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Diário da Câmara do» Deputado»

região e do regime das suas águas, conveniente ó existir 33 por cento da sua superfície devidamente arborizada. Assim o afirmou ainda em Janeiro dêdte ano o presidente do grupo florestal na Câmara dos Deputados Francesa, durante a discussão dá lei que abriu um crédito de 10.500:000 francos para remediar os prejuízos causados pela cheia do rio Acre, devida à desarborização sucessiva das suas vertentes, acrescentando, todavia, que aquela percentagem era a mínima que devia existir nas regiões montanhosas, e que os suíços pretendem se eleve ao dobro no seu país.

Em Portugal, onde as essências florestais só revestem 22 por cento do território nacional, não incluindo nessa área os olivais, amendoais, alfarrobais, etc., o que elevaria a 27 por cento a superfície arborizada do País, sucede que a zona arborizada se encontra na planície ou na base das montanhas, e que as zonas su-balpina e alpestre se mantêm desnudadas, se acham entregues a uma pastagem abusiva e à acção da machada inconsciente do carvoeiro, factos estes que, de dia para dia, activam a desagregação das rochas e terrenos sobre que assentam.

Da ruína das nossas serras temos uma prova evidente nas cheias que tantas vezes assolam os nossos campos, no assoreamento dos nossos rios e dos nossos . portos, e o Parlamento assim o reconheceu aprovando, em 1919, a lei n.° 913, que criou a Junta do Rio Mondego, e cujo fim. é promover o melhoramento do regime das águas na bacia hidrográfica daquele rio, com origem na Serra da Estrela, e evitar o assoreamento da barra da Figueira da Foz.

Efectivamente, a conservação das matas existentes e a criação doutras novas é indispensável nas montanhas para a manutenção nas encostas das terras que as águas arrastam quando, à sua rápida descida para o vale e às cheias que assim ocasionam, se não opõe o raizame e folhagem do arvoredo que constitui os bosques e a camada humífera que se cria sob o seu coberto.

Não ignoram V. Ex.as que essa camada humífera absorve, consoante a sua composição, cinco a nove vezes o seu peso em água, e que tal facto, demorando o sen escoamento, promove a penetração

de água no solo, favorece a alimentação das fontes e dá lugar a uma maior evaporação, o que tudo contribui para evitar que as correntes dos rios se transformem rapidamente em um caudal impetuoso.

Da necessidade da arborização dos actuais 29:849 hectares de dunas móveis, desses verdadeiros Saharás, que se avistam ao longo do nosso litoral, e que em 1896 ocupavam 35:787- hectares, inútil é evidenciá-la.

Todos sabemos que estas areias estéreis impelidas pelo vento de NW., predominante na nossa costa, subterram anualmente grandes tratos de terrenos férteis, bastando para verificar a sua invasão observar como entro Esmoriz e Ovar elas avançam sobre a linha férrea do norte.

Da utilidade do aumento da área florestal sob o ponto de vista económico, mesmo sem falar na importância que as florestas, durante a última guerra, de-monstraram ter sob o ponto de vista estratégico, dúvida alguma se pode levantar.

Foi ao nosso domínio florestal, como muito bem se faz sobressair no relatório do projecto de lei que, não possuindo nós carvão mineral, podemos emquanto os submarinos imperavam nos mares, manter em laboração as nossas fábricas e em circulação os nossos caminhos de ferro.