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Sessão de 23 de Julho de 1918 11

leaderes de partidos representados nesta Câmara, que acabam de falar.

É audácia, compreendo muito bem até onde vai essa audácia, mas há uma circunstância que me obriga a falar.

Além de Deputado da Nação, sou soldado, e estive em França.

Por essa qualidade, embora o meu esforço tenha sido mínimo, eu não podia deixar de me associar à saudação que pela sua palavra eloquente e vibrante o ilustre leader da maioria dirigiu àqueles que na França combatem pela Pátria, e permita-me V. Exa. que me associe a êsse voto com conhecimento de causa.

Assisti à chegada de contingentes portugueses que se batem em França e vi chegar, um pouco indisciplinados, mal equipados e armados para soldados que iam combater pela liberdade e pela justiça, sabendo êles vagamente o que estava no coração de todos, que iam ali defender o bom nome da Pátria e afirmar o direito que Portugal quere ter, de ser uma nação independente. (Apoiados).

Não discuto neste momento a entrada da nossa nação na guerra. Entrámos na guerra, e eu entendo que nela devíamos ter entrado.

O que discuto é a forma precipitada como isso se fez, sem haver preparação militar.

Êsses soldados, mal armados e equipados, na hora do perigo, quando viram que o cumprimento dos seus deveres os obrigava a sacrifícios, souberam ser grandes, e como grandes, souberam honrar o nome desta Pátria que, através de tudo, quere viver e existir.

Vozes: - Muito bem.

O Orador: - Sr. Presidente: deixe-me V. Exa. fazer sentir uma outra verdade, que aqui não foi dita, mas que necessita ser lembrada.

Existem uns tantos milhares de homens que se estão batendo em França.

De quando em quando nas nossas reclamações retóricas aludimos a êsses bravos soldados quando há de facto qualquer derrota, mas derrota com glória que os põe em relevo.

Mas é necessário fazer duas cousas que são primordiais e que apontarei à Câmara.

Eu que andei lá por por fora nossa luta, vi que os homens que lutam com os boches andam a lutar contra o frio, contra a fome, com má alimentação, e alimentação para que não estavam preparados.

E necessário que não consideremos êsses homens como párias, de cuja situação não nos queremos ocupar.

Eu hei de lutar até o fim para que o nosso concurso seja efectivado na guerra, para que reconstituamos o nosso corpo de exército e para que aqueles que têm lutado com o inimigo, com o frio e até com a fome, sejam repatriados, porque não se condenam assim homens à morte.

A segunda cousa para a qual desejo chamar a atenção de todos é a obrigação que temos de lutar contra o snobismo infame que leva alguns a escrever cousas como esta: de desejar a vitória da Alemanha, a vitória dos homens que lá fora estão esmagando os nossos soldados, os nossos irmãos.

Houve uma mensagem do Govêrno Provisório quando foi da proclamação da República, mas essa mensagem era animada por todo o Govêrno. Com esta dá-se uma cousa interessante: como deve ser encarada essa mensagem?

Êsse mutismo não o compreendo, ainda que admiro o esforço alemão, por que desde que estamos em guerra não há o direito de dizer cousas que representem um abaixamento do estorço combativo dos que se batem honrando a Pátria.

Depois de me associar às considerações feitas pelo nosso ilustre leader aos soldados que se batem pela Pátria, eu quero referir-me, duma maneira geral, à mensagem que o Sr. Presidente da República leu perante o Parlamento.

Encontro na primeira parte dessa mensagem o seguinte:

Leu.

Mas no artigo 53.° da Constituição, que não me parece que esteja alterado, vê-se que um dos ministros será o chefe do Govêrno e que êste responderá não só pelos assuntos da sua pasta, como pela política geral do Govêrno. Ora o que eu desejava perguntar era quem é o chefe do Govêrno, porque continua em vigor a Constituição e não houve nenhum decreto que alterasse. o artigo 53.° pois apenas o que se fez foi mudar o nome de Ministros

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