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6 Diário das Sessões do Senado

nós, os monárquicos, entendíamos, e cada vez mais convencidos estamos, que a realização dêsse alto pensamento político só era possível com a restauração do regime monárquico, ao passo que o Sr. Dr. Sidónio Pais entendia, e propôs-se demonstrar praticamente, que o podia ser com o regime republicano.

Era uma tentativa honesta e patriótica e por tal forma só impôs à consideração do país, pela maneira sincera, lial e generosa como foi iniciada, que os monárquicos não duvidaram prestar ao Sr. Dr. Sidónio Pais toda a colaboração e apoio que era possível e compatível com o seu decoro e dignidade política (Apoiados).

E se, Sr. Presidente, neste, hora amarga de luto e dor nacional, algum sentimento, não de alegria porque a não podemos ter, mas de consolação e conforto nos eleva o espírito, é o que resulta de, consciência que temos de que nem um só momento desfalecemos na prestação dêsse apoio (Apoiados).

Circunstância esta que noto, Sr. Presidente, não para elevar-nos ou engrandecer-nos no conceito do público, mas apenas para constatar que à nossa constância, persistência e tenacidade, na prestação do apoio prometido, correspondeu sempre, por parte do infortunado Presidente, a mesma constância, perseverança e firmeza na defesa e sustentação da orientação e princípios que nos uniam. (Apoiados).

Nesse pôsto de combate, onde tam galhardamente implantou o seu perdão político, acaba, Sr. Presidente — e, ai de nós, para sempre! — de ser fulminado por um braço traiçoeiro e assassino, o Sr. Dr. Sidónio Pais.

Parece que ao destino aprouve que essa grande figura moral ficasse una e íntegra na história, não consentindo que as injúrias do tempo e do insucesso pudessem apoucá-la ou diminuí-la na sua grandeza e prestígio, antes preferindo lançá-la de golpe na algidez da morte, mas na plena radiação e brilho da sua gloriosa popularidade! (Apoiados).

Os monárquicos portugueses inclinam-se piedosamente, confrangidos ante o ataúde onde repousa a mais nobre, mais simpática, mais cavalheiresca e gentil figura da política republicana de Portugal, dominados por um sentimento profundo e
complexo, pois o é, ao mesmo tempo, de dor, amargura e tristeza e de repulsa, indignação e vergonha!

De vergonha, sim, Sr. Presidente, por vermos que a sociedade portuguesa, na sua enorme maioria, na sua quási totalidade ordeira, pacífica e legalista, continui, ante o olhar atónito do estrangeiro, a dar o espectáculo miserando de ainda não ter conseguido dominar, reduzir à impotência ou expungir de si uma insignificante minoria, mesquinha e reduzidíssima pelo número, mas tam bárbara, despótica e cruel nos seus processos, que há longos anos nos traí: envolvidos na mais completa desordem e anarquia, manchando a cada passo a luminosidade e a pureza da nossa história com a prática dos mais repugnantes e odiosos atentados. (Apoiados gerais).

Tenho dito.

Vozes: — Muito bem! Muito bem!

O Sr. Pinto Coelho: — Sr. Presidente: associo-me com a mais profunda comoção ao voto de sentimento por V. Exa. proposto.

É Portugal, principalmente hoje, um país pobre ou empobrecido sob vários aspectos.

Creio não melindrar ninguêm dizendo que a sua principal pobreza é em homens.

Fez-se uma revolução em 1910.

Nestas surribas profundas no solo dum país, que ordinariamente são as revoluções, há a legítima espectativa de que aflorem à superfície camadas novas e que surjam, pois, novas competências.

A revolução de 1910 foi, a tal respeito, infelizmente estéril.

Não assim a de 1917.

Essa, senhores, produziu um homem.

Um homem com uma tal estatura para ser chefe, que todos nós, sem o mínimo esforço, antes com o mais espontâneo respeito, como chefe o acatávamos e venerávamos.

Eis porque o crime, que nós todos hoje aqui estigmatizamos horrorizados, me aparece como um dos maiores crimes que neste momento podiam ser cometidos contra a pátria portuguesa.

Vozes: — Muito bem.