O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 2, 3, 4 e 5 de Setembro de 1919 53

Primeiro, pela intensificação das culturas, e pela abundância de produtos no mercado.

Segundo, procurando por todas as formas aplicar o melhor possível e intensificar a navegação, e estabelecer um comércio livre com os diferentes paízes. E só assim nós teremos o que nos falta, e exportaremos o que nos sobra.

Mas isto demanda muito tempo e muito trabalho, apesar de não ter passado despercebido ao Govêrno, porque está nomeada uma comissão para estudar os transportes marítimos, a fim de habilitar o Sr. Ministro do Comércio a trazer à Câmara uma proposta de lei referente às carreiras de navegação dentro da nossa frota mercante. O Govêrno tem procurado trazer tambêm ao mercado os géneros coloniais que esperam transportes lá fora e que têm ficado nas colónias, pois que os navios têm sido empregados noutros serviços, que não são de primeira necessidade.

O Sr. Manuel José da Silva (Oliveira de Azeméis): - V. Exa. dá-me licença? Porventura já deu o seu parecer essa comissão encarregada de fazer o estudo dos transportes marítimos!?

O Orador: - Não senhor; já têm apresentado alguns trabalhos, mas ainda não terminou a sua tarefa. Já ontem tive ocasião de responder na Câmara a pregunta idêntica.

Sr. Presidente: estavam-se mandando vir das colónias géneros que não são necessários, deixando-se, contudo, lá ficar outros que fazem falta. Assim, o Govêrno mandou parar a vinda do milho, que não faz falta, e ordenou que viesse açúcar, de que carecemos.

O Sr. Manuel José da Silva (Oliveira de Azeméis): - Mas dizem-me que há assucar em excesso, e que esta pretensa falta é para se poderem cobrir certos prejuízos.

O Orador: - Isso diz-se, mas não se prova. Também ontem aqui se afirmou que para o Ministério dos Abastecimentos estavam sendo nomeados funcionários, quando se está a procurar extingui-lo, afirmação que é absolutamente falsa. O que existe, realmente, é que tendo sido julgados isentos de culpas, pela comissão de reintegração, três funcionários, o Sr. Ministro do Trabalho não teve remédio senão tornar a admiti-los nos quadros dêsse Ministério. É preciso, pois, muita cautela com o diz-se, e especialmente num país que é fértil em boatos.

Sr. Presidente: retomando o fio das minhas considerações, eu devo dizer que tambêm o aumento de salários e a diminuição das horas de trabalho são factores que contribuem para a crise que atravessamos. Ninguém quere trabalhar, mas todos, querem ganhar mais! Nas oito horas de trabalho, não se faz quási nada. Trabalha-se hoje menos nas oito horas do que dantes se trabalhava numa hora; e os governos tambêm têm tido algumas culpas neste assunto.

E os salários subiram tanto que muitos operários, na província, trabalham apenas quatro dias por semana, não trabalhando nos restantes.

O Ministério tem feito todo o possível para obviar a esta crise, aproveitando-se os braços.

O Sr. Ministro do Trabalho tem feito uma obra inteligente, que não tem vindo a público, despedindo todos os operários que estavam ludibriando o Estado.

Quando entrámos no Govêrno, gastavam-se por semana em férias no Parque Eduardo VII e no Hospital do Destêrro 60 contos, para produzir um trabalho que em parte pertence à Câmara Municipal. No fim desta semana, essa verba paga pelo Ministério do Trabalho fica reduzida a 25 contos. E esta verba daqui a duas semanas ficará reduzida a zero. Muitos operários têm sido despedidos, transitando outros para os bairros operários. Despediram-se cêrca de quinhentos que eram canteiros, sapateiros, etc., e que nas obras do Estado nada produziam. Abriram-se assim as portas das oficinas de canteiro e sapateiro, onde encontraram trabalho.

Chama-se a isto trabalhar bem e um trabalho que é feito no seu gabinete, sem barulho ou espalhafato. (Apoiados).

O problema da carestia da vida tem de ser encarado de frente.

Não está mais cara em Portugal do que nos outros países.

Depois da guerra há mais gente, porque os nossos mortos foram poucos e acabou