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Apêndice da sessão legislativa de 1925-1926

E um costumo na nossa terra, não se fazer caso das leis, o que dá em resultado a anarquia mansa mas perigosa.

Se o Poder Central tivesse feito muito bons serviços e tivesse as estradas em muito bom estado, a reclamação que acabo de fazer não tinha muita razão de ser, mas o Governo tem desprezado as estradas por completo, estando-se .agora a proceder à reparação de algumas delas pelo sistema antigo, que foi inventado pelo engenheiro escocês Mac-Adam.

E preciso atender, Sr. Presidente, qae este processo não servo actualmente para nada. Tem de ser modificado ou melhorado, pois a viação de hoje ó muito diversa da de outros tempos.

E evidente que .a estrada que foi cons--trnída para aguentar .uma tonelada não pode suportar 4 ou 5.

Actualmente há viaturas em serviço nas estradas com mais de 5 toneladas e percorrem o seu trajecto com grandes velocidades, o que exige uma resistência muito maior do que as antigas. Construindo, pois, as estradas por este processo, não .se consegue um bom resultado.

Há poucos anos houve um congresso sobre este assunto em Londres, e mais modernamente outro em Sevilha.

Ficou assente nesses congressos que as estradas deviam sor modificadas exactamente para resistirem à tracção mecânica, devendo-se atender não só ao peso da viatura como também ao facto de pelo efeito da velocidade haver uma espécie de sucção que vai desagregando as camadas superiores e conseqúentemente arruinando as estradas.

Não se fazendo pois uma estrada no sentido de a tornar resistente, não tendo poeiras de verão, nem lama de inverno, que ó precisamente o contrário do que entre nós sucede, não se consegue nada de bom resultado.

Nesse congresso de Sevilha apareceu um engenheiro americano com um sistema de aparelhos para a reconstrução das estradas. Todos esses mecanismos eram de uma insignificância em relação ao valor do trabalho que produziam.

Ora se V. Ex.a ordenasse a aquisição de uma colecção desses aparelhos para se fazer uma estrada, como por exemplo a de Lisboa a Cascais, ela duraria imenso

tempo, pois as estradas francesas que são construídas por este processo já têm mais de sete anos e ainda não tiveram reparação alguma.

Como V. Ex.as vêem as estradas ficam assim muito mais económicas do que as construídas por qualquer outro processo. Isto ó qao ó necessário que se faça, e V. Ex.a, Sr. Ministro do Comércio, que é um ponderado administrador e que se interes-,sa por tudo quanto traga benefício para a nossa terra, estou certo que se há-de empenhar por resolver esto grave assunto da melhor forma.

Se isso não se fizer, o dinheiro destinado à construção de estradas será preferível dá-lo aos pobres para tomarem umas sopas.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Gaspar de Lemos) (interrompendo):— V. Ex.a sabe que há uma lei que manda fazer as camadas de brita com 23 centímetros, pois agora estão-se fazendo com 32 centímetros, o que aumenta a resistência sem dúvida. Mas não podemos empregar processos modernos porque não temos dinheiro para isso; no emtanto algumas estradas já estão em reparação e outras em concurso para empreitadas, mas o que ó necessário é que o Parlamento habilite o Ministério do Comércio com a verba necessária para reparar as estradas, ou sejam 240:000.000$ e mais 400:000.000$ que são necessários para a construção da rede projectada.

Se o Parlamento habilitar agora o Governo com 60:000 contos já alguma cousa de útil se poderá fazer.

O Orador: — Se V. Ex:a apresentar qualquer medida nesse sentido ninguém lhe regateará um centavo.

Folgo muito em que as cousas estejam nesse pé e que seja V. Ex.a o iniciador dessa obra moderna.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (aparte): — Eu não fui o iniciador dessa obra.

O Orador: — Mas pelo menos ainda nenhum Sr. Ministro aqui trouxe esse assunto.