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Diário das Sessões ao Senado*

Empresa Insulana de Navegação, porque os vapores da Empresa Nacional fazem um serviço simplesmente mau, embora os seus preços de passagens sejam ainda um pouco mais elevados do que os da Insulana.

Eu, que agora tomei passagem para Lisboa no vapor Lourenco Marques, antigo vapor alemão, tive ocasião de ver e experimentar quanto são deficientes todos os serviços, quanto deixa a desejar aquilo que se passa a bordo dos vapores da Empresa Nacional, desde o que respeita à comodidade dos passageiros até ao serviço do pessoal o à singularidade da mesa.

Tudo é mau, ou antes, tudo é péssimo.

E note V. Ex.a, Sr. Presidente, que eu vinha a bordo de um vapor a que, pomposamente, crismam do rápido, mas que, com mar bom, gastou do Funchal a Lisboa 50 horas de viagem, ao passo que um bom vapor inglês ou alemão não demora além de 36 horas!

Eu lamento, como português, não poder vir aqui fazer o elogio dos serviços das nossas empresas de navegação, antes ter que protestar contra aquilo que os passageiros suportam, exactamente porque a concorrência hoje ó deminuta pelo quási desaparecimento da navegação estrangeira.

Os passageiros nas cablnes precisam de tocar muitas vezes para que lhes apareça alguém.

A comida ó péssima e os menus chegam até a apresentar a singularidade de na mesma refeição haver um'prato de carneiro e outro cíe cabrito, sem qualquer outra caras, muito embora o vapor tivesse acabado de tocar no Funchal onde de tudo se podia abastecer.

A fruta, ordinaríssima, do uma só qualidade a cada refeição, cabendo um só fruto a cada passageiro.

E como nota bem elucidativa direi que, tocando os vapoivs da Empresa Nacional nos portos de África onde 'há o melhor café português a preços baratíssimos, a bordo fornecem aos passageiros um infuso preto em quo o café só entra em •percentagem insignificante!

Para coroar a viagem, lançaram, após o vapor ter encostado, uma prancha à amurada do cais, prancha única para os passageiros de todas as classes e para a condução dos volumes de camarote !

Para lá se dirigiram todos, o depois de-estarem cerca de uma hora de pé e empurrados uns pelos outros, sem que permitissem o desembarque, nem tam pouca explicassem o porquê da demora, a prancha foi de novo levantada e passada para o lado oposto !

Para aí foram de novo os passageiros,, mas como a prancha desse lado ficasse a mais de um metro de alto do convés do-navio, amarraram-lhe um qualquer escadote, que ficou a baloiçar, tendo de marinhar .por lá fora, em condições cómico--perigosas, as próprias senhoras !

Chega isto a ser inacreditável e impró- , prio do um porto civilizado.

Quando os passageiros desciam, a. prancha quebrou-so a meio, e, se não-fosse o vapor estar muito encostado à. muralha, parte dos L passageiros teriam, caído ao Tejo!

Diante desta narrativa fidedigna, não é-de mais salientar que a navegação portuguesa, beneficiada com um exclusivo de-carga para as Bilhas, não se esforça por melhorar os seus serviços, antes abusa perante a falta de concorrência que tanto-prejudicou a Madeira, som afinal beneficiar, ao menos os que são obrigados a viajar.

O Sr. Álvares Cabral:—Com a Empresa Insulana não acontece o mesmo.

O Orador:—Eu comecei por dizer qua a Empresa Insulana era melhor do que a Nacional., mas ainda assim não tem uni: serviço quo se iguale aos vapores estrangeiros. Em todo o caso satisfaz, o é um pouco mais barato.

Nós madeirenses protestámos contra o* malfadado decreto, mas não fomos atendidos.

Eu compreendo que as nossas circunstâncias sejam diferentes daquelas em que se encontra o arquipélago dos Açores, o que, portanto, só chocassem as mútuas-pretensões.

O erro, porém, foi atender ao que os Açores reclamavam, sem respeitarem a nossa situação, sem olharem às condições-especiais em que só encontra a Madeira..