrevendo-se neutro jornal injurias contra a camará dos pares, o mesmo sr. Avila empregou a sua influencia para que essas injurias não continuassem, e conseguio-o. Então, diz elle, orador, se o sr. Antonio José d Avila emprega a sua influencia,, como a empregam todos os homens politicos de todos os paizes, para obstar a que a calumnia triumphe, porque não terá também'influencia o sr. presidente da administração para fazer com que se não injurie e chame ladrão a um dos mais eminentes homens d'este paiz ?

Aqui estão os fundamentos da sua supposição, que considera provas moraes bastante auctorisadas para que, por mais que lhe custasse crer que o sr. presidente do conselho, o nobre marquez de Loulé seu parente, lhe fizesse uma tão crua guerra, no que um filho tem de mais sagrado na terra, a memoria de seu pae, força lhe foi render-se á força dessas provas, que cada dia adquiriam mais vigor pelos factos que successivamente iam occorrendo. São estas as provas a que então se referiu, e são ellas ainda as que actuam sobre o seu espirito por mais exforços que faça para se esquivar a ellas. ' •

O sr. Presidente ão Conselho: — Peço a palavra. O sr. Presidente: — Seguia-se o sr. Avila, mas pediu a palavra o sr. marquez de Ficalho, e agora o sr. marquez de Loulé; á vista do que 'é da ordem do regimento que dê a palavra primeiro ao sr. presidente do conselho (apoiaãos).

O sr Presiãente ão Conselho: — Parece-lhe que a ordem pede que se acabe este negocio, para elle, orador extremamente delicado (apoiaãos). O sr. ministro ouviu na sessão passada o discurso do sr. marquez de Vallada, que lhe deixou a impressão de que s. ex.a tinha asseverado, que elle, sr. ministro, era o auctor ou instigador da publicação

daquelle artigo contra a memoria de seu pae: o digno par diz que não ó assim (O sr. Marquez ãe Vallaãa: — Disse que assim o cria.)

O sr. ministro assevera que isso é falsissimo; e como o digno par disse que tinha as provas nas suas mãos, pedia-Ihe agora que as apresentasse.

O sr. Marquez ãe Vallaãa: — As provas são as que já disse.

O Oraãor:—Com taes provas não se fazem aceusações tão graves, e que tão profundamente ferem aquelle a quem são feitas (apoiaãos.)

O sr. Marquez ãe Ficalho: — Todas as questões de familia tem-nas em pequena conta na presença de uma questão como a que se ventila, que tomou um caracter muito serio e digno do parlamento (apoiaãos). O sr. ministro da justiça deu o exemplo de que queria tratar esta questão seriamente, o que todos os dignos pares querem igualmente. {apoiados). O orador toma tal interesse n'esta questão, que entende que deve ser tratada com preferencia a todas as outras; e quanto aos negócios de familia, desejava que se dessem mutuas explicações em familia (apoiados). Portanto pedia ao sr. presidente que seja severíssimo para não permittir que se trate de outra cousa que não seja o objecto principal da discussão (apoiados).

O sr. Presidente:—-Eu creio que as observações do digno par são muito judiciosas, mas não podia deixar de dar a palavra ao sr. marquez de Loulé, principalmente sendo a camará consultada sobre este ponto; e como a camará assim o decidiu, e tem a voz mais activa do que a minha, por isso dei a palavra a s. ex.a (apoiados). Agora continua a discussão do objecto da ordem do dia. (O sr. Reis e Vasconcellos: — Eu também tinha pedido a palavra sobre este incidente.) Tem v. ex.a a palavra".

O sr. Reis e Vasconcellos: — Como se fez uma allusão bem evidente á sua pessoa, entende que não pôde deixar de dizer que effectivamente o sr. marquez de Vallada se lhe queixou de que lhe fosse feita uma guerra tão implacável na pessoa de seu pae, falleeido ha mais de vinte e setí annos, a qual não podia explicar, visto que o sr. marquez de Vallada D. Francisco era um homem leal, e bom portuguez, que podia ter errado, mas que era incapaz de atraiçoar a sua consciência, -que nunca tinha offendido ninguém, e que era extranho ás questões politicas actuaes.'Que elle, sr. marquez, tem sido o alvo de muitas e mui sanguinolen. tas calumnias de que 'nem se lembra senão para perdoa-lasj mas que este golpe na memoria respeitável de seu pae o ferira profundamente.

Disse que, élle orador, comprehendia bem esta dor de um filho, e que não podia deixar de sympathisar com ella, sendo como é antigo amigo do sr. marquez de Vallada; mas como também conhece as-optimas qualidades e o cavalheirismo do sr. marquez de Loulé, não deixou de procurar convencer por todos os modos p sr. -marquez de Vallada (O sr. Marquez de Vallaãa: — É verdade), de^que as suas suspeitas não tinham fundamento, pois que1 todo e qualquer a destruíam completamente as qualidades pessoaes-do nobre presidente do conselho, e outras rasões que expoz.1.

O nobre orador lamentou-prefundamepte'o estado a que tem chegado a imprensa portugueza, pela qual parecerá aos paizes estrangeiros que estamos muito> abaixo dos^ottento1-

tes; que somos um paiz, onde os homens públicos são todos ladrões, devassos e réus dos maiores crimes, pois são estas as amabilidades que os jornalistas dizem alternativamente dos homens politicos que não pertencem ao seu bando.

Osr. Ministro da Fazenda (A.J. d'Avila):Só quer declarar á camará que ninguém deplora mais do que elle os excessos do jornal a que o sr.-marquez de Vallada se referiu, e de que elle orador especialmente muitas vezes tem sido victima. Ainda não ha muito tempo que n'um paiz estrangeiro esse jornal foi aceusado de intolerável (O sr. Conde de Thomar :*-*¦ Que jornal ó?),E'um jornal que aqui,| se publica. O governo não dá subsidio a esse, nem a nenhum outro jornal, não sendo exacto quanto em contrario possa ter-se dito, e por consequência o governo não pôde ser responsável pelo que elles escrevem.

Quanto ao primeiro facto, que s. ex.a referiu, disse que o proprietário ou redactor do jornal, em que o digno par tinha encontrado injurias contra o chefe do estado, esse proprietário ou redactor negava que houvesse ali injurias, que apenas haveria uma interpretação errónea que davam aos seus escriptos, pois nunca fora da sua intenção injuriar o chefe do estado; e em consequência das observações que elle sr. ministro lhe fez, mandou cessar a publicação do jornal, para dar assim um publico testemunho da sinceridade do seu procedimento.

Em relação ao artigo a que também s. ex.a alludiu, que esse artigo estava assignado, e era por consequência mui fácil saber-se quem era o seu auctor; elle, sr. ministro, deu-lhe conselhos, que elle aceitou, posto que não saiba se tem continuado. E o que fez, e faria também todo o homem publico nas suas circumstancias (apoiados). Vozes:—Deu a hora.

O sr. Presidente:—Teremos sessão segunda-feira, e será a ordem do dia a continuação da mesma de hoje. Está fechada a sessão.

Passava das cinco horas.

Relação dos dignos pares que estiveram presentes na sessão do dia 28 de junho de 1861

Os srs.: Visconde de'Laborim; Marquezes de Ficalho, de Loulé, das Minas, de Niza, e de Vallada; Condes das Alcáçovas, do Bomfim, de Mello, de Penamacor, da Ponte, da Ponte de Santa Maria, do Rio Maior, e de Thomar Bispo de Beja; Viscondes de Algés, de Balsemão, de Bena gazil, de Castellões, de Castro, de Fonte Arcada, da Luz de Sá da Bandeira, Barões das Larangeiras, de Pernes, da Vargem da Ordem, e de Foscoa; Avila, Sequeira Pinto F. P. de Magalhães, Ferrão, Costa Lobo, Margiochi, Aguiar, Soure, Larcher, Braamcamp, Pinto Basto, Silva Costa, Reis e Vasconcellos, Izidoro Guedes, José Lourenço da Luz, Baldy, Vellez Caldeira.