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assim fosse (quando houvesse a resistência) tam- ' bern S. Ex.a não faria grande elogio aos seus Colíegas inculcando que a sica coragem só começou desde que com elle se associaram. Diz = Organisou-se a contabilidade do Ministério da Guerra .' — Como está isso organisado 1 Onde está o plano, o Decreto, a Ordem do Dia onde se vc esse ananjo? É occulto também ! As economias. .. O Exercito diminue espantosamente em bayonetas todos os dias. Mas ô serviço poderá fazor-se? Seguramente ha de custar assim menos dinheiro; mas será justo, será conveniente l... Q que eu vejo, e' que as ecomomias reduzem-se a não se ter pago a ninguém, estando o Governo obrigado a fazer um pagamento em cada trinta dias; isto não esperava eu que acontecesse nunca, e que depois se irro-gassem ainda censuras de tal natureza a ou-trem. — Se estivesse presente o Sr. Ministro mais alguma cousa eu diria ... (O Sr Visconde de Laborim:— Sr. Presidente, peço a palavra sobre a ordem.) Se não estou na ordem então calo-me, e peço que o demonstre, reservando-se-me a palavra para depois.

O SR. VISCONDE DE LABORIM:—O Artigo 53 do nosso Regimento diz—... Os Senadores dirigirão sempre a palavra ao Presidente, ou á Camará cm geral; e não se poderão em nenhum caso referir a discurso? proferidos, ou a votações deliberadas na outra Camará. O SR. CONDE DO BOMFIM : — Eu não me dirijo á Camará dos Deputados, dirijo-mc ao Diário do Governo que é o orgam do Governo ; agora a Camará que decida se estou ou não na ordem.

O Sn. VISCONDE DE PORTO COVO: — Parece-rne que ha uma má intelligencia, por que o Sr. Visconde de Laborim não chamou á ordem o Sr. Conde de Bomfiin, mas siai pedio a palavia sobre a ordem, para uzar delia, quando V. Ex.a lh'a concedesse conforme determina o nosso Regimento; mas agora farei eu um requerimento a V. Ex.a, e é para que tenha a bondade de convidar o nobre Conde a declarar, se as palavras que elle acaba de ler no Diário, estão ou não collocadas na parte OfficiaH ':

O SR. CONDE DO BOMFIM: —Eu declarei o qvie vem no extracto da Sessão, e o que ali apparece de grave contra qualquer membro da sociedade faz uma mpressão desfavorável: declaro outra vez que rejeito a censura; e islo ha de ser também rejeitado pelos nobres cavalheiros que estiveram no Ministério antes de mim.

(Entrou o Sr. Ministro da Fazenda.) O SR. VISCONDE DE PORTO COVO: — Dizendo o Sr. Conde que as palavras não estão na parte ofticial, está preenchido o seu fim que foi icpellir a censura que elle prezume se ihe fez, quando essas palavras tivessem sido verdadeiras, o que eu não creio, e por tanto este incidente esta acabado ; e peço que passemos á Ordem do dia.

O SR. CONDE DE LINHARES: — Levanto-me para declarar que acho todo o direito ao illustre Senador para revcndicar a sua honra, que julga atacada; mas seria a desejar que se não tractasse desta matéria senão quando estivesse presente n outra parte interessada. O SR. VISCONDE DE LABORIM: — Eu não fiz outra cousa mais do que invocar a Lei; o discurso, a que S. Ex.a alludio, era um discuiso feito na outra Camará; logo está expressamente o procedimento de S. Ex.a repro vado pelo nosso Regimento, que prohibc a al-lusão a tacs discursos. Agora, em quanto á defeza de S. Ex.a, ella seiá muito justa, e ninguém lh'a pôde negar, mas S. Ex.a tinha outros meios, que são os da imprensa; eu, no que disse, não fiz mais do que o meu dever, sem olTender o melindre do meu Collega, e o respeito devido ao Senado.

O SR. CONDE DE BOMFIM: — Corno agora está presente o Sr. Ministro das Finanças, tomarei a liberdade de repetir o que já tinha dito.

A mim maravilhou-me ver no Diário do Governo posto na boca do Sr. Ministro, uma parte do seu discurso que vem no Diário de Sabbado passado: S. Ex..a, depois de ter dito alguma cousa para provar a boa gerência da actual Administração, continuou, segundo se diz aqui: (leu.) Ora, Sr. Presidente., eu já disse diante desta Camará, e agora o repito, que rejeito a censura que daqui me vem dirigida, e rejeito-a com tanto maior direito, que ao accuzador toca apresentar provas. Eu vejo uma simples accuzação gratuita; inculca-se na palavra coragem que houve uma resistência da

DOS SENADORES.

Darte de alguém ; rejeito-a, como já disse. Eu rabaJhei sempre para que melhorasse o syste-ma de fiscalisação e pagamentos, fazendo e conseguindo que se pagasse tanto quanto era possível; estou persuadido que SS. Ex.as farão o mesmo, mas ate agora não se tem feito nada que apparêça, não se tem pago nada de soldos ia muitos me/ícs, e só sim apenas alguns prels; de soldos não se pagou ainda o celebre mez de Jullio que quando eu sahi do Ministério, e ouro Membro daquella Administração que presente está em cima destas Cadeiras, estava já jara pagar-se : tem-se pago unicamente ao Banco uns 50 ou 60 conto? rnensaes de descontos 'eitos só a certas Classes de Officialidades. Assim é fácil fazer economias, ou fallar de economias; e se assim se pretende ainda depois com expressões ambíguas lançar um odioso sobre loinens que de boa fé trabalharam, não me carece islo feito com muito boa fé. Mais lealdade tern d opposição da esquerda, que apie-sentando-se circmnstancias que julgou graves, e que deviam averiguar-sc, piopoz e cotisoguio que houvesse uma Commissão de inquérito a •espeito de diversos Ministros, e então conhe-eu-se a respeito de meus actos na Administração. Os Membros dessa Commissão foram ho-nens bem conhecidos; e um delles tem a honra de presidir na Gamara: e depois de miúdas averiguações nada appareceu contra o bem do Paiz ou que desairasse a minha gerência no Ministério, ou a do nobre Visconde que a ella presidia, ou as antecedcnteb'Administrações.— E é depois disto, que se irrogani censuias pelo Sr. Ministro! Não seria mais lealdade da pai te de S. Ex.a, que e Membro da outia Gaza, fazer a minha accusação, se assentasse que o devia fazer, e lá acharia pessoas que merecessem a maior confiança, que a decretariam se fosse justa, e a impugnariam sendo i m merecida. Mas S. Ex.a teria de apresentar as provas. Cobre tudo que tenho exposto, pedirei n S. Ex.a que tenha a bondade de mandar para esta Camará a relação das economias que se tem feito no Ministério da Guerra, e esse Plano que está organisado da contabilidade daquel-le Ministério, o que me não consta que exista; será um Plano óptimo, veremos quando cá vier, por ora e Plano occulto. Poderia dizer muita cousa em defeza da minha honra, e daquelles que tem sei vido em proveito do Paiz, não só commigo nas differentes Administrações mas nas antecedentes a que se estende a censura, porém é desnecessário, elles merecem a confiança do Sr. Ministro, taes são os nobres Mar-chaes Duque da Terceira, e Marquez de Saldanha; elles que lhe agradeçam, e seus próprios Collegas. Lisongeio-me ter feito tudo que está ao meu alcance a bem do serviço publico, e ainda ter cumprido com o mandado dos meus Constituintes, procurando desfazer asserções, que possam diminuir a confiança que em mini depositaram, e não irei tão longe em jactância de serviços, como apparece no discurso que se lê no referido Diaiio embora me fosse dado o exemplo, referindo-se nelle com generalidades cousas, que seguramente engrandeceriam qualquer Ministro, me?mo o famoso Colher t. Mas o que se fez então, e o que se faz agora! Aquel-le homem extraoidinario fez uma reducção dos impostos, augmentou as lendas; animou o com-mercio; a Marinha deve-lhe, por assim dizer, o seu explendor; em summa fez muita cousa grande que não precisa refeiir. Entre nós actualmente nada ha que se veja sobre este ultimo ponto; o Arccnal cslá exhausto, não se paga a ninguém, as embarcações estão aqui a apodrecer ; em poucas palavras, a nossa Marinha tem agora apenas 7 ou 8 Navios fora, quando haviam sempre mais de 26 no alto mar, e nas diversas estações .de nossas ricas Colónias para proteger o commercio, quando eu tive a honra de estar á testa do Ministério: não digo por tanto que se não dispendia mais do que agora, mas tudo quanto se gastou foi em proveito da Nação; e por isso não vejo motivo de censura aos meus actos.

O Sá. MINISTRO DA FAZENDA: —Sr. Presidente, estou maravilhado do calor com que acabo de ouvir fallar o nobre Senador, calor que lhe tez pronunciar algumas expressões que de certo não eram da sua intenção! O nobre Senador deu tanto pezo ao extracto de um discurso por mi m proferido na outra Gaza, que entre outras cousas fallou em deslealdade; mas quando S. Ex.a vir esse discurso vertido da notas tacliygraphicas, estou persuadido que ha-do arrepender-se do que acaba de dizer no Senado, poique essa versão hade provar cabalmente que nas palavras a que S. Ex.a alludio,

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u só tractei de um facto geral em que não me refeii ao nobre Senador, porque me não que»ia referir a nenhum dos Membros dos Ministérios passados. Tra/endo esse facto unicamente para desculpar as Administrações do lado direito de 'mpulações que lhe eram feitas com alguma njustíça; as asserções que avancei na Camará dos Deputados só tivejarn por fim fazer sahir de nós aquelles enos que se nos imputavam, erros que não eram nossos. O illustre Senador que foi tão severo a meu respeito pela simples eitura. do extracto de um discurso, -devia tampem ter tido o cuidado de ler o que vem no Diário do Goveino de hoje. S. Ex.% sendo Mi/listro da Coroa, mais de uma vez declarou que se não responsabilisava pela exactidão do3 discursos que em seu nome fossem publicados los jornaes; paiece por tanto que o primeiro Dasso a dar relativamente ás expressões que um lornal me atlnbuia, e que S. Ex.a julgava ofensivas á sua pessoa, era pedir-me a franca explicação dessas expressões: não o fez assim, e concluindo das palavias que leu para as in-enções que me qniz suppôr, fez-me um crime do tal discurso, que é só obra do extractor, srocedendo a meu respeito com a maior dês* Humanidade.

Sr. Presidente, eu não e\puz as minhas idéas termos cm que cilas ahi estão extiacta-das, mas apiesentei-as no sentido de^se extracto. — Eu disse que a Administração actual tinha regulado a contabilidade do Ministério da Guerra; não imputei essa falta especialmente 10 nobre Senador, não a imputei a nenhum dos seus antecessores, porque reconhecia as im-mcnsas dificuldades em que laboravam: entretanto e facto que os fundos destinados áquelle Ministério não tinham a fiscalisação necessária, e que d'ahi resultavam milhares d,í inconvenientes. Sr. Presidente, ha dias que appareceu na minha mão certo documento pelo qual só demonstra que o Commandante de um Corpo se acha alcançado em seis contos de íeis. Islo não é obra do Sr. Conde de Bomfnn; mas visto que S. Ex.a tomou para si as expressões que eu proferi na outra Gaza, e que, repito, eu não dirigi em particular a nenhum dos Membros das passadas Administrações, ainda accrescen-tarei que não é possível entrar n1 um cahos mais horroroso do que era o Minisíe/io da Guerra, a respeito do qual posso afloutamente dizer— que não havia contabilidade.

O nobre Senador, referindo-se á Administração actual, disse que os prels não tem sido pagos com regularidade. Sr. Presidente, os picts tem sido pagos regularmente; e se elles tem algum atrazo, não fomos nós, os Membros deste Ministério, quem os deixou atrazar. O nobre ex-Ministro teve meios para. os pagar, e não os pagou: esta Administração achou nove prets atrazados, mas tem pago tantos quantos se tern vencido. E qual c o resuludo l É que as som-mas postas á disposição das diversas Divizòes para o pagamento dos prets, apresentam grandes sobejos a favor do Thesouro, como mais de um exemplo tem confirmado. Ha poucos dias quiz mandar ordem de pagamento para uma quinzena em Bragança; eu não tinha lá dinheiro, porque naquella Contadoria não havia um só real em disponibilidade: entretanto, o meu nobre Collega, Ministro da Guerra, mandou-me dizer que não eram precizos fundos alguns para fazer esse pagamento, porque elle podia effectuar-se com as sobras dos ante-liores. Hoje appareceu uma requisição de ã contos de réis para pagar os malfadados mozes que S. Ex.a disse que não se pagavam, e conhecemos que ella estava satisfeita. Da regularidade destes pagamentos tem por tanto resultado economias reaes. Entre outras couzas des-cobrio-se que o Commandante de um Corpo estava alcançado em 6 contos de réis, como já referi: peisuado-me que nisto não ha a menor culpa da parte do Sr. Conde do Bom fim, mas sim do tempo da sua Administração. O facto verificou-sc pela regularidade que hoje appare-cc no Ministério da Guerra, para estabelecer a qnal o meu Collega (a quem ninguém imputará desejos de fazer sangue) foi forçado a orga-nisar a respectiva Repartição toda de novo. Diz o nobre Senador que não está organisa-da.. . Vêr-se-ha quando tbiem apresentadas as Contas que o Parlamento nunca vio.