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Diário das Sessões do Senado

São tremendas as responsabilidades na actual conjuntura, todos nós as compreendemos e todos nós as sentimos, avaliando bem a gravidade e as consequências do nosso voto (Apoiados). Mas nenhum de nós podia proceder doutra forma, a não ser que traíssemos o nosso mandato e deixássemos de interpretar a vontade, os sentimentos e os interêsses da nação.

Como já tive ensejo de acentuar na última sessão de 7 de Agosto, a linha de conduta a que somos forçados pela aliança inglesa é precisamente aquela que mais se coaduna com a necessidade de valorizar as nossas riquezas e de manter o nosso domínio colonial. Por isso a participação de Portugal, sendo um acto que nos é imposto pela nossa consciência moral, é, ao mesmo tempo, um acto que o interesse superior do país justifica em absoluto. (Apoiados).

Não vamos para uma aventura, não obedecemos a quaisquer propósitos de ambição ilegítima. Limitamo-nos a tomar no conflito europeu o lugar que nos é designado pela fé dos nossos tratados, pela reciprocidade de interêsses que nos ligam à Inglaterra, pela comunhão intelectual que temos mantido com a França e pela própria natureza da missão histórica em que está integrada a República portuguesa. (Apoiados).

Sr. Presidente: terminando, eu não posso deixar de fazer duas saudações: a primeira — e apenas lamento que ela seja expressa em frases tam descoloridas — a todos aqueles que no campo de batalha tem derramado o seu sangue em defesa do direito, da justiça e da liberdade; a outra saudação é a que vai na seguinte moção que envio para a Mesa:

«O Senado saúda, neste momento, o exército de terra e mar, confiando ao seu patriotismo e bravura a honra da Pátria Portuguesa. = Estêvão de Vasconcelos». (Apoiados}.

Vozes: — Muito bem, muito bem.

Lê-se na Mesa a moção apresentada pelo Sr. Estêvão de Vasconcelos, que é admitida e seguidamente aprovada sem discussão.

0 Sr. Miranda do -Vale: — Sr. Presidente: os Senadores da União Republi-
cana votam a proposta do Govêrno, com todos os sacrifícios que dela possam derivar, fazendo, porêm, votos por que os ditames da honra nacional e o cumprimento dos nossos deveres internacionais se harmonizem o mais possível com os nossos legítimos interêsses.

O Sr. Feio Terenas: -— Sr. Presidente: os Senadores evolucionistas votam tambêm a proposta do Govêrno, como votaram, ainda há pouco, com muito prazer, a moção apresentada pelo Sr. Estêvão de Vasconcelos.

Sr. Presidente: de 7 de Agosto para cá o partido evolucionista tem mantido sôbre esta grave questão a mesma atitude, adoptando a fórmula seguinte:

«Ir até onde fôr preciso, sendo preciso».

Hoje essa fórmula tem que ser substituída pela seguinte:

«Ir ate onde fôr preciso, porque é preciso».

E esta a síntese do pensamento político do partido evolucionista.

Para terminar, Sr. Presidente, eu vou ler uma declaração publicada hoje no órgão do partido a que tenho a honra de pertencer, para a qual chamo a atenção da Senado, por isso que traduz o sentir de todas, as agremiações evolucionistas de país. É a seguinte:

«A sessão de hoje do Congresso é um acontecimento do mais alto significado nacional, porque vai decidir dos destinos da Pátria, perante a conflagração europeia.

O partido evolucionista, fiel ao lema de que o país deve ir até onde fôr preciso, mas sendo preciso, vota unanimemente as devidas autorizações, visto que elas são precisas, para se dar, segundo a letra dos tratados e conforme é reclamado pela Inglaterra, cumprimento às disposições da aliança luso-britânica.

A sessão de hoje é uma afirmação de fé republicana, de amor pátrio e de solidariedade com a Inglaterra».

O Sr. Pedro Martins: — Sr. Presidente: quando, na sessão de 7 de Agosto, o Govêrno se apresentou a pedir a amplíssima autorização que é do conhecimento de todos, eu, sem a menor perplexidade, antes com a maior clareza, defini nessa hora, já