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16 Diário da Câmara dos Deputados

e todo o horror desta tragédia que o enlutou.

Tenho dito.

Vozes: - Muito b5em.

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Feliciano da Costa: - Sr. Presidente: é para mim deveras embaraçoso e difícil, como amigo do Dr. Sidónio Pais, levantar a minha voz nesta casa do Parlamento, e depois de tam brilhantes orações, de tam elogiosos discursos para a figura nobre e galharda dêsse valente português. Nada saberei dizer, mas um dever me foi imposto mais do que o de amigo que sufoca no seu coração toda a dor dilacerante desta tragédia, neste momento trágico: o de falar nesta Câmara como membro da Junta Revolucionária que já passou na nossa vida política, mas que para mim ainda tem sôbre os meus ombros uma parte da responsabilidade como os dêsses bravos rapazes de que o Sr. Presidente no último alento de vida se lembrou com saudação amistosa.

Foi o Dr. Sidónio Pais um grande amigo dos seus amigos; mas foi tambêm o maior amigo do seu país, (Apoiados) e foi tam amigo do seu país que foi servindo-o que morreu.

Neste momento angustioso em que as lágrimas brotam dos olhos de toda a família portuguesa, em que toda a gente enverga o luto sentidamente e com dor, a necessidade não de vingar mas de fazer justiça ressalta nos olhos de toda a gente e vibra dentro de todos os corações.

Neste momento trágico, neste momento de dor em que prestamos homenagem ao Sr. Presidente, é preciso que façamos a afirmação clara e positiva de que estamos ao lado do Govêrno mas de um Govêrno que represente a aspiração nacional para podermos levar a cabo aquilo que não pôde conseguir aquele homem que tinha sempre diante dos olhos a Pátria e a República.

É preciso que nós vigiemos com energia, com vigor e com acendrado patriotismo aqueles corvos que já hoje sôbre o cadáver ainda quente do Sr. Dr. Sidónio Pais ambicionam elevar se à grandeza e ao brilho que ninguêm neste país pode igualar. (Apoiados).

É preciso que essa declaração seja feita. E eu recordo-me daquela jura clara e categórica de ressurgimento nacional que o Sr. Dr. Sidónio Pais fez a primeira vez que se reùniram os oficiais que se juntaram a êle.

Forme-se um Govêrno que seja a aspiração nacional e eu manterei a minha promessa de apoio.

Tenho dito.

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Botelho Moniz: - Sr. Presidente: é com a maior comoção que uso, pela primeira vez, da palavra, nesta Câmara, pois tenho de me referir à morte daquele que foi o meu melhor amigo.

Não conhecia o Sr. Sidónio Pais antes do movimento de 5 de Dezembro. Conheci-o nesses três dias de luta e a êle fiquei dedicado, a ponto de o servir até a morte. Hoje, infelizmente para Portugal, um miserável, armado, talvez, por outros miseráveis, atravessou-se lhe no caminho e atirou-o a terra com dois tiros de pistola!

Portugal perdeu o seu maior homem de Estado. Continuarei a servir a sua memória como o servia em vida. É necessário não esquecer a sua grande obra; é necessário que façamos o seguimento dessa tarefa.

Não venho aqui, propositadamente, ao Parlamento, para mostrar as minhas homenagens, que todos sabem ser sentidas - e que seriam talvez desnecessárias - às homenagens daqueles que já falaram.

Venho ao Parlamento pedir vinganças, venho ao Parlamento pedir justiça!

Estamos em presença do crime mais miserável que se tem cometido nos últimos anos; estamos em presença de um crime de alta traição.

Êsse miserável que na estação do Rossio varou o Sr. Presidente da República com dois tiros de pistola talvez tivesse lançado a Pátria - eu sei lá! - na intervenção estrangeira. Se todos os portugueses se unirem, se todos se unirem melhor em volta da memória dêsse homem que se uniram em volta dele em quanto vivo, é possível que nos salvemos. Mas não é êste o momento de se discutir êste assunto, e desculpe-me a Câmara se me deixei arrastar por estas considerações.

Vim ao Parlamento pedir justiça e vingança. O homem que matou o Sr. Presidente da República está preso. Amanhã é possível que esta situação mude; é pos-

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