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Sessão de 7 de Junho de 1920

blicana. Não é, pois, com discursos que se pode prestar homenagem à sua memória, é seguindo o exemplo do honradíssimo português.

O orador não reoiu.

(j Sr. Melo Barreto:—E com verdadeira comoção que me associo, em nome do Partido da Éeconstituição Nacional, ao voto de sentimento proposto pela morte do Sr. Presidente do Ministério.

Em qualquer conjuntura, o desaparecimento do republicano insigne e do cidadão exemplar, que foi o Sr. coronel António Maria Baptista, seria motivo Je profunda mágua, para mim, como para o Partido a que me honro de pertencer — mas as circunstâncias, tragicamente impressivas, em que esse desaparecimento se produziu, tornam mais intensa, ainda, a sensação de dor que essa morte, inesperada, determinou e que as minhas palavras mal conseguem exteriorizar.

Homem de princípios e homem de acção, austero, pundouoroso c decidido -espírito iluminado por es^a fé ardente nos destinos da pátria bem amada sem a qual ninguém pode caminhar com firmeza na vida pública — o Sr. coronel António Maria Baptista foi uma figura de alto relevo na República prestando-lhe, em todos os campos, serviços de excepção. Soldado valoroso, o seu nome fica ligado à epopeia das armas portuguesas- na grande guerra, em que o Parlamento de Portugal — a que ele pertencia quando partiu para França— teve unia representação de combatentes, numerosa, luzida e heróica. Ministro, quer em 1919, gerindo a pasta da Guerra, quer em 1920, no Ministério da sua presidência, nunca a sua acção se norteou por outro objectivo que não fosse o bem do país, alvo dos seus anelos constantes o razão de ser da sua fecunda actividade de homem, público.

António Maria Baptista morreu no seu posto de honra, «precisamente como Pri-netti, o grande estadista italiano, o Ministro dos Negócios Estrangeiros do Gabinete Zanardelli, que uma congestão fulminou, também, em pleno Conselho de Ministros, depois de realizada, por uma admirável política de equilíbrio internacional, a obra do seu sonho máximo de patriota: a aproximação dos franceses e italianos, que pouco antes se agrediam

na imprensa e se espingardeavam na fronteira, e a entente com a Inglaterra para a resqlução da questão do Mediterrâneo.

E, para o saudoso Presidente do Ministério essa morte não foi menos gloriosa do que se uma biila o tivesse prostrado num dos combates da Flandres, ou num dos lances da jornada épica de Monsanto; em que a sua alma de republicano e de soldado viveu horas da mais febril intensidade.

Em nome do Partido Reconstituinte— e em meu nome pessoal.—como amigo, que me honro de ter sido, do Chefe do Governo e como seu colega no Senado — saúdo, respeitosamente, comovidamente, a memória do português, por todos os títulos ilustre, que foi o Sr. coronel António Maria Baptista.

Termino, propondo, que a sessão seja levantada, em sinal de sentimento, pela morte do Sr. Presidente do Ministério.

O Sr. Celestino de Almeida: — Entrou António Maria Baptista para o Governo, entendendo que era do seu dever entrar.

Durante a sua vida no Ministério, por vezes o ^ imos abatido, fraco de forças.

Os seus amigo-s pessoais disso o advertiram, mas, com aquela simplicidade que lhe era própria, respondia que estava cumprindo o seu dever, e o havia de cuni--prir eniquanto tivesse forças.

E assim foi, por que só saiu do Governo quando a morte o fez sair.

Era duma grande simplicidade em todes os actos da sua vida, e até com as armas na mão, nos campos de batalha onde se defendia a pátria, e nos campos de batalha onde se defendia a iclea republicana, tudo isto fazia António Maria Baptista com simplicidade, como se fizesse uma cousa natural e comezinha.

Não é isto muito vulgar, para não dizer que é raríssimo.

Para António Maria Baptista, o cumprimento do dever resultava uma cousa simples, porque era o seu ser íntimo que o levava a proceder dessa maneira. Em toda a sua vida de homem público, como cidadão e como soldado, teve sempre esta maneira de proceder.