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4 Diário das Sessões do Senado

se haviam lembrado do meu nome indicando-o para que eu viesse ocupar êste alto cargo; hesitei, emfim, reconhecendo as minhas poucas fôrças para o desempenho desta altíssima função, e atendendo tambêm ao meu diminuto tirocínio parlamentar.

Por todas estas razões, repito, hesitei em o aceitar;

No emtanto a êste sentimento de comodismo, quási direi egoísmo, próprio da minha idade, surgiu em mim a idea de que tenho um dever, direi mesmo uma obrigação a cumprir.

E êsse dever ou melhor essa obrigação são mínimos ante os sacrifícios: ante a bela, a esplêndida lição de civismo que estamos todos os dias ouvindo, acêrca dos nossos soldados nas frentes de batalha, sentimos que somos portugueses è patriotas como êles, lição elevadíssima que nos é dada a todas as horas e a todos os momentos, por êsses nossos irmãos, filhos da mesma Pátria, que a estas horas talvez, em África como na França, estão a derramar o seu sangue pela honra e integridade da nossa querida Pátria, do nosso queridíssimo Portugal. (Aplausos).

Perante êsses sacrifícios e ante essa lição, tam grande que nos vem dalêm fronteira, não há hesitações, não as deve haver entre nós.

Devemos, portanto, sacrificar-nos tanto quanto possível para que amanhã possamos, com dignidade, abrir os braços e unir os nossos corações aos daqueles que a estas horas se batem pela Pátria. Aplausos.

Aceito por isso a alta honra que V. Exas. me dão elegendo-me para presidir aos trabalhos do Senado. (Apoiados repetidos).

Em face dos sacrifícios que o exército português de terra e mar está fazendo na África e na França, julgo que interpreto os sentimentos de todos os Srs. Senadores propondo que, hoje mesmo, lhes enviemos um telegrama de solidariedade com palavras de agradecimento da Pátria para que não desconheçam, que estamos com êles e que com êles confiamos na vitória das armas portuguesas e dos aliados, vitória que nos garantirá amanhã a nossa honra e a nossa integridade política. (Aplausos). Julgo que, só assim proceder em nome do Senado, interpreto e falo em nome de todos os Srs. Senadores) (Muitos e repetidos apoiados).

Já lhes disse, meus senhores, que as praxes e normas parlamentares não são do meu perfeito conhecimento pela pouca prática que delas tenho. Uma cousa posso, todavia, assegurar: é que, se em algum momento os Srs. Senadores virem que da minha parte não há aquele escrúpulo e aquela rectidão necessária no cumprimento de qualquer disposição regimental, cão haverá da minha parte a menor idea de coaretar direitos de quem quer que seja. Nessas circunstâncias, peço que me mostrem, que me apontem o caminho que devo seguir a fim de assegurar êsses direitos e eu, da melhor vontade, o seguirei.

Podem acreditá-lo.

Faço esta promessa formal e espero que, no fim da minha missão, aqueles que ma confiaram terão a confirmação da verdade das palavras que acabo de pronunciar.

É da praxe, e estou convencido que é da vontade do Senado, participar ao Sr. Presidente da República, como Chefe Supremo da Nação, a constituição desta Câmara. Se o Senado não fizer indicação em contrário, hoje mesmo solicitarei de S. Exa. uma audiência para, em nome desta Camara, lhe participar a sua constituição e os seus cumprimentos.

Não sei se a Câmara aprovará esta minha indicação.

(Aplausos. Repetidos apoiados).

Dito isto, e como não temos mais trabalhos a efectuar, comunico à Câmara que a sessão solene da abertura do Parlamento, à qual assistirá, o Sr. Presidente da República, se efectua na próxima segunda-feira, pelas 15 noras.

Convido, portanto, os Srs. Senadores a, na próxima segunda-feira, pelas 15 horas, sé reùnirem na saía das sessões da Câmara dos Deputados para aí serem solenemente inaugurados os trabalhos da presente legislatura. (Apoiados).

Vozes: — Muito bem.

O Sr. Zeferino Falcão: — Declaro, em nome dêste lado da Câmara, que concordo com todas as palavras proferidas pelo Sr. Presidente, cuja honestidade e distinção garantem a maior imparcialidade.