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8 Diário da Câmara dos Deputados

nhou, no momento em que o país foi assolado pela última epidemia. Pode desde já dizer-se que o nosso chorado Presidente foi um português ilustre que, se teve defeitos, possuía altíssimas virtudes e que tinha em. mim enobrecer, engrandecer o país, trazer o progresso à Pátria que lhe foi berço. Sr. Presidente: o Sr. Presidente da República honrou a cátedra e a tribuna parlamentar; e quer como político, quer como diplomata, deixou S. Exa. vincada, profandamente, para sempre, a s aã inconfundível individualidade.

Em nome da maioria, Sr. Presidente, eu associo-me às saudosas homenagens que V. Exa. propôs à memória dêsse ínclito varão, a quem o futuro há-de prestar a devida justiça.

Todavia, Sr Presidente, eu entendo que para perpetuar-se o seu nome, o nome de Sidónio Pais que não desaparecerá jamais do coração de todos os bons portugueses, nós devemos continuar a sua obra (Apoiados) numa união perfeita, trilhando a senda que êle nos deixou já, por assim dizer, desbravada, inspirando-nos no seu acendrado patriotismo e na nobilíssima pureza das suas intenções.

O orador foi muito cumprimentado.

S. Exa. não reviu.

O Sr. Aires de Ornelas: - Sr. Presidente : é com o coração magoado pelo mais profundo sentimento, é com o ânimo tocado da mais justa indignação, que a minoria monárquica, se associa, pela minha voz. ao voto de sentimento proposto por V. Exa. (Apoiados).

V. Exa. classificou o Sr. Presidente da República o Sr. Dr. Sidónio Pais, como um grande vulto nacional. Era, sim, Sr. Presidente, era um grande vulto nacional, e era-o desde que ergueu bem alto a bandeira da libertação dêste país contra o jugo democrático. (Muitos apoiados).

Foi então que êsse nome se revelou a todo o país, foi então que uma nova era surgiu para êste país. (Muitos apoiados).

Quis Deus nos seus desígnios insondáveis, que nos deixa o ânimo confuso perante a majestade dos acontecimentos, que já dois chefes de Estado perecessem por forma tam bárbara.

Não quis a Providência que êsse homem de tamanha grandeza pudesse levar a cabo a sua obra.

Sr. Presidente: não está no meu ânimo, nem nas crenças que professo, o sentimento de vingança, mas está no meu coração o sentimento de justiça. (Muitos e repetidos apoiados).

E preciso que justiça seja feita para honra da dignidade e brio da nação portuguesa. (Muitos apoiados).

Não é possível que continuo a passar êste país por aquele que periodicamente mata os seus Chefes de Estado (Apoiados).

Tem o Govêrno a missão e a responsabilidade de assim o evitar, é êsse o cumprimento dum dever internacional e que representa a vontade nacional; é um dever que se impõe a nós todos, sejamos monárquicos ou republicanos. Esta morte repetiu o sentimento de horror que me causou a morte de El-Rei D. Carlos.

Não é ocasião de fazer frases nem habilidades.

Estamos atravessando um momento gravíssimo, como nunca nestes dez anos dolorosíssimos. A primeira manifestação que se torna urgente é a justiça, que as próprias classes imprópriamente chamadas baixas, porque não há classe baixa no povo, as classes populares reclamam.

Eu tive ocasião de verificar nas primeiras horas desta trágica madrugada, quando saía do Govêrno Civil, vendedores de jornais que se dirigiam a mim, dizendo: Sr. Conselheiro, é preciso que a canalha não continue a governar neste país!

Sr. Presidente: eu pregunto: - Isto pode continuar assim?!

Estou falando como monárquico, como adversário político do Presidente assassinado, mas estou clamando e bradando por justiça!

Eu tive de falar algumas vezes com o Sr. Dr. Sidónio Pais.

A última vez em que lhe falei foi poucos dias antes do seu trágico desaparecimento desta vida e sempre me impressionou o seu trato afável, apesar do eu nunca ter deixado de manifestar a minha situação política de que ia ali como leader da minoria monárquica, porque El-Rei entendia que nós, monárquicos, devíamos prestar o nosso apoio à obra que S. Exa. vinha de desempenhar neste país.

O Dr. Sidónio Pais tratou-mo sempre com a consideração devida, não a mim, mas à situação que desempenhava e devido à lialdade com que a causa que eu re-