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Sessão de 29 de Julho de 1918 9

e os Lusíadas são as duas grandes obras de Portugal.

Pouco se tem importado os modernos historiadores portugueses com o estudo, aliás tam curioso e interessante, da colonização do Brasil. Mas se não temos dado ainda a êsse estudo a importância que êle merece, talvez seja por vermos, com natural e patriótico desvanecimento, como os historiadores brasileiros confessam que foram os colonos portugueses e os seus descendentes directos quem criou e desenvolveu aquele grande país.

A História do Brasil de João Ribeiro, um dos seus mais cultos historiadores e um dos mais esclarecidos filólogos da língua portuguesa, claramente mostra como foram as nossas missões religiosas, e entre elas — seja qual fôr o juízo que se faça da Companhia de Jesus — as dos jesuítas, onde figuram vultos notabilíssimos, como os padres Anchieta e Nóbrega, que salvaram a própria existência das tribus indígenas; como foram a pertinácia, a tenacidade, o espírito aventureiro dos bandeirantes que, na ambiciosa pesquisa das minas, levaram a circulação da vide aos últimos confins do sertão brasileiro.

O Sr. Júlio Dantas, falando da arte brasileira, disse que nós a desconhecíamos quási totalmente. Assim é, e ainda mal, porque a arte constitui, já hoje, uma notável manifestação.das faculdades criadoras do povo brasileiro. Mas muito mais notável do que a sua arte é a sua literatura (Apoiados), que nos seus historiadores, nos seus filólogos, nos seus admiráveis romancistas, nos seus eloquentíssimos oradores, mas sobretudo nos seus poetas, tem atingido uma altura que honra e glorifica não só aquele grande país, mas a própria língua portuguesa. (Apoiados).

Talvez alguns dos Srs. Senadores que aqui se encontram tenham proventura tido, como eu, a boa fortuna, o supremo encanto de assistir a uma conferência que no Teatro de S. Luís realizou, em Abril de 1916, o grande poeta brasileiro Olavo. Bilac, e cá qual presidiu outra glória da nossa mesma língua, o grande poeta português Guerra Junqueiro. Pois a admirável conferência de Olavo Bilac, se foi uma entusiástica glorificação do Brasil, foi tambêm um verdadeiro hino de amor e de fé, em honra da nossa raça, da nossa língua, das duas pátrias eternamente irmãs.

No nosso limitado conhecimento do Brasil, até ignoramos quanto devem a literatura e a história portuguesa aos seus homens mais notáveis.

Ainda há poucos dias deu entrada na Biblioteca da Faculdade de Letras, de que tenho a honra de ser director, um livro-intitulado Discursos e Conferências, pronunciados em inglês por Joaquim Nabuco, ao tempo embaixador do Brasil nos Estados Unidos da América do Norte. E quere V. Exa., Sr. Presidente, saber qual o assunto que o imortal campeão do abolicionismo no Brasil, que o maravilhoso artista da palavra, que, alêm da própria língua, possuía tambêm admiravelmente o francês e o inglês, tomou para tema das conferências que abrem o livro, e que foram feitas perante três das mais celebradas Universidades Norte-Americanas? Camões e a sua obra, como poeta épico e como poeta lírico, foi o assunto versado em todas elas; e nada mais comovente, mais consolador para o nosso coração de portugueses, do que o persistente e generoso empenho de Nabuco em chamar a atenção de estranhos para a figura primacial da nossa literatura.

Foi exactamente para que o Brasil fôsse melhor conhecido, que a Faculdade de Letras de Lisboa teve a honra de propor, há dois anos, ao Govêrno, a criação de uma cadeira especial de estudos brasileiros. O projecto foi trazido ao Parlamento e aprovado pelas duas Câmaras.

Na minha faculdade existe, portanto, legalmente estabelecida, uma cadeira de estudos brasileiros, assim denominada, porque não é apenas uma cadeira de história do Brasil, da sua literatura, da sua arte, mas uma cadeira onde simultaneamente se estudem todas as manifestações da vida brasileira, desde as suas condições geográficas e étnicas, até a sua agricultura, ao seu comércio, a sua indústria, as características essenciais do seu progresso.

Para professor dessa cadeira foi escolhido, por eleição unânime da Academia de Letras do Brasil, um antigo Ministro daquele país, o Sr. Dr. Miguel Calmon, político e scientista de larga envergadura, que aceitou gostosamente o encargo para honra da Universidade Portuguesa, que assim ia ter, entre os seus membros, um dos mais ilustres homens de Estado do Brasil.

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