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Diário das Sessões do Senado

Sr. José Pontes, pelo falecimento de sua filha.

Associo-me igualmente ao protesto de respeitosa homenagem ptlos dois homens que eu tanto tive a honra de conhecer no trato não só da vida pública mas da vida política. Eu tive *a honra de ser companheiro de ministério tanto do Sr. Neuparth como do Sr. Portugal Durão.

O Sr. Portugal Durão era um dos brilhantes companheiros do nosso sempre • querido e chorado almirante Reis.

Quando fizemos a apreensão dos barcos alemães, o problema da sua administração era extremamente difícil.

Não foi possível logo fazê-la como a República quere e deve fazer sempre. Era preciso achar-se alguém.

Esse homem foi Portugal Durão, o dentro em pouco a administração dos Transportes Marítimos do Estado não só fazia o seguro dos próprios barcos, o que era uma demininção enorme de encargos para o Estado, mas dava mesmo um saldo líquido importantíssimo.

Lembrando-me dessa administração eu não posso deixar de muito dosoladamente lamentar quê esse homem não continuasse ainda por muito tempo à frente daquele serviço, essencial num país marítimo e colonial como o nosso. • Muitos apoiados.

Foi pensando nessa necessidade que nós, efectivamente, nos devotámos de todo o coração a organizar uma frota que pudesse pôr-nos em constante comunicação não só com as nossas colónias, mas também com o Brasil, onde existem tantos núcleos dos nossos emigrantes.

O naufrágio dos Transportes Marítimos do Estado, tonho disso bem a certeza, foi uma das. causas que mais influíram no ânimo de Portugal Durão para lho causarem o entristecimento em que muitas vezes o vi nos últimos tempos.

Olhar para o nosso Tejo e não ver ali, não só os barcos ex-alcmães como os ex- . -íiustríacos que ainda ali não se encontram, entristece -porque a sua existência seria o documento mais frisante da vitória da República Portuguesa ao lado de outras nações democráticas. Foi, Sr. Presidente, para Portugal Durão motivo de profunda mágoa e foi-o também para nós para que essa perda representa um mal inolvidável.

Tive em 1921 de constituir Governo e, então, um dos homens que imediatamente fui procurar foi Portugal Durão.

Esta prova de consideração de que lhe dei provas durante a vida quero ainda hoje assinala Ia como sendo sempre justíssima porque ninguém mais do que S. Ex.a a mereceu.

A falta que nos faz quando olhamos para o momento que o mundo atravessa, momento em que se tem de fazer não só a reparação dos danos passados mas ainda de assegurar o nosso futuro, homens daquele vulto fazem uma falta sensível h nação.

Sr. Presidente: Augusto Neuparth era um outro companheiro meu.

Quantas vezes Augusto Neuparth, no meio de discussões e diatribes, no período da nossa intervenção na guerra, foi envolvido em apreciações injustas que eu mais do que uma vez tive de levantar.

Eu conheci-o desde muito novo e tivo ensejo de avaliar o seu espírito democrático, o seu acrisolado civismo.

Rapazes, fundámos em Lisboa uma academia livre ou, como hoje se diz. uma universidade livre e ole começou logo a afirmar os seus talentos e a sua devoção à causa popular.

Companheiros nessa campanha educativa, quando eui 1914 constituí Governo tive a honra de o convidar para assumir a pasta da Marinha.

Declarámos a nossa intervenção na guerra, e mais do que uma vez o seu nome íoi lançado, como sendo efectivamente quási que um motivo de suspeita, sobre a sua devoção patriótica.

Sr. Presidente: eu posso ainda hoje dar aqui assim ò documento do seu inquebrantável lealismo; até nos mínimos incidentes da vida pública de então, ele afirmou sempre quanto estava adicto à causa dos aliados, à causa das democracias, à causa da liberdade.

Recordo-me de que, tendo ancorado no Funchal uma frota inglesa, o capitão do porto hesitou pelo escrúpulo da sua responsabilidade sobre a demora que poderia conceder-lhe. Avisado pelo governador civil desta hesitação, falei com Augusto Neuparth e foi de acordo pleno com ele que eu mandei a resposta: — a frota que se demore o tempo que precise.